A UE e o Algarve/Alentejo

As Eleições Europeias do dia 25 de maio mostram a insatisfação do eleitor com a atual União Europeia (UE). Só […]

As Eleições Europeias do dia 25 de maio mostram a insatisfação do eleitor com a atual União Europeia (UE).

Só quem se deu ao enorme trabalho de com cuidado ler os Tratados de Roma, Maastricht e Lisboa, percebe o porquê da recessão nos países periféricos. Houve um domínio das forças “ocultas”, do lóbi da grande banca alemã, francesa e britânica, que transferiu o poder político para o económico e deste para o financeiro.

Quais dos três objetivos centrais da UE foram alcançados? Primeiro, inovação para o crescimento? 2º, tornar a Europa mais atrativa para o investimento e o trabalho? 3º, melhores empregos com coesão social?

A inovação deu-se sobretudo para racionalizar a produção e aumentar os lucros de poucas gigantescas empresas ou vender gadgets com opções raramente usadas.

Ao contrário do objetivo, o investimento em produção saiu da Europa mais do que entrou e o desemprego disparou.

A pouca coesão social que havia, caiu, e as assimetrias entre os países e as populações ricas e as pobres, aumentaram.

A crise do Euro comprova como as finanças passaram a dominar o poder político. E os 73% de abstenções, brancos e nulos comprovam que a UE fracassou.

Mas, a detalhada análise de cada região da UE mostra que algumas, periféricas e ultraperiféricas, progrediram. É o caso da Finlândia, Dinamarca, Suécia e Canárias. O mesmo ocorreu nos EUA, onde a média do progresso não entusiasmou, mas alguns estados distantes dos centros mais divulgados, progrediram, nomeadamente o Delaware, Michigan e Kentucky.

O segredo? Elevada autonomia, ou seja, REGIONALIZAÇÃO!

Esta palavra, tão usada há décadas, permitiu à Dinamarca e à Finlândia exigir da UE algumas exceções às normas gerais, para salvaguardar os seus interesses económicos.

Suécia e Dinamarca, por exemplo, estão na UE mas não no Euro. Para impedir a independência total das Canárias, Espanha deu-lhe elevada liberdade, até mais do que algumas regiões autónomas do continente.

Diz-se que a regionalização agora é um tema tabu, devido à austeridade. Eu afirmo ser o contrário. Não há melhor forma de racionalizar a burocracia e aumentar a produtividade do que passar todos os recursos ministeriais, funcionários e bens, para a região. Já temos organismos, como o do Turismo, que poderiam, sem aumento de custos, tornar-se o governo regional, por votação dos eleitores diretamente para o seu conselho.

Sem verbas próprias, as Direções Regionais arrendariam ou venderiam os milhares de imóveis que possuem. E ainda os carros topo-de-gama e muitas camionetas e deixar os chefes, como todos nós e como na Alemanha, usar o transporte público ou a sua própria viatura.

O mais fácil contacto entre o IEFP e as associações locais permitiria oferecer curtos cursos práticos de empreendedorismo e coaching para dois terços dos chefes da burocracia. Eles são bons profissionais e conhecem muitos estrangeiros, basta despedi-los e deixá-los vender os seus serviços à Europa e aos PALOPs.

Assim, indago se não seria altura de, ao reconhecer o fracasso da Troika e da UE, exigir a autonomia regional do Alto Alentejo, Alentejo e Algarve, na Região Sul, batizada de A-land. Ganharia logo um AAA da Fitcher, agência de rating.

YES, WE CAN – TOGETHER!!!

 

Jack Soifer é autor dos livros «Como sair da Crise», «Transportes», «Portugal Rural», «Algarve/Alentejo – My Love» e «Ontem e Oje na Economia»

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