Fábrica do Inglês e Museu da Cortiça vão hoje a leilão

O complexo da Fábrica do Inglês, que inclui o Museu da Cortiça, fechados desde 2009, vai a leilão esta sexta-feira, […]

O complexo da Fábrica do Inglês, que inclui o Museu da Cortiça, fechados desde 2009, vai a leilão esta sexta-feira, dia 30, às 14h30, pelo valor base de licitação de 2.238.000 euros.

O leilão, promovido pela empresa Leilosoc, integra-se no processo de insolvência da empresa Fábrica do Inglês Gestão de Empresas Imobiliárias e Turísticas SA, proprietária dos edifícios da antiga fábrica de cortiça, transformados em 1999 num complexo de restauração e lazer, incluindo, numa das suas alas, o Museu da Cortiça, que seria galardoado em 2001 com o prémio Luigi Micheletti.

Sem dinheiro para comprar os edifícios – que totalizam 5400 metros quadrados de área total e 3200 metros de área coberta – a Câmara Municipal de Silves está disposta a adquirir, em leilão, o espólio do Museu da Cortiça.

«Pretendemos adquirir o espólio. É nossa decisão fazê-lo», garantiu a presidente da Câmara Rosa Palma, em declarações ao Sul Informação.

A autarca acrescentou, porém, que «o espólio do Museu da Cortiça só tem sentido naquele local», pelo que a autarquia pretende depois «entrar em concertação com quem comprar o edifício, para tentar manter o espólio ali e reabrir o museu».

Depois de, em maio de 2012, ter sido retirado, para o Arquivo Distrital do Algarve, o arquivo documental que remonta ao século XIX, que fazia parte do seu espólio, o espaço museológico ainda integra exemplares únicos a nível mundial de máquinas para transformação da cortiça.

Em Junho de 2013, a Fábrica do Inglês já tinha sido colocada pela Autoridade Fiscal e Aduaneira (Finanças) em hasta pública, mas esta operação foi anulada pelo pedido de insolvência apresentado pelo próprio Grupo Nogueira, que em 2012 comprou as empresas do antigo Grupo Alicoop/Alisuper.

Com a falência da empresa pertencente ao antigo grupo Alicoop/Alisuper, o Museu da Cortiça encerrou em 2009, dez anos depois da sua inauguração. A Fábrica do Inglês, que integrava o espaço museológico e ainda diversos restaurantes, esplanadas e jardins, resultou da recuperação e transformação da centenária fábrica Aven, Sons & amp; Barris.

O Museu da Cortiça foi distinguido em 2001 com o prémio Luigi Micheletti, como o melhor museu industrial da Europa, recebendo nesse ano mais de 100 mil visitantes.

Em 2012, a 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, e também dia do terceiro aniversário do fecho do espaço museológico, o antigo diretor do museu Manuel Castelo Ramos, com alunos seus da Escola EB 2,3 Dr. Garcia Domingues, outros professores e pessoas da terra, promoveu uma operação de limpeza das ervas e dos detritos acumulados.

Na altura, Manuel Castelo Ramos disse ao Sul Informação: «Não queremos que o processo de insolvência em que a Fábrica do Inglês está impeça a reabertura deste Museu e, sobretudo, não queremos que leve à dispersão deste património. Até porque muito do que está aqui pertencia de facto à Fábrica do Inglês, mas também houve muitas doações de pessoas de Silves».

«O futuro do museu também terá de ser o que as pessoas, os silvenses, quiserem que seja. Mas para isso é preciso que, seguindo o exemplo destes jovens estudantes, as pessoas se envolvam. Mais dia, menos dia este museu terá de ser reaberto», afirmava, esperançado, Manuel Ramos, em maio de 2012.

Dois anos depois, em maio de 2014, o Museu e todo o complexo da Fábrica do Inglês vão a leilão, não se sabendo qual o destino dos edifícios, nem sequer do espólio museológico, apesar da firme intenção da Câmara Municipal de Silves de o adquirir.

 

 

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