«Nour Eddine», «Debademba», Primitive Reason e Dino d’Santiago no Festival MED

«Debademba» (Mali), «Nour Eddine» (Marrocos), Dino d’Santiago (Cabo Verde/Portugal) e Primitive Reason (Portugal) são mais quatro artistas que irão participar […]

«Debademba» (Mali), «Nour Eddine» (Marrocos), Dino d’Santiago (Cabo Verde/Portugal) e Primitive Reason (Portugal) são mais quatro artistas que irão participar no Festival Med de 2014, que vai decorrer no casco histórico de Loulé de 25 a 28 de junho. A Câmara de Loulé, que organiza o evento, anunciou mais nomes esta quarta-feira e levantou um pouco mais o véu sobre o cartaz do festival, há muito fechado.

No caso de Nour Eddine, trata-se de um regresso, já que o cantor e multinstrumentalista marroquino esteve na primeira edição do MED, em 2004. O músico, que é um dos artistas magrebinos mais admirados no panorama internacional da World Music, fixou a sua residência em Itália e tornou-se um cantor e autor de vários trabalhos sobre o deserto e sobre o Mediterrâneo. Nour Eddine atua dia 27 de junho, no Palco da Cerca.

Já os «Debademba» juntam o virtuoso guitarrista Abdoulaye Traoré, o cantor maliano Mahamed Diaby e outros músicos africanos parisienses, para tocar música moderna e animada. «Tocam todo o tipo de músicas da África Ocidental e são embaixadores de cruzamentos universais, que misturam as influências tradicionais com o jazz, blues, funk, salsa e rock», descreve a organização. O grupo do Mali vai atuar no Palco da Matriz, a 26 de junho.

A Câmara de Loulé vai igualmente apostar na prata da casa e chamará ao Palco do Castelo o louletano Dino d’Santiago. O luso-cabo-verdiano, nascido no concelho e onde ainda reside, foi recentemente premiado com dois Cabo Verde Music Awards. Atua no dia28 de junho.

Também de cá, mas habituados a tocar em vários pontos do mundo, são os «Primitive Reason», formação que comemora em 2014 os 20 anos de existência, que fizeram dela uma referência, dentro e fora de portas. A banda portuguesa, que se inspira em estilos como ska, rock, reggae e funk, vai subir ao Palco do Castelo no dia 26.

Para além destas quatro bandas, Gisela João (Portugal), Mercedes Peón (Espanha), Bomba Estéreo (Colômbia), Celina da Piedade (Portugal), Jupiter&Okwess International (Congo) e Turtle Island (Japão), Bombino (Níger), Graveola e o Lixo Polifônico (Brasil) e Winston McAnuff & Fixi (Jamaica/França), Jahcoustix (Alemanha), La Selva Sur (Espanha) e Batida Balkanica (Portugal) são os nomes já anunciados e que vão estar no Festival MED, onde a «World Music» é celebrada.

 

Os artistas:

DEBADEMBA (MALI)

Debademba nasce da reunião do virtuoso guitarrista Abdoulaye Traoré e do cantor maliano Mahamed Diaby. Debademba significa “grande família” em Bambara, língua nacional do Mali.

A dupla reúne-se a outros músicos africanos parisienses para tocar música moderna e animada, tocam todo o tipo de músicas da África Ocidental. Embaixadores de cruzamentos universais misturam as influências tradicionais com o jazz, blues, funk, salsa e rock.

Durante anos, Debademba foi um dos segredos mais escondidos do panorama musical parisiense. É por meio de concertos arrebatadores a partir do Olimpyc Café, ao Katé Blue passando por eventos de música na área de Sainte Marthe, sempre com salas lotadas, esta “grande família” (como Debademba disse em Bambara), que as pessoas começaram a falar sobre eles.

A banda teve um início bem-sucedido com o lançamento do seu primeiro álbum, em 2011. Em 2013 lançam o seu segundo álbum de nome “Soleymane”.

Natural de Burkina Faso, Abdoulaye Traoré começou a viajar pela África Ocidental no início de 1990, conta com colaborações com grandes nomes da região, incluindo Victor Deme e Les Go de Koteba.

Em 2001, esses encontros trouxeram-no à Europa, e coroaram-no de glória e reconhecimento pelo seu talento. É um artista virtuoso do violão e guitarra e domina uma ampla gama de géneros musicais africanos, tanto como um tocador de ritmo e um solista.

O seu estilo consegue ser livre e preciso, incisivo e descontraído, o seu virtuosismo e senso de audição fazem dele um excecional o improvisador.

Em 2002, na França, forma Debademba (grande família), a fim de trabalhar nas suas próprias composições. Em Paris, colaborou com músicos de renome internacional como Fatoumata Diawara e Hindi Zahra.

Mas foi 2009 que aconteceu um encontro determinante com o jovem cantor maliano Mohamed Diaby; esta reunião é determinante para o futuro de Debademba.

Mohamed Diaby cresceu na Costa do Marfim com sua mãe, a famosa griotte Koumba Kouyaté. Educado na grande tradição dos griots do Mali, o jovem cantor foi descoberto em 2007, num programa de televisão do Mali, Case Sanga, um programa de Showcase focado no lançamento de novos talentos, que tem lugar sob o olhar atento de Oumou Sangaré.

Diaby também se tornou um griot popular em Abidjan e em Paris, durante os grandes festivais africanos.

Isso permitiu-lhe desenvolver a sua capacidade vocal extraordinária, a sua formidável capacidade de improvisação e seu senso altamente sintonizado de ter sempre pronta uma resposta musical.

Acrescentou o seu som distinto enriquecido por uma voz que é ao mesmo tempo suave e crua. O seu talento só é igualado pelo seu carisma e sua capacidade de cativar o público com uma teatralidade que traz à mente a grande tradição oral do contador de histórias africano.

A dupla também colaborou em Le Bal de l’Afrique enchantée (The Enchanted África Ball), com o grandioso Coletivo Africano Les Mercenaires de l’Ambiente (Os Mercenários de Atmosfera), um espetáculo criado por iniciativa do conhecido apresentador da rádio Inter France Soro Solo.

 

NOUR EDDINE (MARROCOS)

Extraordinário cantor e multinstrumentista marroquino de origem berbere, muito apreciado no panorama internacional da World Music. A sua música junta sons e atmosferas de profunda espiritualidade aos ritmos arrebatadores da festa ritual, quando as percussões são protagonistas absolutas: o resultado é uma envolvente cura coletiva para a mente e para o corpo. Apesar de ter nascido numa família de músicos, nunca estudou em escolas de música e tudo o que aprendeu foi-lhe dado pela família, a partir da experiência da tradição. Foi do seu pai, de origem berbere, que herdou a cultura musical das tradições Gnawa. Autor de muitas obras musicais nos estilos do deserto e do Mediterrâneo, fundou vários grupos de música, realizando concertos em vários países do mundo.

Em 1993, mudou-se para Roma, Itália, onde fundou uma associação com a intenção de difundir a cultura oral Gnawa e Jahouka. Quando começou a cantar e tocar em Itália, importou a música das suas origens e, posteriormente, incorporou esta nos sons do Mediterrâneo. Toca vários instrumentos como alaúde, percussão, guitarra, ghayta.

O seu amor pela Itália, o seu segundo país, inspirou muitos dos seus trabalhos gravados, mas foi graças ao álbum ” Coexit ” que o seu trabalho se tornou conhecido por um público maior. É o álbum da sua maturidade artística e da integração noutros estilos musicais. Durante este período, compôs várias peças com o grupo ” Trascendental ” e colaborei na criação de trilhas sonoras para filmes como ” Il Bagno Turco “, que ganhou um Globo de Ouro , ” Marilyn e Elvis”, ” El Alamain ” e ” L ‘ Appartamento ” . A sua paixão pelo cinema fez com que fizesse um documentário “Sound of Marocco “, produzido pelo Instituto Luce, e que foi baseado na minha vida como imigrante e sobre a música de Marrocos.

Foi o primeiro compositor muçulmano que levou a sua própria música para os arquivos de música clássica do Vaticano. Em 2009, participou no trabalho internacional ” Alma Mater ” , para a qual o Papa Bento XVI empresta sua voz . A sua composição ” Advocata Nostra ” foi selecionada para o Prêmio Clássica Londres 2010, e em Londres deu-lhe a oportunidade de entrar em Westminster, onde trabalhou com a Royal Philharmonic , e obteve um contrato com a Universal Londres para a publicação da obra ” Alma Mater ” .

Em 2011, fundou a ” Orquestra Primavera Árabe “, que apresentou pela primeira vez em Valderice, Sicília.

 

DINO D’SANTIAGO (CABO-VERDE/PORTUGAL)

Claudino de Jesus Borges Pereira – Dino d’Santiago – nasceu há 30 anos, em Quarteira. O mais velho de três filhos, desde cedo se habituou a assistir aos ensaios dos coros que os seus pais, catequistas, ensinavam. A música corria-lhe nas veias, mas durante grande parte da sua adolescência, quis ser pintor.

Se o acaso existe, Dino cruzou-se com ele no dia em que foi acompanhar uma amiga num casting para o programa de televisão, Operação Triunfo. Era o ano de 2003. Inesperadamente, fez o casting e foi selecionado. Acabou por ser um dos finalistas. Na música, para além dos coros, Dino trazia a experiência de um grupo de Hip Hop, os Opinião Pública, uma banda que fundou e da qual fez parte.

Num ápice, a vida mudou, e Dino, que já amava a música, abraçou-a de corpo e alma. Em 2004 fez parte da Jaguar Band, o grupo de músicos que acompanham os Expensive Soul em concertos ao vivo.

Em 2008, com o pseudónimo Dino SoulMotion, lançou o primeiro álbum a solo: “Eu e os Meus”, com a colaboração de artistas de renome como Virgul e Pacman (Da Weasel), Valete, Sam The Kid, Ângela Pais, AS2 e de Tito Paris, no tema “Mamã”.

No ano seguinte, juntou-se a Virgul (Da Weasel) e fundaram os Nu Soul Family. Com “This Is For My People”, a banda conquistou o público e venceu o prémio da MTV na categoria de Portuguese Best Act.

Consciente de que a família é o seu centro, Dino partiu à procura das suas raízes e, com o pai, aprofundou o conhecimento das suas origens, visitando a “sua” Ilha de Santiago, em Cabo Verde. O impacto foi tão forte que viria a delinear o seu caminho. Passava agora, por juntar os sons quentes africanos, ao Fado, numa fusão singular.

Definido o novo rumo e, em jeito de homenagem à sua família, o músico assumiu um novo nome artístico: Dino d’Santiago, e viajou. No regresso, trazia experiências, sensações, influências e uma maturidade que lhe permitiu mergulhar dentro de si, para melhor se poder revelar. “Eva” foi o resultado: “Este disco sou eu, é o resultado do que vejo, do que sinto. Procuro a simplicidade e o amor. É nisso que acredito”.

O disco conta com a participação do cantor cabo-verdiano Jay, no tema “Nôs Tradison” e do cantor e compositor angolano Paulo Flores, em “Pensa na Oji”. O crioulo de Cabo Verde e o português são as línguas dominantes, numa mistura perfeita de sons únicos da lusofonia.

A produção do seu novo CD conta com Sara Tavares, Jorge Fernando, Rolando Semedo, Hernani Almeida e Diogo Clemente.

Com o trabalho “Eva”, Dino D’Santiago venceu dois Cabo Verde Music Awards 2013 (CVMA), na categoria de Melhor Voz com o tema “Nôs Tradison” e na categoria de Melhor Batuku/ Kola SanJon com “Ka Bu Tchora”.

 

PRIMITIVE REASON (PORTUGAL)

Desde 1993 que brindam o seu público com uma sonoridade que cruza os estilos do ska, do rock, do reggae e do funk, sendo pioneiros e inigualáveis nesta sonoridade em Portugal. Entre 1996 e 2007 lançaram cinco álbuns de originais e dois EPs, sempre consistentes, sempre originais. Os Primitive Reason são uma banda de referência e nunca desiludiram os seus seguidores.

Para os fãs mais dedicados, a espera pelo sexto álbum de originais foi longa, mas terminou o ano passado com a edição de “Power to the People”, misturado em Nova Iorque por “Bassy” Bob Brockmann e editado através do selo da banda, Kaminari Records.

Um processo de maturação prolongado, perfeccionismo ou necessidade de tempo para fermentar a criatividade podem explicar os seis anos de espera, mas também justificam a qualidade e inspiração do novo trabalho. Sente-se que os Primitive Reason são o que sempre foram – jovens, irreverentes, contestatários, enérgicos – mas sente-se também que estão vivos e explosivos como nunca.

Já este ano, o seu concerto de celebração de 20 anos de carreira, “Celebration”, encheu o S. Jorge com um público apreciador composto já por várias gerações, bem como vários convidados especiais num espetáculo verdadeiramente único.

Os Primitive Reason fazem-se agora à estrada para continuar a digressão do “Power to the People”, com os novos singles Seeds Among the Rain, Set Your Ash Down assim como outros sucessos de sempre: Seven-Fingered Friend, Hipócrita, Kindian, entre outros.

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