«Bombino», «Graveola e o Lixo Polifônico» e «Winston McAnuff & Fixi» vão estar no Med

O nigeriano «Bombino», os brasileiros «Graveola e o Lixo Polifônico» e o grupo jamaicano «Winston McAnuff & Fixi» são os […]

O nigeriano «Bombino», os brasileiros «Graveola e o Lixo Polifônico» e o grupo jamaicano «Winston McAnuff & Fixi» são os mais recentes nomes do cartaz do Festival Med divulgados pela organização.

A Câmara de Loulé levantou um pouco mais o véu que tem coberto a programação do festival de Música do Mundo (World Music), que vai decorrer de 26 a 28 de junho no casco histórico da cidade, mas ainda há muitos segredos para desvendar.

Neste momento, são já conhecidos nove dos 40 artistas e bandas, de 16 países, que irão atuar naquele que é já considerado um dos principais eventos culturais do Algarve.

Depois de, na apresentação do evento, terem sido anunciados os nomes da fadista portuguesa Gisela João, da espanhola Mercedes Péon e dos colombianos «Bomba Estéreo», foi divulgada a presença no Med, há cerca de duas semanas, da portuguesa Celina da Piedade, dos japoneses «Turtle Island» e da formação «Jupiter & Okwess International», da República Democrática do Congo.

Omara “Bombino” Moctarin, também apelidado de “Hendrix do deserto”, sobe ao Palco da Matriz no dia 27 de junho.

«O cantor e guitarrista tuareg transporta para a música a sua vivência entre a sua terra natal, a Argélia e a Líbia», acredita a Câmara de Loulé.

Do Brasil, chega «a irreverência dos Graveola e o Lixo Polifônico». «

Esta mistura (des)pretensiosa entre o erudito, o lixo cultural, o lirismo político e a experimentação de amabilidades sonoras de uma das mais promissoras bandas brasileiras da atualidade vai estar no Palco do Castelo, a 27 de junho», acrescentou.

Quem também promete aquecer o ambiente da Zona Histórica de Loulé é Winston McAnuff & Fixi.

«Este encontro inusitado entre o “rastaman” e o homem do acordeão traz ao Palco da Cerca, no primeiro dia do Festival, os sons do reggae e o rock-musette, com outras derivações musicais que espelham a vivência de ambos os artistas», anunciou a organização.

Apesar de, neste momento, só serem conhecidos nove nomes, o cartaz está há muito fechado. A autarquia louletana, que organiza o evento, não quis, ainda assim, anunciar todos os nomes de uma vez, para manter algum suspense à volta do Festival.

Os restantes protagonistas serão anunciados faseadamente, sendo esperado para breve o anúncio de mais artistas. Para isso, a organização irá usar o site do evento e a sua página de Facebook.

Esta será a 11ª edição do Med, um evento que já ganhou o seu espaço no panorama cultural nacional e se assume cada vez mais como uma das iniciativas com maior impacto a nível regional.

Este ano, o festival volta a ter três dias e estão anunciadas novidades ao nível dos bilhetes, que não aumentarão em relação a 2013 e até poderão sair mais em conta, em alguns casos, já que se pondera a criação e um bilhete de três dias e outro para famílias.

 

Os (mais recentes) artistas:

«Bombino» (Nigéria)

Omara “Bombino” Moctarin, também apelidado de “Hendrix do deserto”, nasceu e foi criado no Níger, perto da cidade de Agadez. É membro da tribo Tuareg Ifoghas, um povo nómada descendente dos berberes do Norte de África que, durante séculos, lutou contra o colonialismo e a imposição da lei islâmica estrita. Começou a aprender guitarra graças a um destes instrumentos, que encontrou abandonado num dos exílios que, enquanto tuaregs e nos muitos conflitos com o governo do Níger, foi obrigado a fazer, com a sua família.

Na sua adolescência, quando vivia na Argélia e Líbia, os amigos de Bombino mostravam-lhe vídeos de Jimi Hendrix e Mark Knopfler, entre outros, a que assistiam vezes sem conta. Bombino trabalhou como músico e também como pastor, no deserto perto de Tripoli, passando muitas horas sozinho com os animais e praticando na sua guitarra.

Mais tarde, Bombino regressa ao Níger, onde continua a tocar com algumas bandas locais. Como o seu nome ia ganhando notoriedade, uma equipa espanhola de filmagens de um documentário ajudou Bombino a gravar o seu primeiro álbum, que se tornou um hit local. Depois de um percurso que passa pela gravação do documentário “Agadez”, de Ron Wyman, sobre a música e rebelião tuareg, que destaca a história pessoal de Bombino, e por outros discos com crescente sucesso, o guitarrista e cantor tuareg gravou um novo álbum, “Nomad” em Nashville, com o produtor Dan Auerbach, dos The Black Keys (e no estúdio deste último), que foi lançado a 2 de abril de 2013 pela Nonesuch Records e que, desde então, se mantém nos tops mundiais da música do mundo.

 

«Graveola e o Lixo Polifônico» (Brasil)

Dentro do promissor cenário de novas bandas mineiras, Graveola e o Lixo Polifónico é hoje a mais próxima de se posicionar entre as grandes da cena musical contemporânea. O grupo conta com elogiosas críticas aos seus trabalhos anteriores e um número crescente de fiéis seguidores, no Brasil e no mundo. Composto por músicos irreverentes e atrevidos, os Graveola produzem uma colagem musical instigante. Eles representam e defendem a estética do plágio e fazem humor, levado a sério, ao misturar o sofisticado com o popular a ponto de os tornar indistinguíveis.

Ao batizar o seu segundo disco como “Eu preciso de um liquidificador”, o Graveola revela mais uma vez a vontade da banda, de misturar cada vez mais elementos na sua massa sonora. Surgem em 2004 e, desde então, versam a arte da mistura (des)pretensiosa entre o erudito, o lixo cultural, o lirismo político e a experimentação de amabilidades sonoras. A agenda da banda não é exclusivamente musical, é também fortemente pautada por questões políticas e ações populares, principalmente ligadas ao acesso aos bens culturais da sua cidade, Belo Horizonte e á democratização do uso do espaço público. “É preciso desafinar o coro dos contentes. Somos corações e mentes que pulsam, sentem, fazemos parte de um mesmo lugar. Façamos!”, defende Yuri Vellasco, baterista dos Graveola.

 

«Winston McAnuff & Fixi» (Jamaica/França)

O encontro entre o típico “Rastaman” de barba grisalha e o homem do acordeão, com um ar jovial, que não larga o seu boné. Mas para definir os dois, é melhor deixar para trás todos os estereótipos pois ambos não são facilmente identificados. Aos 55 anos, o homem apelidado de “electric dread” pela sua energia esfusiante em palco, tem um percurso importante na história do roots reggae, quer em nome próprio, quer como vocalista os Inner Circle ou ainda como compositor para artistas como Hugh Mundell e Earl Six.

Em França, há cerca de uma década, viu a sua carreira tomar um novo rumo, com a reedição pela editora Makasound de vários dos seus antigos discos e parcerias inesperadas em novos álbuns. Um deles, “Paris Rockin”, de 2006, foi gravado com o grupo de rock-musette Java, onde conheceu Fixi, acordeonista, baterista, pianista, arranjador, produtor, entre outras competências. A química entre os dois foi imediata, nascendo assim esta experiência musical. O reggae e o rock-musette são os eixos naturais, mas também há derivações pela soul, pelo afrobeat, pelo maloya da ilha Reunião e por ritmos sul-americanos.

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