Reitor encontrou a Universidade do Algarve em Castro Marim

O reitor da Universidade do Algarve (UAlg) António Branco esteve esta terça-feira em Castro Marim para estreitar as relações entre […]

O reitor da Universidade do Algarve (UAlg) António Branco esteve esta terça-feira em Castro Marim para estreitar as relações entre a instituição e aquele concelho do Sotavento algarvio. Lá, descobriu que já há muitas linhas por onde começar as pontes que a universidade quer criar com a Câmara e a sociedade castro-marinenses.

António Branco começou, há cerca de duas semanas, a fazer um périplo pelos concelhos do Algarve, com o objetivo de aproximar a universidade das forças vivas da região, com especial enfoque nas autarquias. Desta vez, o anfitrião foi o executivo liderado por Francisco Amaral, que mostrou alguns dos motivos de orgulho do concelho, no que a inovação e empreendedorismo dizem respeito.

«Tenho vindo a constatar que a Universidade do Algarve está em todo o lado, não só através de licenciados que já formou, como através de projetos que são desenvolvidos por jovens empreendedores e cooperativas. A verdade é que, onde eu vou, a sociedade faz-me sentir a utilidade que a universidade tem», disse António Branco, à margem da visita, que o Sul Informação acompanhou.

«Aqui, interessa identificar projetos e estudos para ajudar a resolver problemas dos concelhos e aos quais a universidade possa responder. É esse o meu grande objetivo, para além de nos darmos a conhecer e dizer que estamos aqui e estamos disponíveis», acrescentou o reitor da UAlg, que foi acompanhado pela vice-reitora Ana de Freitas nesta visita.

Uma necessidade que as muitas visitas de trabalho feitas pela comitiva, composta por elementos da reitoria, do executivo municipal e da Câmara de Castro Marim, revelaram existir. Numa visita a uma exploração agrícola, surgiu o apelo do agricultor Ângelo José para obter ajuda da UAlg a combater uma praga que coloca em causa o investimento que está a fazer na produção de diospiros.

Noutros locais, o pedido de ajuda não foi tão direto, mas ficou aberta a porta à colaboração ou ao aprofundar de relações que já existem. Até porque, em quase todas as empresas e iniciativas visitadas, havia alguém ligado, de alguma forma, à instituição de Ensino Superior algarvia.

A sociedade, para quem a universidade tem uma utilidade nem sempre óbvia, neste caso representada pelo presidente de Câmara Francisco Amaral, agradece a medida e defende o caminho que a UAlg começou a trilhar.

«Eu louvo esta atitude. É inédita, nunca tinha visto algo assim. É importante que os membros da reitoria venham ao país real. E este são as autarquias e o dia-a-dia das pessoas», começou por dizer o decano dos autarcas algarvios, que é edil há mais de 20 anos, primeiro em Alcoutim e, agora, em Castro Marim.

«É bom que se realce os aspetos positivos que os municípios têm, em particular a ligação entre a vida social, económica e a universidade. É bom que a comunicação social não se preocupe só com os tiros e as facadas que há nos concelhos», considerou.

Em vez disso, é importante «realçar os aspetos positivos que geram riqueza e o emprego e, acima de tudo, a ligação entre a universidade e estas empresas, que deve ser potenciada».

 

Membros da reitoria visitaram negócios e instituições

Ao longo do dia de ontem, foram muitos os exemplos de empresas que usam os recursos locais para trazer riqueza para a região e criar emprego que foram dados a conhecer pela autarquia. A maioria aproveitou a riqueza natural do Sapal de Castro Marim para produzir bens de valor acrescentado, parte dos quais são exportados, mas que também ajudam a abastecer o mercado interno.

Depois de uma passagem nos Paços do Concelho, a visita começou na exploração aquícola Atlantic Fish, que produz dourada, robalo e ostra no coração da área protegida existente naquele concelho e que emprega perto de 60 pessoas. Aqui são produzidas, anualmente, cerca de 360 toneladas de pescado.

Seguiu-se uma passagem na cooperativa de produtores de sal «Terra de Sal», que já conseguiu levar o sal tradicional e a sua flor de sal, de características únicas, para três continentes. Aqui, a tradição é aliada com a inovação, que tem também uma marca da UAlg, já que a cooperativa é liderada por alguém formado naquela instituição.

Esta cooperativa prepara-se para colocar no mercado sal líquido, com um baixo teor de sódio e elevado teor de magnésio. Uma forma mais saudável de dar sabor aos alimentos que já se tornou um produto, muito direcionado ao segmento de pessoas com doenças crónicas e atletas de alta competição. Este produto castro-marinense está já à venda na Alemanha e começa a ser comercializado em Portugal.

Depois de uma passagem na organizada Escola C+S de Castro Marim, a comitiva rumou ao Castro Marim Golfe, cujo diretor é, também, um alumni da universidade algarvia. Este empreendimento turístico está em expansão e emprega já 85 funcionários a tempo inteiro, com um reforço no verão.

Esta unidade turística já motivou um investimento de 46 milhões de euros, que vai continuar a ser reforçado. Além de 27 buracos de golfe, o empreendimento conta com uma forte componente imobiliária e, no seu seio, vai ser construído um hotel e  uma zona comercial, em parceria com uma marca internacional.

Além da componente de negócio, há uma social, já que este empreendimento e o vizinho Quinta do Vale estão a tentar que o golfe seja introduzido como desporto escolar em Castro Marim, oferecendo-se para ceder o transporte e o material para que isso aconteça.

Depois de um almoço no Restaurante «O Infante» (gerido por um ex-aluno da UAlg), foi dada atenção especial à produção agrícola. Primeiro numa exploração que três jovens agricultores estão a lançar em Altura, que produz morangos segundo o método de hidroponia, e os exporta, quase todos, para o centro da Europa. Depois, na Quinta do Sobral de Baixo, onde Ângelo José decidiu «empobrecer alegremente (risos)» a produzir dióspiros, figos e albricoques (alperces).

Neste segundo caso, o agricultor explicou alguns dos problemas com que se debate, no seu dia-a-dia, que têm a ver não só com doenças que afetam as árvores, mas também com outro tipo de pragas.

«Os estorninhos são um grande problema e dão-me cabo dos figos todos», desabafou. Esta é a cultura que melhor escoa, neste caso para a cadeia Pingo Doce, pelo que é também um prejuízo considerável à sua atividade.

A visita dos membros da reitoria a Castro Marim terminou na Unidade de Cuidados Continuados do Azinhal, onde o reitor ouviu elogios aos alunos do Mestrado Integrado de Medicina, que ali terão deixado uma marca positiva, segundo a diretora da unidade de saúde.

O périplo do António Branco e da reitoria da Universidade do Algarve continua até maio e tem mais um “episódio” na sexta-feira, dia para o qual está agendada uma visita a São Brás de Alportel.

 

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