IBM: Informação, colaboração e redes sociais ajudarão Faro e o Algarve a evoluir

Partilhar dados de forma cada vez mais eficiente, trabalhar em parceria, aproveitar melhor o conhecimento gerado na Universidade do Algarve […]

Partilhar dados de forma cada vez mais eficiente, trabalhar em parceria, aproveitar melhor o conhecimento gerado na Universidade do Algarve e promover novas oportunidades de formação ligadas ao Mar, bem como apostar em produtos turísticos diferenciados, tirando partido das redes sociais.

Estas foram algumas das sugestões deixadas por um grupo de consultores da IBM, que passaram três semanas em Faro com o objetivo de ajudar a capital algarvia e, com ela, o Algarve, a tornar-se mais competitivos.

As conclusões dos cinco especialistas do gigante do setor tecnológico, que estiveram em Faro como prémio do concurso «IBM Smarter Cities Challenge», que o município algarvio venceu em 2012, foram apresentadas na passada sexta-feira, numa sessão que decorreu na zona histórica daquela cidade, com vista privilegiada para a Ria Formosa.

Não foi por acaso que o restaurante «O Castelo», situado sobre a muralha da Vila-Adentro de Faro. Como ilustrou o consultor da IBM Barry Becker, bastava olhar para a paisagem para perceber o potencial que há para aproveitar.

O relatório apresentado na passada semana focou-se naquelas que os especialistas da IBM consideram que devem ser as linhas de força de uma estratégia futura para Faro. Um documento mais detalhado, onde serão sugeridos «projetos concretos» vai ser desenvolvido nas próximas semanas.

Ao todo, foram deixadas seis recomendações, em três áreas específicas: Inovação, Economia do Mar e Turismo. Em alguns casos, há uma correlação próxima entre as propostas, que aliam estas duas ou mesmo as três dimensões.

 

Para inovar, a informação ajuda muito

Na área da Inovação, os consultores da IBM propõem a criação de uma plataforma de dados aberta, onde se concentre o máximo de informação possível, nomeadamente vinda de entidades públicas e da universidade. «Há muita informação, mas ela não está ser eficientemente partilhada», ilustrou o especialista em análise de dados.

«O desafio é colocar toda a informação agora dispersa numa plataforma comum, de modo a que outros a possam conhecer, transformá-la e dar-lhe uma nova utilidade», resumiu. Barry Becker considera que a região é já servida por uma «boa infra estrutura de fibra ótica», o que permitirá pensar numa «cloud de informação» a nível regional.

Ainda na Inovação, mas a piscar o olho à Economia do Mar, a base da candidatura de Faro ao «IBM Smarter Cities Challenge», os consultores da multinacional sugerem a criação de um centro de inovação que possa, por um lado, ser um centro de produção de conhecimento e, por outro, um polo de formação orientado à Economia do Mar.

Além de formações específicas para empresas, é sugerida a criação de currículos que permitam recapacitar profissionais de áreas com níveis baixos de empregabilidade, para que estejam mais adaptados ao mercado de trabalho atual. Na universidade, podráser criado «um curso de engenharia marítima», sugeriu a especialista em recursos humanos Heather Howell.

No fundo, trata-se de estimular a formação especializada e potenciar «o surgimento de novas oportunidades de negócio, para além do turismo».

 

Futuro do Algarve também passa Economia do Mar

A Economia do Mar, um setor em que os consultores da IBM não têm dúvidas em afirmar que a região algarvia tem grande potencial, terá de assentar na transferência de tecnologia e na sustentabilidade dos recursos.

Mas, tão importante como a colaboração para colocar o conhecimento produzido na região ao serviço da economia, é a colaboração entre as forças vivas da região para que haja «uma plataforma de recursos partilhados» que agregue os municípios e outras entidades.

No campo da transferência de tecnologia e sustentabilidade, Sean Mckenna aponta para a necessidade de criação de modelos preditivos, assentes numa recolha exaustiva de dados, aquilo que chama de «Big Data», que permitam antecipar tendências e orientar as atividades económicas em conformidade.

Ao nível da colaboração regional, o elemento português do grupo, António Pires dos Santos avançou a ideia de se criar «uma plataforma de negócios, assente nas redes sociais», onde sejam oferecidos «serviços partilhados» e onde a informação sobre o que já existe na região seja facilmente acessível.

«Temos de saber potenciar ao máximo as infraestruturas já existentes. Desta forma, será prestado um melhor serviço às pessoas, empresas e entidades públicas. Acreditamos que isto irá criar empregos», disse o consultor português. No campo da Economia do Mar, a «Ria Formosa e a zona adjacente» terão um papel fulcral.

 

Mais Turismo sim, mas personalizado

Há espaço para crescer no setor do turismo e esse crescimento passa por uma abordagem diferente à forma como se vende e divulga a oferta existente. Oferecer «experiências personalizadas», em que o produto turístico se adapta aos gostos específicos de cada cliente e aproveitar as redes sociais, nomeadamente o twitter, o Facebook e blogs, para saber qual a perceção que os turistas têm da região são as sugestões da IBM.

As redes sociais têm um papel fundamental em ambos os casos. É através delas que se pode chegar a públicos com gostos específicos, para oferecer produtos turísticos diferenciados e também fazer um diagnóstico daquilo que é mais valorizado pelos turistas e ser mais eficiente na promoção da região.

No fundo, trata-se de pensar numa «estratégia de branding mais eficiente», onde a marca Algarve seja potenciada, sem prejuízo de Faro também apostar no reforço da sua própria identidade.

Para oferecer experiências personalizadas há que estruturar melhor o turismo de nichos, para que possa ser, cada vez mais, uma forma de esbater a sazonalidade. Doris Mcguire deu como exemplo o turismo desportivo, de eventos e de saúde e bem-estar.

Ao mesmo tempo que se aposta na estruturação da oferta, há que fazer «uma análise de sentimento, perceber o que as pessoas dizem do Algarve online. «Temos de começar a twittar e a blogar, a dizer a todos quão bom o Algarve é», disse a especialista em segurança e privacidade.

Um exercício que Doris Mcguire fez, nos dias em que passou em Faro e que a levoua descobrir, por exemplo, que a região «tem uma popularidade crescente na China». «Eu sei que têm o segredo mais famoso do mundo, mas acho que está na hora de o partilhar», brincou.

 

O mapa está traçado, agora há que percorrer o caminho

«Temos de começar o caminho de forma pragmática. Só com pessoas se conseguem realizar coisas, não é com pedaços de papel. Há que juntar pessoas que façam as coisas acontecer», disse António Pires dos Santos.

Uma mensagem que já havia sido deixada pelo presidente da IBM Europa Harry van Dorenmalen, que considerou que, para uma estratégia resultar, há que juntar três fatores: «um plano, alguém para o executar e compromisso em avançar».

O responsável pela IBM a nível europeu, acredita que encontrou este conjunto de fatores em Faro. «Estamos felizes com este projeto, porque temos o plano, o presidente da Câmara e o compromisso em avançar», ilustrou.

«Para vencer, temos de estar posicionados, organizados e ter vontade de ter sucesso, algo que só se consegue com os seres humanos. Essa poderá ser a vossa força», concluiu.

Na sessão, que contou com a presença de dois membros do Governo, os secretários de Estado do Mar Manuel Pinto de Abreu e do Ordenamento do Território Miguel Castro Neto, o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau aceitou o desafio que lhe foi lançado. «A partir de hoje, Faro será uma cidade reconhecida pela sua vocação marítima. Se o passado de Faro está no Mar, certamente que será nele que nos encontraremos com o nosso destino», disse.

 

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