Tempestade fictícia testa meios de Proteção Civil em Portimão

«Estão aqui duas pessoas presas. Rápido! Temos que as retirar, mas é preciso desencarcerar!» disse um dos bombeiros, ao chegar […]

«Estão aqui duas pessoas presas. Rápido! Temos que as retirar, mas é preciso desencarcerar!» disse um dos bombeiros, ao chegar junto de uma carrinha, que se despistou e tombou numa linha de água.

De imediato, o corpo de Bombeiros de Portimão deitou mãos à obra para montar o gerador que havia de alimentar a máquina de desencarcerar, enquanto a ambulância estava a postos para transportar um dos “feridos”. Para o outro, foi chamada uma ambulância da Cruz Vermelha, que chegou pouco depois. A GNR esteve também no local, para condicionar o trânsito.

Este foi o cenário de LivEx (exercício ao vivo ou real), montado junto à entrada para o Morgado do Reguengo, no interior do concelho de Portimão, para testar os meios e a sua resposta no exercício “Intempéries 2014”, que decorreu na manhã de ontem, quarta-feira, em vários locais do município. Aqui, por «ficar melhor no boneco», como comentava um bombeiro, foi o local escolhido para convidar os jornalistas.

No total, o exercício envolveu cerca de uma centena de elementos e visou testar e exercitar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Portimão (PME) e a resposta dos agentes de proteção civil a uma tempestade de efeitos destruidores.

O PME, como salientou Castelão Rodrigues, vice-presidente da Câmara de Portimão, foi atualizado e revisto há pouco tempo, pelo que este foi o seu primeiro teste, para avaliar se de facto o plano «é efetivo na resposta a eventuais acidentes graves ou catástrofes que aconteçam no município».

O aparato montado à entrada do empreendimento turístico do Morgado do Reguengo, com carros de bombeiros, ambulâncias, televisão e máquinas fotográficas, causou espanto e curiosidade entre os hóspedes e golfistas estrangeiros que entravam e saíam.

 

Preparar meios para reagir em caso de uma grande tempestade

O “Intempéries 2014” teve como base a ocorrência de uma tempestade com probabilidade de gerar elevados danos materiais e humanos, devido a chuva intensa, vento muito forte e trovoada. Essa “tempestade” fortíssima teria provocado danos em diversos edifícios, isolado sítios, tornado estradas intransitáveis. Fez ainda cair muitos postes de eletricidade, árvores e muros e destruiu culturas, sobretudo devido ao transbordo dos cursos de água.

«Ainda há pouco tempo houve um tornado aqui bem perto, em Lagoa e Silves, que provocou danos avultados, enquanto em 1997 foi Monchique a sofrer prejuízos elevados, na sequência de chuvas fortes. Por isso, este é um cenário que tem que ser testado em Portimão, porque pode acontecer aqui», disse Castelão Rodrigues.

Face à situação de “tempestade” e às informações recebidas, foi convocada a Comissão Municipal de Proteção Civil, que analisou a situação e a preparação das medidas mais indicadas, assegurando a direção e coordenação das operações de salvamento, proteção e socorro.

Os cenários pensados foram repartidos por todo o município na modalidade de Comand Post Exercise, enquanto nos cenários em LivEx, com meios reais, merece destaque aquele que ocorreu na zona do Morgado do Reguengo, onde se registou o fictício despiste de uma carrinha, reportado pelos rádio amadores do grupo Os Marafados CB Clube, tendo participado nas operações de desencarceramento e tentativa de reanimação de duas vítimas os Bombeiros Voluntários de Portimão e a delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa, com o condicionamento de trânsito a cargo da GNR.

Também participaram ativamente, no “Intempéries 2014”, a PSP, as Forças Armadas, a Autoridade Marítima local, as estruturas na área da Saúde e os vários serviços de Segurança Social e Solidariedade, entre muitas outras entidades e organismos, assim como a Portugal Telecom, a EDP e a Medigás.

É que, se a situação fosse mesmo real, os danos nas infraestruturas, nomeadamente na rede elétrica, de telecomunicações e gás, seriam grandes, pelo que é sempre positivo que também aquelas entidades participem no simulacro.

Destacou-se ainda neste exercício, a equipa de Sapadores Florestais do Município de Portimão, assim como as equipas de Reconhecimento e Avaliação da Situação, compostas por técnicos da Câmara Municipal.

Os Agrupamentos de Escolas Júdice Fialho e Nuno Mergulhão também se associaram ao exercício, já que, como salientou a Câmara de Portimão, «todos os estabelecimentos escolares públicos do município, bem como a maioria dos estabelecimentos privados, possuem planos de prevenção e de emergência, testados regularmente».

 

«Balanço positivo» com «situações pontuais» a corrigir

No final do “Intempéries 2014”, os representantes das entidades participantes foram unânimes em proceder a um «balanço positivo», apontando algumas «situações pontuais» a melhorar em futuros exercícios. Foi destacada a «capacidade que os intervenientes evidenciaram em termos de adaptação às circunstâncias».

A atuação dos vários agentes de proteção civil locais durante a emergência foi considerada «correta e eficiente», demonstrando que estão «preparados, treinados e sensibilizados para as necessidades de resposta em caso de sinistro, com capacidade de disponibilizar os meios, humanos e materiais, adequados e suficientes e de agir de forma coordenada nas diferentes situações».

Quanto à informação operacional e entre as entidades intervenientes, também essa se processou de «forma adequada, com rapidez e clareza», possibilitando «as tomadas de decisão e o acionamento dos meios necessários ao desenvolvimento das ações a desenvolver».

Ou seja, neste exercício de Proteção Civil tudo correu bem. E é precisamente para garantir que, se um dia houver uma emergência a sério, todos saibam o que fazer, que a Câmara de Portimão promoveu mais este exercício.

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