Enfermeiras da UCC de Faro vão a casa ajudar jovens mães e pais a cuidar dos seus bebés

É com espírito energético e positivo que as enfermeiras Isabel Roberto e Paula Santos, da Unidade de Cuidados na Comunidade […]

É com espírito energético e positivo que as enfermeiras Isabel Roberto e Paula Santos, da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Faro, do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Central, desde há cinco anos que fazem visitas a casais, no domicílio, logo nas primeiras 24 horas depois destes se terem tornado pais e tido alta hospitalar. O objetivo: prevenir doenças e criar competências das mães e dos pais.

A pequena Laura, com cinco dias de vida, está a dormir quando a equipa composta por estas duas enfermeiras entra em casa dos pais, para guiar mãe e pai durante os primeiros dias de vida da filha em termos de amamentação, de higiene da criança, como colocar a criança confortável e todo o tipo de dúvidas que possam surgir agora que a família se tornou maior.

É a terceira visita a este casal e já são bem visíveis os resultados da intervenção e dos conselhos dados pelas profissionais de saúde. A bebé come bem e dorme tranquilamente.

A enfermeira Paula Santos aproveita o momento para ensinar a mãe a cortar as unhas da filha enquanto esta ainda descansa. Já acordada, a bebé é pesada pela enfermeira Isabel Roberto, que constata que a criança ganhou mais 65 gramas desde o dia anterior, algo que deixa os pais visivelmente contentes, porque mostra que estão a «fazer tudo bem», seguindo as indicações que receberam. Partilham as tarefas e, enquanto a mãe Ana lancha, o pai João veste a filha.

Foi através de uma amiga, e da boa experiência que teve com a equipa da UCC Faro, que este casal conheceu este projeto e a possibilidade de receber as profissionais em casa, para fazer o teste do pezinho e pesar a criança, ficando ainda com informações sobre o aleitamento materno.

«Vimos que o filho dela dormia muito bem, era um bebé muito tranquilo em relação a outros bebés de amigos nossos, que não tiveram este apoio», conta Ana, enquanto amamenta a filha.

«Dão-nos dicas muito específicas, como fazer para a Laura virar a cabeça mais para direita ou mais para esquerda. E quando me esqueço, o pai dela lembra-me como devo fazer. Este apoio é extremamente útil. O mais importante para mim são as dicas da amamentação, como evitar os nódulos e fazer com que a Laura aproveite o máximo», diz.

«Fazem um trabalho espetacular ao dar orientações a quem nunca teve, como eu, muito jeito para bebés muito pequenos», confessa o João.

«Sinto que não faço nada com confiança, até que alguém me diga como se deve fazer, assim vai correr bem. Receber a equipa aqui em casa tem sido uma grande ajuda», acrescenta o jovem pai.

O projeto de intervenção parental, que visa melhorar a taxa de amamentação e que já entrou em casa de centenas de utentes, surgiu pela necessidade de aproximar os cuidados de saúde primários aos utentes e melhorar a acessibilidade aos serviços.

As enfermeiras, que trabalham exclusivamente com intervenções nesta área, abrangem uma grande parte das utentes grávidas em Faro, sendo que quem pertence a uma Unidade de Saúde Familiar na cidade pode ser referenciada para receber visitas no domicílio, em caso de necessidade.

«Encontramos mães muito diversas, desde referenciadas pelo hospital, até situações de risco. Este é o maior desafio, porque acresce toda a descoberta de competências e a melhoria das mesmas, podem incluir o fator de patologia, condições habitacionais, económicas, negligência. Articulamos o trabalho com todas as entidades necessárias e profissionais de outras áreas», conta Isabel Roberto.

«Somos o elo de ligação entre a comunidade e a instituição», explica Paula Santos. «Podemos obter uma imagem verdadeiramente real e completa da família, quanto às dificuldades que tem, a forma de estar, como funciona a dinâmica familiar.» Relatam que «é preciso ter muita imaginação» para resolver as situações com que se deparam no dia-a-dia e que têm que «recorrer aos recursos todos», sobretudo nos casos em que a comunicação em português se torna impossível porque a mãe é de outra nacionalidade e não entende a língua.

«Às vezes, fazemos a tradução através da ajuda de uma terceira pessoa para explicar coisas tão básicas como se vai à farmácia para comprar uma pomada e como se deve utilizar», explica Isabel Roberto.

«Estamos constantemente a trabalhar a saúde e a prevenção. Transformar um bebé num bebé tranquilo faz com que os pais fiquem tranquilos e que não recorram tão facilmente aos Centros de Saúde sem necessidade, porque sabem responder ao bebé deles», realça.

«Não é um projeto rotineiro», afirma Paula Santos. «A única rotina que temos é sair do serviço. A partir daí é sempre uma surpresa, todos os dias. Mas é muito gratificante e é um projeto que aposta na qualidade e numa parentalidade positiva».

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