Projeto Querença começa nova fase cheia de ideias de negócio

Já estão escolhidos os protagonistas, há ideias de negócio bem definidas e a estratégia foi afinada. Está tudo pronto para […]

Já estão escolhidos os protagonistas, há ideias de negócio bem definidas e a estratégia foi afinada. Está tudo pronto para o arranque de nova fase do «Projeto Querença», que amadureceu a sua filosofia, algo que se nota também nos seus participantes, que ontem participaram numa primeira ação do projeto de desenvolvimento local, naquela aldeia do Concelho de Loulé.

O evento serviu, essencialmente, para que os agora não tão jovens protagonistas do projeto se dessem a conhecer e começassem a ambientar ao local que será a sua casa durante, pelo menos, o próximo ano. Além dos novos estagiários e promotores de projetos, estiveram no encontro os diferentes parceiros institucionais do «Projeto Querença», entre os quais o Sul Informação.

A partir desta primeira reunião, uma conversa informal que decorreu na Casa do Povo de Querença, que servirá de base à fase “2.0” do projeto, foi possível perceber que o modelo está bem diferente. Um alerta que já tinha sido feito pelo coordenador da iniciativa João Ministro quando foi aberta a fase de candidaturas, que se confirma agora.

Desta vez, ainda antes de o projeto ter o seu arranque oficial, já há cinco projetos em cima da mesa, com ideias já bem definidas e sustentadas. Desta forma, conseguir-se-á «ganhar vários meses», já que se dispensa a fase de debate de ideias e procura de temas para projetos.

«Na primeira fase, não havia uma ideia concreta, apenas uma área de atuação e isso fez com que, durante meses andássemos aqui a discutir ideias. E, agora, quisemos poupar esses meses», disse João Ministro.

No fundo, esta mudança pretende «corrigir algumas coisas que não correram tão bem na «primeira fase», entre as quais o método de seleção de candidatos, não pelas pessoas escolhidas, mas pelos resultados. Desta vez, em vez do currículo, foi dada primazia às ideias e aberta a porta aos que, mesmo não tendo possibilidade de usufruir de um estágio, se quisessem associar ao projeto, de qualquer forma.

«A grande diferença é, talvez, essa. O processo de seleção, desta vez, apostou em pessoas que tivessem já uma ideia mais ou menos organizada e com a perspetiva do que poderia custar. São projetos que já estão concretizados à volta de um tema e têm uma estrutura descritiva já bem preparada», explicou

O resultado prático deste método de seleção foi, desde logo, muito menos candidaturas que na edição lançada em 2011. «Enquanto na primeira fase recebemos à volta de 80, desta vez só chegaram 16. Mas todas com algum fundamento. Claro que houve a necessidade de escolher aquelas que eram as mais viáveis, estas cinco, que nos parecem sólidas», revelou o coordenador do Projeto Querença.

Mas também é de realçar que das seis pessoas envolvidas nos cinco projetos, apenas três são elegíveis para estágios, sendo que as restantes se associam para usufruir do apoio, do prestígio e da rede que o «Projeto Querença» já conseguiu criar.

 

Projetos visam desenvolvimento local, com piscar de olho ao Turismo

Os projetos apresentados têm como denominador comum o facto de serem muito voltados para a dinamização económica local e para o envolvimento da população, com um piscar de olho ao Turismo, a principal atividade da região. Agricultura biológica, desporto, danças do mundo, artes plásticas e património são as áreas tocadas pelas cinco propostas que serão desenvolvidas na segunda fase do «Projeto Querença»

Bruno Rodrigues, o único dos novos participantes no Projeto Querença que não esteve ontem na reunião, apresentou a ideia «Quer –Trail Runnning», que se propõe a dinamizar iniciativas relacionadas com esta modalidade, que consiste em corrida em trilhos de terra. Em cima da mesa estão eventos pontuais, mas também criar um produto turístico dirigido aos muitos praticantes desta modalidade, como campos de treino. O jovem promotor está a tirar um doutoramento em geologia e é ultra-maratonista e praticante de trail running.

Ana Cortiçada, Engenheira do Ambiente de formação, propõe-se a criar uma «Horta dos Sonhos», uma exploração agrícola em modo biológico, «com certificação desde o início». Aqui, pretende produzir «produtos hortícolas, ervas aromáticas, flores comestíveis e frutos». O plano ainda está em definição e a futura estagiária quer articular com um projeto que se mantém da primeira fase, na área agrícola.

Marcelo Dias, de 37 anos, não irá usufruir de estágio, mas tem uma ideia bem concreta para pôr Querença, literalmente, a mexer. A ideia do projeto «Querença a Dançar» é trazer à aldeia louletana eventos «de animação cultural e turística», mensalmente, ligados ao Mercado de querença.

Sempre que este mercado acontecer, no último fim-de-semana de cada mês [este domingo, por exemplo], Marcelo Dias, em parceria com o Núcleo de Danças Mundo Sul, ao qual pertence, propõe-se a criar um programa que incluirá workshops de dança e baile, bem como palestras e eventos de ecoturismo. Os participantes, que se aponta para que sejam «500 a 600» por ano, pernoitariam na aldeia e dinamizariam os negócios já existentes.

Já Manuela Ortiz, artista plástica espanhola que usa lã como matéria prima, radicada na Aldeia da Penina, pretende criar um espaço de divulgação turística daquela localidade e da Rocha da Pena, bem como de produtos locais.

Num quiosque a construir, «género alpendre», quer dar a conhecer e comercializar o seu trabalho, bem com outros produtos da zona, que, diz, os turistas que a visitam não conseguem encontrar, apesar de os procurarem. Também pretende ter bicicletas para alugar, no emsmo espaço, entre outras ideias.

Também ligado às tradições e produtos locais está o projeto de Susana Martins e Marco António Santos. Ela é formada em História, ele em Património Cultural e querem erguer um Centro de Interpretação do Barrocal, que dê a conhecer as riquezas paisagísticas, culturais e, acima de tudo, os ofícios deste território.

Os dois participantes no «Projeto Querença» vão dar especial enfoque à arte tradicional do Cal, em vias de extinção, com a ambição de a recuperar. O objetivo final é enveredar pela produção e venda de cal.

«São projetos de diversas naturezas, mas todos têm uma perspetiva empresarial. Os promotores ou vão constituir uma empresa, ou vão vender serviços ou fazer parceria com uma já existente.», resumiu João Ministro.

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