Pedro Nunes e presidente da ARS faltaram ao debate sobre a Saúde no Algarve

As duas pessoas mais aguardadas da noite não apareceram, mas nem por isso o debate foi menos aceso. Pedro Nunes […]

As duas pessoas mais aguardadas da noite não apareceram, mas nem por isso o debate foi menos aceso. Pedro Nunes e João Moura Reis, presidentes do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde, foram, ontem à noite, os grandes ausentes do debate sobre o «Estado da Saúde do Barlavento Algarvio», promovido em Portimão pela associação Teia d’Impulsos.

Perante casa a abarrotar, com centenas de pessoas, muitas delas em pé, circularam as mais diversas versões sobre as razões da ausência de dois dos quatro convidados, que até tinham, segundo a direção da Teia, «confirmado a sua presença no dia anterior ». «Depois, disseram-nos que o Dr. Pedro Nunes não poderia estar presente e que viriam cinco administradores».

Mas acabou por não aparecer ninguém, nem houve explicações para as ausências, uma atitude que diversos membros do público consideraram como «uma enorme falta de respeito» pelas centenas de pessoas que encheram o Pequeno Auditório do Teatro Municipal de Portimão e não arredaram pé até à uma hora da manhã.

O debate acabou por ser assegurado, e bem, por dois dos convidados originais – Luís Batalau, médico pediatra e ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (entretanto extinto), e Ulisses Brito, diretor do Centro de Pneumologia do Hospital de Faro e presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Médicos -, e por dois convidados de recurso, Joaquina Matos e José Amarelinho, respetivamente presidentes de Câmara de Lagos e Aljezur, que só tinham ido a Portimão para assistir ao debate.

Apesar da ausência dos dois principais convidados, no fundo esvaziando em grande parte a razão de ser da marcação desta iniciativa, o debate acabou por pôr a nu os problemas que afetam a saúde algarvia, em especial os hospitais, desde a criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), mas não só.

Luís Batalau e Ulisses Brito, defendendo embora a necessidade de reorganização dos hospitais, sublinharam que a forma como foi criado o CHA, «sem diálogo», é responsável pelo atual estado das coisas, que levou mesmo 183 dos 220 médicos especialistas a manifestar em carta o seu desagrado pela degradação dos cuidados de saúde nos hospitais algarvios.

Ulisses Brito defendeu a «racionalização dos recursos», mas sublinhou que é necessário «que se faça as coisas discutindo com as pessoas». «As reformas fazem-se com as pessoas – os médicos, os enfermeiros, os técnicos de saúde, os autarcas, os utentes – e não pode ser alguém que se considera um iluminado, e que quis fazer um brilharete, a decidir tudo», como aconteceu no caso do CHA, disse o responsável pela Ordem dos Médicos no Algarve, numa alusão direta a Pedro Nunes.

Aliás, por terem estado ausentes, tanto Pedro Nunes como João Moura Reis acabaram por ser poupados a críticas mais contundentes e às perguntas dos muitos utentes que acompanhavam o debate. Como disse o moderador Nuno Silva, não se quis ali fazer «tiro ao boneco», não podendo os visados defender-se. Mas Maria Filomena Conceição, presidente da Associação da Pessoa Esclerose Múltipla do Barlavento, resumiu o sentimento de frustração de quem queria ouvir de viva voz as explicações dos responsáveis: «saio daqui sem respostas».

Pelo mesmo diapasão alinharam os autarcas de Lagos e Aljezur, precisamente dois dos concelhos mais afetados pelas consequências da fusão de hospitais e da criação do CHA.

Os 16 autarcas algarvios, reunidos na AMAL, já pediram uma audiência ao ministro da Saúde para debater estas questões e vão levar a Paulo Macedo muitas das questões que foram levantadas no debate, quer pelos dois médicos presentes como convidados, quer pelo público, onde se encontravam muitos utentes do hospital de Portimão, que já estão a ser afetados pelos cortes nas valências e serviços, como os de Esclerose Múltipla.

O Sul Informação já pediu aos presidentes da ARS e do CHA que expliquem as razões para a sua ausência de um debate para o qual tinham confirmado presença.

 

Nota: Mantenha-se atento, porque iremos publicar também um artigo sobre o debate em si, que está em fase final de edição.

 

 

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