Hoje é dia de limpezas na Marina de Portimão e em Carvoeiro

Ainda o sol mal tinha nascido e no largo da Praia do Carvoeiro já estavam máquinas e funcionários da Câmara […]

Ainda o sol mal tinha nascido e no largo da Praia do Carvoeiro já estavam máquinas e funcionários da Câmara e da Junta de Freguesia de Lagoa a limpar os destroços, os vidros e as toneladas de areia que ontem e hoje, durante a noite e madrugada, o mar trouxe para terra.

Na Marina de Portimão e na zona desportiva da Praia da Rocha, que lhe fica ao lado, os trabalhos de remoção do lixo, areia e destroços também começaram ao raiar do dia.

Nos vários locais da costa do Barlavento onde ontem ao fim da tarde e princípio da noite se verificaram os maiores prejuízos causados pela conjugação das ondas alterosas de sul e da maré alta, havia o receio de que a nova preia mar desta manhã, entre as 6 e as 7h00, pudesse trazer mais problemas. Mas o mar, apesar de ainda muito agitado, está mais calmo e o perigo parece ter passado. Pelo menos para já.

Restaurante «O Barco», no largo da praia de Carvoeiro, destruída pela fúria das ondas

Em Carvoeiro, onde as ondas varreram o largo da praia e chegaram a entrar nas ruas dos Pescadores e do Barranco, arrastando barcos, equipamentos de restaurantes e esplanadas e muita, muita areia, os principais afetados foram o restaurante «O Barco», os balneários públicos, e mais dois outros restaurantes, situados mais próximos do areal.

No vizinho Algar Seco, as ondas provocaram prejuízos no restaurante «A Boneca», enquanto na praia de Nossa Senhora da Rocha houve pelo menos dois barcos de pescadores partidos, bem como danos nos passadiços de madeira e barracas de arrumos de apoio à pesca.

O restaurante do Molhe, em Ferragudo, ficou também totalmente destruído pelas vagas, enquanto do outro lado da barra do Arade, os maiores prejuízos foram sofridos pelo NoSolo Aqua, na Marina de Portimão, pela praia da Marina, que desapareceu, pela Área Desportiva da Praia da Rocha e pelo pontão de abastecimento de gasóleo da Marina, arrastado pela fúria das águas.

Em Armação de Pêra, também houve danos, em pavimentos, restaurantes e apoios de praia, sobretudo na zona junto ao Campo das Gaivotas, bem como em redes de pescadores, arrastadas para o mar pelas ondas.

Fonte da Câmara de Silves disse ao nosso jornal que, devido ao acumular de água no final da ribeira de Alcantarilha, hoje, quando a agitação marítima o permitiu, voltou a ser aberta a ligação da ribeira ao mar, com a ajuda de uma máquina.

«Na semana passada abrimos essa ligação por duas vezes, para evitar que o nível da água subisse e provocasse inundações em Armação, mas ontem, durante o pico do mau tempo, era impossível fazer isso. Só hoje de manhã a máquina conseguiu começar o trabalho em segurança», acrescentou.

Em Sagres, o mar destruiu por completo o restaurante da praia do Tonel, do qual nada restou, tendo ainda provocado danos no apoio da praia do Beliche. Fonte da Câmara de Vila do Bispo disse ao Sul Informação que, neste último caso, os proprietários já tinham retirado o equipamento, pelo que os prejuízos foram, apesar de tudo, menores.

As barras de Portimão e Lagos chegaram a estar fechadas à navegação, devido às ondas que atingiam cinco a seis metros de altura.

No Sotavento, os estragos foram menores, embora em Quarteira, na marginal, a ondulação tenha chegado até um café situado na Praça do Mar, embora sem causar estragos.

No entanto, as autoridades tiveram de socorrer um grupo de doze adolescentes que entraram na água apesar do temporal. Uma jovem de 12 anos foi salva de se afogar pela Polícia Marítima.

 

Limpar destroços é a prioridade

«Estamos a retirar a areia e os destroços que se acumularam aqui no largo, para devolver alguma dignidade e segurança a esta zona», explicava, pouco passava das 7h00 da manhã, ao Sul Informação, Joaquim Paulo, presidente da União de Freguesias de Lagoa e Carvoeiro.

A seu lado, o vereador Luís Encarnação, da Câmara de Lagoa, acrescentava que os camiões carregados de areia e destroços estão a ser encaminhados para aterro, «porque esta areia está cheia de vidros e por isso seria perigoso devolvê-la à praia».

Enquanto as máquinas trabalham e os homens se esforçam por apanhar os destroços e os vidros espalhados pelo largo da Praia do Carvoeiro, um pescador reformado aponta um barco “estacionado” junto a um hotel e diz: «esse barco ontem estava ali ao fundo, foi arrastado por uma onda, partiu os pinos metálicos do largo e ainda foi bater num carro. Isto foi um pandemónio».

A alguns quilómetros, na Marina de Portimão, a hora é também de limpezas. Dois funcionários do café NoSolo Aqua, que se situa à beira da água e mesmo de frente para a entrada da barra do Arade, carregavam enormes placas de vidro espesso partido e arrastado dezenas de metros pela fúria das ondas de ontem à tarde.

À volta da piscina e dentro do café, os móveis de madeira foram como que empilhados pelas ondas, batendo uns contra os outros e partindo-se. Mais alguns funcionários tentavam dar alguma ordem ao caos criado pelo mau tempo, mas um abanava a cabeça, desalentado: «temos trabalho aqui para muitos dias».

A piscina do NoSolo, apesar de todos os equipamentos de apoio terem sofrido grandes danos, está quase intacta, à exceção de algumas pedras arrancadas nas bordas.

Mas o estrado de madeira sobre o pequeno areal da chamada praia da Marina desapareceu, bem como um apoio que aí existia. E da praia pouco resta, com as ondas a baterem nas palmeiras aí plantadas há alguns anos e que têm resistido, milagrosamente, à força do mar.

Destruição na zona da piscina do Nosolo Aqua, na Marina de Portimão

O molhe da Praia da Rocha também sofreu danos, com algumas pedras de grandes dimensões deslocadas da sua posição original. Na Área Desportiva, parte da estrutura foi arrancada pelas ondas, que chegaram dezenas de metros acima da linha de água, varrendo o vasto areal até aos restaurantes e ao passadiço de madeira.

Na Marina de Portimão, na rotunda junto ao molhe, esta manhã bem cedo funcionários da EMARP recolhiam os destroços de maiores dimensões, enquanto outros esgotavam, com uma bomba, a água do mar que entrou dentro da ilha ecológica aí instalada e pôs o lixo a boiar.

Para esta terça-feira, embora se mantenha a previsão de grande agitação marítima, o aviso da meteorologia desceu para Laranja, pelo que não se prevê a repetição dos estragos.

 

Atualizado às 11h47, acrescentando informação sobre Sagres.

Atualizado às 13h35, acrescentando mais informação sobre Armação de Pêra.

 

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