Ruben Faria parte para o seu primeiro Dakar como piloto prioritário da KTM

Será desta que um piloto português vence um Dakar? É esta a pergunta que fazem os fãs dos desportos motorizados, […]

Será desta que um piloto português vence um Dakar? É esta a pergunta que fazem os fãs dos desportos motorizados, em geral, e os de Ruben Faria, em particular, a poucos dias do início do Dakar 2014, no qual o algarvio é, pela primeira vez na sua carreira, piloto prioritário da equipa KTM.

Depois de quatro anos de ligação com Cyril Després, que culminou, na edição de 2013, com o pódio dividido entre o francês, em 1º, e o português, em 2º, o piloto de Olhão enfrenta, no início de Janeiro a sua primeira participação como piloto prioritário. O seu objetivo principal é, acima de tudo, honrar a confiança depositada pelo construtor austríaco, vencedor da prova nos últimos 12 anos.

«É uma honra e uma grande oportunidade poder assumir o lugar de piloto prioritário no seio da equipa que mais vitórias conquistou no Dakar. Nos últimos 12 anos, foi sempre a KTM a vencer e, depois de quatro anos onde trabalhei para ajudar o Cyril a vencer por três e terminar outra em segundo, chegou a minha hora. No passado ano, fui segundo e quero honrar essa prestação», disse Ruben Faria, no final da apresentação realizada segunda-feira em Lisboa, no concessionário da marca, Batquipa.

Perante jornalistas e alguns amigos a quem a chuva não incomodou, o piloto algarvio não escondeu que as responsabilidades agora são maiores, mas está preparado para as assumir.

«Agora vou gerir a minha própria corrida, sem depender do resultado ou estratégia de outro piloto. Aprendi muito com o Cyril nesse capítulo e espero agora poder usufruir de toda a experiência que ganhei neste últimos quatro anos. No ano passado fui segundo e naturalmente que gostava de vencer, mas o Dakar é uma prova muito longa e exigente e são muitas as variáveis que por vezes não controlamos».

Ruben Faria foi, ao longo do ano de 2013, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da mais recente evolução da KTM 450 Rallye e mostra-se igualmente bastante confiante com a renovada moto da casa austríaca.

«A KTM venceu nos últimos doze anos e a nova moto é ,de alguma forma ,mais uma evolução da anterior. Pessoalmente, sinto-me mais à vontade com esta moto, mas adequada a um piloto com a minha estatura e peso que a versão anterior. Esta nova Rallye é mais estreia, mais leve e mais fácil de colocar na trajetória que a moto anterior, por isso sinto-me mais à vontade».

Mais há mais novidades, que se podem revelar fulcrais: «No motor, conta agora com sistema de injeção de combustível, ao contrário da versão de 2013, e isso pode ser benéfico nas etapas a maior altitude, como na Bolívia», continuou. É «uma grande moto preparada para alcançar a 13ª vitória consecutiva».

Para Ruben Faria, o percurso deste Dakar 2014, que arranca no próximo dia 5 de Janeiro em Rosário, na Argentina, será o grande adversário de todos os pilotos, especialmente em território da Bolívia, que, pela primeira vez, recebe a prova.

«É a grande novidade da prova e apenas as motos e os quads vão percorrer os percursos aí desenhados – os automóveis e os camiões não visitam a Bolívia – e teremos nessa passagem uma etapa maratona onde não teremos assistência exterior, pelo que teremos que ter especial atenção nessa fase da prova, porque vamos competir a cerca de 4000 metros de altitude e vamos encontrar novos pisos», explicou o piloto algarvio.

Com uma lesão no pulso sofrida aquando do Rallye dos Sertões, no Brasil, na primeira metade da época que condicionou toda a preparação para este Dakar, Ruben não esconde, no entanto, a confiança quanto à sua participação, fruto do intenso de trabalho de recuperação que efetuou, especialmente depois do abandono no Rallye de Marrocos.

«Quando regressei à competição em Marrocos, percebi que não estava totalmente recuperado. A melhor opção foi abandonar logo no terceiro dia para pensar na recuperação. Desde então, tenho trabalhado de forma intensa com um médico francês especialista em mãos, porque, aquando da queda no Brasil, foi-me diagnosticada uma fratura no rádio, sendo mais tarde detetadas duas roturas de ligamentos. Os ossos estão recuperados e os ligamentos melhoraram bastante com a ajuda do médico francês. Fisicamente estou bem e por isso confiante para esta participação na prova. Vou delinear a minha estratégia dia-a-dia e gerir o meu esforço de acordo com as necessidades e as dificuldades que forem surgindo».

Ruben Faria parte para a Argentina logo após o Natal, onde se juntará à sua equipa para os últimos preparativos e derradeiro teste com a moto de competição, antes do arranque da prova no dia 5 de Janeiro, em Rosário.

O Dakar 2014 terminará no dia 18, em território chileno, após cerca de 9000 quilómetros de competição que irá percorrer as pistas da Argentina, Bolívia e Chile.

Em 2013, o algarvio foi 2º classificado na prova, o melhor resultado de sempre de um piloto português na mais importante maratona todo-o-terreno a nível mundial.

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