Orçamento de Lagoa «realista» aposta na rede de água e mobilidade urbana

O Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2014 da Câmara Municipal de Lagoa totaliza perto de 27,5 milhões de […]

O Orçamento e Grandes Opções do Plano para 2014 da Câmara Municipal de Lagoa totaliza perto de 27,5 milhões de euros, 10 por cento abaixo do montante do ano em curso, mas «mais realista», revelou Francisco Martins, presidente da autarquia, em entrevista ao Sul Informação.

«Fizemos um pedido aos serviços para fazerem uma projeção realista e não empolada das receitas previstas e por isso foi essa a verba a que chegámos», garantiu o novo edil socialista da Câmara de Lagoa.

No entanto, precisamente porque «dois meses é muito pouco tempo para conhecermos em profundidade o que se passa no Município, para fazermos um Orçamento totalmente rigoroso e enquadrado nas nossas opções», «já me comprometi a que, em Abril, iremos submeter um Orçamento retificativo», acrescentou.

Dos 27.412.994 euros, porém, «90 por cento já estão comprometidos com todas as obrigações que o Município tem», pelo que, «para fazer realmente algo de novo», sobra apenas uma fatia de 10 por cento, que corresponde a 2,8 milhões de euros.

Dessa fatia do Orçamento, 800 mil euros destinam-se, segundo disse Francisco Martins ao nosso jornal, à rede de abastecimento de água, em especial nas zonas do litoral, Carvoeiro e Ferragudo, onde é maior a pressão do turismo. «Chegamos a ter três, quatro, cinco roturas no mesmo fim de semana, na mesma conduta e isso não pode continuar, porque traz prejuízos. Por isso, vamos jogar mãos imediatamente a isso».

 

Mobilidade Urbana também é prioridade

O remanescente, ou seja, cerca de dois milhões de euros, vai destinar-se, segundo o presidente da Câmara de Lagoa, à promoção da mobilidade urbana, à recuperação de edifícios municipais e a projetos. «Temos que começar a governar não com uma gestão casuística, mas com base em projetos, que definam estratégias, objetivos e caminhos para lá chegar».

Quanto à Mobilidade Urbana, Francisco Martins recorda que há anos a autarquia lagoense mantinha «na gaveta» o seu Plano Rodoviário, que agora é preciso avaliar e ver se se adapta à realidade atual. «É fundamental que haja mobilidade urbana dentro dos cascos antigos das nossas localidades. Na cidade de Lagoa, por exemplo, não se consegue fazer 50 metros a pé de seguida, por um passeio, em segurança. Teremos de apostar na mobilidade rodoviária em todas as freguesias, na criação de bolsas de estacionamento, teremos de repensar alguns sentidos de trânsito».

Mas não será apenas para os automóveis que a mobilidade será melhorada. O autarca pretende ainda apostar na mobilidade para bicicletas e pedonal, nomeadamente nas ligações entre aglomerados urbanos. «Já há muita gente a circular a pé e de bicicleta, mas é preciso que o façam em segurança, até por sermos um município de turismo».

Em relação aos investimentos na recuperação de edifícios municipais, o destaque vai para um edifício secular comprado há anos pela Câmara de Lagoa no centro antigo da cidade – e antes destinado à instalação de um museu – e que tem estado fechado e a degradar-se. «A Câmara não pode exigir aos particulares que recuperem os seus imóveis e depois dar um mau exemplo e ser ela própria dona de um edifício que está degradado, em pleno centro», sublinhou Francisco Martins.

Nesse edifício antigo, prevê-se agora a instalação de uma Casa da Juventude, «com todas as condições e equipamentos mais modernos para ser um ponto de encontro e criatividade para os jovens de Lagoa».

Apesar de ter agora menos dinheiro no Orçamento, sobretudo devido à diminuição das receitas causadas pela quebra no IMT e nas transferências do Orçamento de Estado, o novo presidente da Câmara afirma-se apostado em «recolocar Lagoa no mapa». «Não vamos gastar o dinheiro que não temos, mas não vamos ficar de braços cruzados. Há projetos, há estratégias, e há vontade de mudar e de fazer coisas. E é isso que faremos», garantiu Francisco Martins.

 

Orçamento e GOP aprovados com votos da oposição

O Orçamento e GOP para 2014 em Lagoa foram aprovados por unanimidade na reunião de Câmara de 4 de dezembro (4 do PS e 3 do PSD), tendo o PSD apresentado declaração de voto.

Na Assembleia Municipal de 19 de dezembro, o Orçamento e as Grandes Opções do Plano foram aprovados com os votos favoráveis do PS e do PSD e as abstenções do BE e da CDU.

Na sua declaração de voto na reunião de Câmara, os três vereadores social-democratas salientaram ter votado «favoravelmente», porque entenderam que os documentos constituem «um exercício técnico correto, utilizando as receitas tidas como certas e conhecidas e distribuindo-as com respeito pelos compromissos, projetos e estratégias provenientes do anterior mandato autárquico liderado pelo PSD».

Assim, «numa perspetiva de oposição séria, responsável e coerente, não vemos na presente proposta opções que ponham em causa os nossos valores e preocupações, sobretudo com o apoio social, a reabilitação urbana e a modernização administrativa, sempre com o intuito de apoiar e melhor servir os munícipes do Concelho», acrescentava o PSD.

«Perante a evidência da necessidade de um orçamento retificativo em Abril próximo, esperamos que a mesma lógica e ponderação lhe estejam subjacentes, sendo este utilizado para manter e reforçar os valores ora consagrados e que sempre defendemos», concluíam os vereadores da oposição na Câmara de Lagoa.

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