Em busca do deslizamento submarino causado pelo tsunami de 1 novembro de 1755

Determinar a dimensão e a estrutura do deslizamento submarino que se pensa ter ocorrido durante o tsunami provocado pelo grande […]

Determinar a dimensão e a estrutura do deslizamento submarino que se pensa ter ocorrido durante o tsunami provocado pelo grande sismo de Lisboa no dia 1 de novembro de 1755 foi o objetivo principal da campanha «Tagusdelta», que se realizou de 2 e 9 de dezembro, a bordo do navio de investigação Noruega do IPMA.

Segundo o IPMA, «a determinação da dimensão e fonte do deslizamento fornecerão dados para estimar o efeito “causa-consequência” entre deslizamentos e tsunamis numa zona de baixa profundidade como o delta do rio Tejo e a cidade de Lisboa».

A campanha operou um sistema de aquisição de sísmica de reflexão 2D e 3D com uma fonte do tipo sparker com 800 pontas, e fonte elétrica de 6kJ com frequência de disparo de 0.9 s.

A sísmica 2D realizou-se com uma cadeia de hidrofones (streamer) com 24 canais de aquisição. A sísmica 3D usou duas destas cadeias dispostas em V para cobertura integral do fundo do mar.

Para este efeito foi necessário proceder a alterações estruturais no N/I Noruega: instalaram-se fora dos bordos do navio dois braços articulados com 12 m de comprimento cada, o que acrescido à largura do navio perfaz cerca de 39 m de largura de cobertura em cada linha sísmica.

O posicionamento da geometria dos cabos de aquisição foi garantido mediante a existência de três boias com antenas de GPS, uma em cada extremidade do V de aquisição.

O IPMA salienta que «o sucesso desta campanha e das alterações operadas no navio abrem novas perspetivas da utilização do mesmo na área da prospeção de geologia e geofísica marinhas».

«Trata-se, tanto quanto sabemos, da primeira experiência de aquisição de dados de sísmica 3D em águas pouco profundas em Portugal operada em regime experimental por instituições de investigação oceanográfica», acrescenta aquele instituto.

Os dados adquiridos permitirão ainda visualizar a evolução da rede de drenagem da foz do Tejo desde o último máximo glaciar, há cerca de 20 000 anos e, ainda, as falhas tectónicas ativas na área imersa adjacente à região de Lisboa.

A equipa técnica foi constituída por elementos do IPMA, da Universidade de Aveiro e da empresa Geosurveys.

 

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