A fasquia está alta

Dália Paulo terminou no passado dia 13 as suas funções como Diretora Regional de Cultura do Algarve. Foi o ponto […]

Dália Paulo terminou no passado dia 13 as suas funções como Diretora Regional de Cultura do Algarve. Foi o ponto final em quatro anos de trabalho intenso, ao longo dos quais a intervenção desse organismo na região mudou radicalmente.

Antes de prosseguir com este meu artigo, esclareço: conheci Dália Paulo nessas suas funções e hoje tenho a honra de a contar entre os meus amigos pessoais. Mas o que vou escrever de seguida não tem a ver com emoções, mas sim com constatações.

Com Dália Paulo, a Direção Regional de Cultura deixou de ser um organismo apagado, que pouco mais fazia que distribuir subsídios, para se tornar agente relevante no panorama cultural do Algarve.

A DR deixou de estar à espera que lhe fossem bater à porta, para ser ela a ir bater à porta dos agentes culturais, de outros organismos e entidades públicas, de empresas privadas, para lhes propor projetos e parcerias. Ora isto, que pode parecer muito fácil e óbvio, foi, na realidade, uma mudança radical!

Das coisas que mais recordo da sua atuação, das muitas vezes que a encontrei, em trabalho, em mil e um eventos por esse Algarve fora, sublinho a paixão evidente com que Dália Paulo sempre fala das coisas que lhe são mais queridas: a Cultura e o Património.

Essa paixão contagiou não só os outros elementos da equipa da Direção Regional de Cultura, como transparecia no cuidado e dedicação com que Dália Paulo tratava de todos os assuntos que lhe chegavam às mãos. E contagiou mesmo os responsáveis por outras entidades públicas e privadas com quem a Direção Regional fazia questão de trabalhar, muitas vezes desafiando-as para novos projetos.

Com ela à frente da Direção Regional, todas as áreas da Cultura e do Património tiveram honras de ribalta, à vez e no momento certo. A atuação deste organismo passou por áreas tão diferentes como os monumentos e outro património físico, o património imaterial, a edição de livros, o apoio ao teatro e a outras artes performativas, a música, a investigação, a arqueologia, a museologia. Nada ficou esquecido, em nenhum canto do Algarve.

Mas estes quatro anos em que Dália Paulo foi diretora regional de Cultura não foram fáceis, porque coincidiram com a tão famigerada crise e com os sucessivos cortes orçamentais que afetaram de forma ainda mais profunda áreas consideradas como «não fundamentais» pelos Governos, como a Cultura.

Mas, mesmo sem dinheiro para fazer muita coisa, o trabalho surgiu e não parou. Aliás, acho que Dália Paulo e a equipa da Direção Regional se superaram a esse nível, conseguindo verdadeiros milagres, fazendo até omeletes sem ovos.

Como? Sobretudo através do diálogo, que permitiu a colaboração e o apoio de entidades, algumas delas privadas, em iniciativas diversas, e que permitiu a criação de parcerias aos mais diversos níveis.

Não se pense que o estabelecimento dessas parcerias é tarefa fácil. Para o seu sucesso contribuiu muito o perfil discreto, mas firme e atuante, da anterior diretora regional de Cultura.

Diálogo, consenso, parceria, paixão, trabalho, inovação, superação, seriedade, consistência são palavras que associo a Dália Paulo. Eu, que conheci, enquanto jornalista, todos os delegados e depois diretores regionais de Cultura desde Tomás Ribas, nos anos 80, não tenho pejo em dizer que ela foi, até agora, a melhor de sempre.

A fasquia está, pois, muito alta. E a nova diretora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, que no dia 16, iniciou oficialmente as suas funções, tem, por isso, uma tarefa mais difícil.

 

Este é o texto da crónica radiofónica que todas as quintas-feiras assino na Rádio Universitária do Algarve (RUA) e
que pode ser ouvida em podcast aqui.


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