Comunicado do CHA sobre morte de criança em Portimão motiva moções de repúdio da Câmara

O executivo da Câmara de Portimão aprovou ontem, por unanimidade, duas moções de repúdio ao comunicado emitido a 6 de […]

O executivo da Câmara de Portimão aprovou ontem, por unanimidade, duas moções de repúdio ao comunicado emitido a 6 de novembro pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que atribuía culpas da morte da criança de 8 anos, no hospital de Portimão, a quem tem contestado as alterações em curso nas unidades hospitalares algarvias.

O comunicado, como o Sul Informação então noticiou, afirmava que «a haver culpados [pela morte da criança, na sequência de uma apendicite que não foi detetada a tempo], estes são todos aqueles que não perdem uma oportunidade para denegrir a imagem do hospital, vilipendiando todos os abnegados funcionários públicos que nele trabalham».

«A haver culpados estes são todos aqueles que, por interesses económicos, de evidência social ou da mais rasteira política, não hesitam em lançar a desconfiança, o medo e o desespero nas pessoas. São todos esses que nunca perdem uma oportunidade para atingir os seus fins os verdadeiros, mas indiretos, culpados desta tragédia. Que lhes pese na consciência», continuava o comunicado do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve.

Uma das moções de repúdio foi apresentada pela própria presidente da Câmara de Portimão Isilda Gomes, que, no texto, lamentou a postura da administração do CHA, questionando se «a defesa dos interesses de Portimão pode ser considerado delito de opinião?».

O documento apresentado pela autarca sublinha que, «sem que nada o fizesse prever, decidiu o Conselho de Administração do CHA incluir no final do referido comunicado, quatro parágrafos que configuram uma crítica a todos os que têm manifestado a sua preocupação com o resultado da fusão do Centro Hospitalar do Barlavento e do Hospital Distrital de Faro e a eventual perda de qualidade dos serviços prestados, sobretudo na unidade de Portimão».

Isilda Gomes defende na sua moção que «a administração do CHA deve ser questionada sobre a oportunidade deste inusitado ataque», considerando que «aproveitar a trágica morte de uma criança para desferir um ataque a quem, de forma livre, diverge da opinião do CA do CHA revela uma insensibilidade gritante para quem dirige um serviço de saúde e uma antipatia profunda por quem apenas exerceu, e esperamos que continue a exercer, o direito a ter uma opinião diversa dos signatários do referido comunicado».

Isilda Gomes, que foi uma das pessoas que, durante o período de campanha eleitoral, tomou posição contra as alterações em curso no CHA, garante agora que se recusará a encontrar-se com Pedro Nunes, presidente do Conselho de Administração do CHA, «enquanto este não se retratar publicamente de tão graves insinuações».

Também a coligação Servir Portimão apresentou uma moção sobre o comunicado, começando por pedir «bom senso à administração do Centro Hospitalar do Algarve» e considerando o referido trecho do comunicado (parte final) como «indigno e gravemente atentatório das mais elementares regras do decoro, respeito e dor de uma família que perdeu uma criança de 8 anos de idade».

Ambas as moções foram aprovadas por unanimidade e serão remetidas à família de Paulo Silaghi, à Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia da República, aos Grupos Parlamentares do PSD, CDS/PP, PS, PCP, BE e PEV na Assembleia da República, ao Ministro da Saúde, à Administração Regional de Saúde do Algarve, ao Centro Hospitalar do Algarve e à Associação de Municípios do Algarve.

O comunicado do CA do CHA apresentava as conclusões do inquérito interno sobre a morte da criança, concluindo, sem surpresas, que os médicos do Hospital do Barlavento Algarvio que atenderam a vítima fizeram «o que era adequado» na altura em que tiveram contacto com a criança.

Também a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS) abriu um inquérito sobre o atendimento ao menino de 8 anos que faleceu de apendicite, uma vez que ele também foi consultado no Centro de Saúde de Portimão, sem que tivesse sido detetada a doença aguda.

Comentários

pub