Adelino Canário: Investigação pode dar mais rendimento à universidade

As eleições para a reitoria da Universidade do Algarve terão lugar a 27 de novembro e há três candidatos ao […]

As eleições para a reitoria da Universidade do Algarve terão lugar a 27 de novembro e há três candidatos ao cargo, todos eles professores da casa: Adelino Canário, António Branco e Efigénio Rebelo.

O Sul Informação e a Rádio Universitária do Algarve RUA FM (102.7 FM) entrevistaram os três candidatos, em conversas que são uma antecipação às audições públicas que decorrem a 26 de novembro. O nosso jornal irá lançar um artigo por entrevista, o primeiro dos quais este, com Adelino Canário. Amanhã, sexta-feira, de manhã será a vez de dar a conhecer as ideias de António Branco e à tarde, de Efigénio Rebelo. As peças são lançadas pela ordem escolhida para a audição pública.

 

Adelino Canário: Investigação pode dar mais rendimento à universidade

Aumentar as fontes e montantes de financiamento da Universidade do Algarve, melhorar a organização interna, reforçando a partilha de infraestruturas e recursos entre unidades e centros de investigação, incentivar os alunos a usufruir do programa Erasmus, diversificar a oferta formativa, com maior aposta em oferta complementar ao 1º ciclo e fomentar a autonomia financeira das Unidades Orgânicas.

Estas são algumas propostas que Adelino Canário apresenta no seu programa de ação e com as quais quer convencer os membros do Conselho Geral a apostar nele para dirigir a UAlg nos próximos quatro anos.

«A Universidade do Algarve tem de dar um alto qualificativo. Por razões várias, a instituição não progrediu, nos últimos anos, aquilo que gostaríamos que tivesse progredido. Por razões várias. Eu tenho uma visão positiva da Universidade do Algarve, daí achar que podemos fazer muito melhor», considerou Adelino Canário. Esta é a, de resto, a lógica por detrás do mote que escolheu para a sua candidatura: «Abrir as Portas ao Futuro»

E o futuro terá sempre de passar pela resolução dos conhecidos problemas financeiros da universidade pública algarvia.

«Acho que não há uma solução única, temos de percorrer vários caminhos. A questão financeira, que eu acho que está muito ligada à situação do país, é temporária. No entanto, nós temos possibilidades de abrir o leque de financiamentos ou, pelo menos, de reforçar os já existentes», considerou.

Adelino Canário defende, por exemplo, que a UAlg «pode ser muito mais eficiente em ir buscar dinheiro à Comissão Europeia para financiamento de projetos científicos». Mas «é preciso montar a máquina necessária para a complexidade desses projetos». Reforçar a prestação de serviços a entidades externas é outro caminho.

«No que toca à situação financeira a curto prazo, terei de tomar conhecimento das coisas em detalhe. Não conheço os detalhes da forma como são utilizados os fundos e se determinadas áreas podem ser reestruturadas. Tenho quase a certeza que sim», disse.

Para incentivar as diferentes Unidades Orgânicas a procurar fontes de receita própria, o candidato a reitor sugere uma maior autonomia financeira das Faculdades e Escolas, no sentido de que possam «vir a gerir alguma da verba que gerem».

também na área pedagógica há dinheiro a ganhar. «Podemos fazer cursos de pequena duração, para além dos normais, que podem atrair pessoas de fora. Temos bom nível de investigação em certas áreas, temos cá gente de grande nível internacional e podemos usar essa frente para poder atrair jovens», acrescentou. Estes cursos «podem ser workshops ou de quase tudo, inclusivamente cursos para empresas».

 

Mais oferta formativa e melhor organização, a pensar em alunos e professores

Será por cursos complementares que passará a diversificação da oferta formativa defendida por Adelino Canário. No que toca à oferta “tradicional”, muito associada aos cursos de 1º ciclo, as licenciaturas, não defende o seu aumento, «nem a estruturação permanente de cursos».

No que toca aos discentes e a captação de novos alunos, a aposta vai para a «eficiência», que se traduz, no fundo, na «qualidade» do ensino. «Isto para que os alunos que precisam de determinadas informações, não andem a saltitar de um lado para o outro», referiu.

Além de «poupar dinheiro em todos os sentidos», este é também um desígnio fundamental para a capacidade de atração de novos estudantes da UAlg. «Nós, se formos reconhecidos como sendo organizados e tendo ensino de boa qualidade, os estudantes vão dizê-lo a outros. E os alunos são a principal fonte de divulgação da universidade», considerou.

Adelino Canário também quer equilibrar a balança entre os alunos estrangeiros que chegam através do programa Erasmus e aqueles formados na UAlg que procuram uma experiência temporária em universidades de outros países.

Isto porque, além da mais-valia pedagógica, «a universidade não ganha dinheiro com os alunos que vêm de fora, que não pagam propinas», embora assuma despesas decorrentes da sua formação. Um maior equilíbrio entre os que vêm e os que saem compensaria este efeito, considera.

Adelino Canário também tem propostas a pensar nos docentes, uma das quais é avaliar os professores «por objetivos». Algo que não tem tanto a ver com a questão do desempenho, mas com a organização da estrutura.

«O que eu acho, é que as pessoas devem dizer de antemão: Eu nos próximos três anos, quero fazer investigação. Outros poderão dizer: Eu não estou muito inclinado para a investigação e prefiro dar aulas. Porque o sistema que agora está vigente é perfeitamente anacrónico, não tem o objetivo de melhorar a eficiência da universidade», ilustrou.

 

Adelino Canário considera que experiência que acumulou «pode ser útil à UAlg»

«O que me leva a candidatar é a ideia de que poderei ser útil para a UAlg. Já cheguei a uma certa idade e a um ponto da minha carreira em que temos de tomar algumas decisões quanto aquilo que podemos oferecer de melhor. Achei que podia contribuir, porque já consegui experiência suficientemente grande, não só a nível nacional, mas também internacional, que penso que poderá ser útil».

Adelino Canário é Professor Catedrático da UAlg, que além de um longo percurso dentro da instituição, é reconhecido internacionalmente pelo trabalho de investigação que desenvolve na área das Ciências do Mar. É diretor do CCMar e já ocupou os mais diversos cargos de direção e representação em órgãos da UAlg.

 

Nota: A entrevista com Adelino Canário foi originalmente para o ar na RUA FM ontem, quarta-feira, às 18h30 (basta seguir o link para a ouvir na íntegra). As conversas com António Branco e Efigénio Rebelo poderão ser ouvidas à mesma hora, hoje e amanhã. As entrevistas podem voltar a ser ouvidas na íntegra no sábado, a partir do meio dia, em 102.7 FM ou no site da RUA FM. As entrevistas foram realizadas por Hugo Rodrigues e Pedro Duarte, diretor da RUA.

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