Investigador defende aplicação de tecnossolos na recuperação de minas abandonadas

“A aplicação de tecnossolos derivados de resíduos para a recuperação de solos, águas e ecossistemas é uma tecnologia atrativa e […]

“A aplicação de tecnossolos derivados de resíduos para a recuperação de solos, águas e ecossistemas é uma tecnologia atrativa e sustentável, por contribuir para a valorização de subprodutos resultantes de atividades humanas (ex. agrícola, pecuária, agro-industrial, industrial) e para a reutilização de matéria orgânica, nutrientes bem como melhoria das propriedades físico-químicas do solo”.

Esta posição é do investigador Ramón Verde e foi revelada durante a sessão plenária intitulada «Tecnosoles y biocarbones en procesos de recuperacion de suelos, aguas y ecossistemas», no IV Seminário Luso-brasileiro em Ciências do Ambiente e Empresariais, que se realizou no Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF), em Loulé.

O Investigador espanhol salientou que, nas últimas décadas, a quantidade de resíduos produzidos por atividades humanas tem aumentado consideravelmente, tornando-se um crescente problema de gestão ambiental.

Ramón Verde, professor doutor e investigador da Universidad de Santiago de Compostela (Espanha), recordou que a Estratégia para a Proteção dos Solos da Europa apontou que, em 2004, na UE15, foram produzidos mais de 1 bilião de toneladas de resíduos orgânicos que, quase na sua totalidade foram direcionados para sistemas de aterro sanitário, incineração ou compostagem.

O tecnossolo consiste na mistura de resíduos orgânicos e inorgânicos de modo a “criar” um solo artificial com as mesmas funções biológicas, físicas e químicas que um solo natural, que poderá evitar a degradação dos solos devido ao não aproveitamento adequado dos resíduos orgânicos.

O investigador Ramón Verde esteve à frente de projetos como a recuperação da Mina do Touro (perto de Santiago de Compostela), desenvolvendo o projeto de recuperação ambiental ao nível de solos e águas.

 

Grupo quer recuperar a Mina de São Domingos

Em Portugal, a investigadora Erika Santos, do Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais do INUAF, colabora com o grupo de investigação de Santiago de Compostela, ao qual pertence Ramón Verde, e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, no estudo da reabilitação ambiental da Mina de São Domingos (Alentejo), através da aplicação de Tecnossolos e crescimento de vegetação espontânea com potencial valor económico.

Erika Santos defende que esta tecnologia ambiental, de baixo custo, pode “diminuir o risco ambiental e de saúde pública”.

“Em Portugal, nomeadamente na faixa piritosa ibérica portuguesa, existem inúmeras minas abandonadas (como por exemplo a Mina de São Domingos, Caveira, Lousal, Chança, etc.) que apresentam risco ambiental (em algumas o risco é máximo como é o caso da mina de São Domingos) e de saúde pública, uma vez que foram abandonadas antes da entrada em vigor da legislação sobre recuperação pós-atividade, nada é feito nelas sendo grandes focos de contaminação”, explica.

Na Mina de São Domingos (Mértola,) existem elevadas concentrações de elementos contaminados (ex. arsénio, chumbo, cobre etc) e a geração de drenagem ácida, contribuindo para a dispersão da contaminação para os solos e águas e, consequentemente, diminuição da vegetação.

O  objetivo deste trabalho é extrapolar o processo de recuperação ambiental, desenvolvido e testado pela equipa de Santiago de Compostela, e adaptá-lo para a mina de São Domingos.

O processo de recuperação é composto pela aplicação de tecnossolos derivados de resíduos orgânicos e inorgânicos da região e desenvolvimento de plantas autóctones com valor comercial.

No processo de recuperação, está incluída a aplicação uma estratégia integrada de valorização dos resíduos, diminuindo o custo do processo de recuperação ambiental.

 

 

 

Comentários

pub