CDU de Lagos quer nova ponte para substituir D. Maria II, Câmara avança para recuperação

A CDU de Lagos defende, em carta aberta divulgada ontem, a construção de uma nova ponte entre as duas margens […]

A CDU de Lagos defende, em carta aberta divulgada ontem, a construção de uma nova ponte entre as duas margens da Ribeira de Bensafrim, naquela cidade, e a devolução da ponte de D. Maria II à sua traça anterior a 1950, mas os planos da Câmara Municipal, já em andamento, são outros.

A ponte D.Maria II, que fez parte da EN125 e garantia o acesso a Lagos, foi fechada ao trânsito a 11 de fevereiro de 2012, por ordem da Câmara, depois de uma inspeção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ter detetado problemas na estrutura.

Na sua carta aberta, os comunistas defendem a «recuperação da valiosa originalidade patrimonial da ponte de antes de 1950» e preconizam a construção de «uma nova ponte do lado poente do Pingo Doce, desviando o arruamento ali existente, para o ligar ao arruamento existente na margem direita, até junto do nó da rotunda do barco».

Com esta solução, para cujo financiamento a CDU não deixa pistas na sua carta aberta, «a ligação rodoviária com a Meia Praia ficará, na prática, em tudo idêntica à que está interrompida. Ficará ainda proporcionado o acesso direto da margem esquerda ao Complexo Desportivo», bem como «satisfeitos todos os interesses envolvidos, públicos e privados, urbanísticos, culturais, comerciais».

A antiga ponte, segundo os comunistas, deverá ficar «exclusivamente para trânsito pedestre, portanto sem os custos das exigências técnicas para admitir cargas pesadas».

Ora, os planos da autarquia de Lagos são diferentes, segundo revelou ao Sul Informação a nova presidente da Câmara Joaquina Matos. «O projeto para reabilitação da ponte D. Maria II já foi adjudicado [ainda pelo anterior executivo]», sendo que «no dia 5 de novembro terá lugar a primeira reunião com a equipa projetista». A própria autarca, bem como técnicos municipais, irão participar nessa primeira reunião.

O que a Câmara de Lagos prevê, num processo iniciado pelo anterior executivo liderado por Júlio Barroso e agora continuado por Joaquina Matos, ambos do PS, é «a reabilitação total da ponte, cuja estrutura será totalmente reforçada, fortalecida, de modo a aguentar todo o tipo de tráfego. Ficará como uma ponte nova».

Quanto ao aspeto estético, a presidente da autarquia garante que ele se «manterá e será até recuperada a traça antiga».

O projeto de reabilitação da Ponte D. Maria II prevê também, segundo Joaquina Matos, «uma zona pedonal alargada, mas mantendo a ligação rodoviária entre os dois lados da ribeira, entre a avenida e o outro lado. Está a ser dada uma grande atenção à circulação pedonal. A ponte manterá a sua traça, mas será uma estrutura inteiramente renovada».

Apesar de o projeto estar ainda a ser elaborado, as primeiras estimativas para a obra indicam custos na ordem do milhão de euros. E quem paga esse investimento? «Pagará a Câmara uma parte, mas vamos também ver a que financiamentos europeus poderemos ainda recorrer», revela Joaquina Matos.

Quanto à proposta da CDU para recuperar a antiga ponte, apenas para trânsito pedonal, e a construção de uma nova estrutura ao lado, a autarca socialista diz que «isso não está a ser considerado», até porque «representaria um grande encargo para a autarquia».

Apesar desta opinião da Câmara de Lagos, os comunistas lacobrigenses, na sua carta aberta, afirmam que será negativo insistir «em manter todos os erros que, na obra dos anos 50 do século XX, e inacreditavelmente repetidos no Plano de Urbanização de Lagos de 2008, incidiram sobre o património histórico e de memória que é a ponte de D.Maria II, na autenticidade da sua antiga forma».

Em contrapartida, defendem que «a nova ponte, dos dias de hoje, será um contributo inestimável, tanto como expressão da técnica e da cultura da nossa época, como na estruturação harmoniosa do futuro de Lagos» e preconizam um «amplo debate público» sobre as possíveis soluções, «abrangendo a população, os saberes técnicos, os valores culturais e os interesses abrangidos».

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