Verdades sobre o País (III)

Em muitos países, há uma “troca de favores” entre uma agência de publicidade e relações públicas, que, se fizer a […]

Em muitos países, há uma “troca de favores” entre uma agência de publicidade e relações públicas, que, se fizer a campanha para um partido por 1/10 do preço, ganha depois a publicidade institucional do governo.

Ora, todos sabemos que se um governo é bom, não precisa pagar publicidade. Nos países Nórdicos, publicidade governamental, aqui chamada informação pública, seria vista como um crime contra a democracia.

O mesmo ocorre com as empresas de consultoria: a que oferece por 1/10 do preço os seus préstimos na campanha ganhará concursos para estudos para os quais ela não tem competência; pois no caderno de encargos vêm exigências que só ela pode atender.

Se o IAPMEI é tão bom, para quê publicitar pelos bancos em página inteira, nos jornais mais caros? O que é bom vai no passa-palavra.

 

A governação e a UE

Para melhorar a governação, i.e, aprovar o que bem se quiser, contra todas as opiniões, em todas as situações, claramente contra a real democracia, onde ajustes com minorias são vitais para a boa prática das leis, os partidos em toda a UE começaram a receber apoios de empresas, alegadamente às vezes do saco azul.

Pois uma campanha eleitoral custa centenas de milhões de euros. Daí, muitas das faturas serem pagas por empresas, como serviço a elas prestado. Não há melhores setores para pagar estas faturas do que os das obras-públicas, construção civil e grandes superfícies, que podem trocar serviços com gráficas, consultoras, revistas, televisões, etc.

Isto ocorre nos países sem claras regras dos procedimentos das campanhas eleitorais, como há nos Nórdicos. Até na Alemanha vimos o escândalo de fundos para o partido maioritário em 2007.

Muitos políticos e alguns partidos põe a ânsia de governar acima ao de servir o cidadão. Assim, a abstenção é cada vez maior e a credibilidade dos políticos e juízes cada vez menor.

Quando alguém questiona o sistema e apresenta uma visão diferente, como Obama nos EUA, consegue virar esta tendência e ganhar os votos dos descrentes e dos neo-eleitores.

Foi assim no Brasil, nos EUA, na Argentina e Suécia; como será em Portugal?

“Sendo menor a dependência de recursos financeiros, que antes tinham de ser gerados internamente, tendo havido uma taxa de substituição elevada dos protagonistas políticos, a repetição dos mesmos resultados negativos nas tentativas de modernização terá de procurar a sua interpretação em domínios que transcendem a questão económica”, escreveu Ernâni Lopes, no ensaio “Hypercluster do Mar”.

 

Remunerações cá e lá

Eis alguns salários, que poderão aumentar:

– Presidente dos CTT, 200.200€
– Regulador da Comunicação Social, 224.000€
– Presidente da ERSE, Regula a Energia, 233.857€
– Presidente da CMVM, 245.552€
– Presidente do ISP, Seguros de Portugal, 247.938€
– Ex-Governador, Banco Portugal, 249.448€
– Chairman da PT, 365.000€
– Presidente da CGD, 371.000€

Fonte: Jornal SOL, 22/01/2010

Na pobre Suécia, com o custo de vida +50% que o nosso, a remuneração líquida dos que aqui ganham de 130 a 250 lá fica nos 50 mil. Os três do top, nos 80 mil.

 

(continuará)

 

Autor: Jack Soifer é consultor internacional e autor dos livros Como Sair da Crise, Algarve/ Alentejo – My Love e Ontem e Oje na Economia.

 

 

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