Tavira promove Feira para celebrar as muitas vertentes da Dieta Mediterrânica

A Dieta Mediterrânica é muito mais do que gastronomia, é toda uma identidade cultural, o território, os que lá vivem […]

A Dieta Mediterrânica é muito mais do que gastronomia, é toda uma identidade cultural, o território, os que lá vivem e os seus saberes ancestrais, os produtos locais e até saúde. E tudo isto cabe na 1ª edição da Feira da Dieta Mediterrânica, que decorre de 6 a 8 de setembro, em Tavira.

O certame, realizado no âmbito da candidatura Transnacional da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade, que, em Portugal, é liderada por Tavira, foi apresentado na passada semana, numa sessão que juntou as muitas entidades envolvidas na feira. Uma variedade institucional que demonstra, precisamente, a abrangência desta candidatura.

Quem se dirigir no próximo fim-de-semana à Rua do Cais, em Tavira, junto ao Rio Gilão, poderá usufruir de muitas atividades. A gastronomia, o artesanato e os produtos agrícolas vão estar em destaque, mas também haverá muita música e animação.

A zona histórica da cidade de Tavira será o ponto principal, mas não o único local a receber a Feira da Dieta Mediterrânica. O Posto Agrário de Tavira, da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (Drapalg), será aberto à população e também irá acolher diversas atividades, promovidas por esta entidade.

A abertura ao público do Posto Agrário é um exemplo do que irá ser feito, no futuro, para celebrar a herança mediterrânica de Portugal. Uma das condições da UNESCO, caso Tavira e os parceiros sejam reconhecidos como bastiões da Dieta Mediterrânica, é que esta herança cultural seja mantida e acarinhada. E um dos meios é através da museologia.

«O Museu da Dieta Mediterrânica passa quase a ser uma obrigatoriedade. Vamos transformar um museu que existe no Posto Agrário, que era para ser o Museu da Terra, em algo mais interativo e participado. A comunidade escolar tem de ser envolvida, numa perspetiva de combater a obesidade e promover a qualidade alimentar nas escolas», referiu o presidente da Câmara de Tavira Jorge Botelho, à margem da apresentação da Feira.

A primeira fase deste museu está já em crescimento, a palavra certa a aplicar, uma vez que se tratará de um museu vivo «de todas as fruteiras regionais», segundo o diretor regional de Agricultura Fernando Severino. Um núcleo que se prevê que esteja pronto «em 2015».

A Drapalg tem ainda o sonho de instalar no mesmo Posto Agrário um «Centro de Estudos da Dieta Mediterrânica, quando houver verba para o fazer». Embora muito do que já está a ser feito não dependa da aprovação da candidatura a Património Imaterial da Humanidade, irá ajudar em muitos aspetos.

«Algo que é fundamental, é que a questão de colocar Tavira como capital da Dieta Mediterrânica, vai-nos dar acesso a um conjunto de verbas, previstas em fundos comunitários, para termos um plano de salvaguarda e continuarmos a promover este território», salientou o presidente da Câmara de Tavira.

Para já, revelou o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRA) David Santos, há já uma candidatura a fundos comunitários aprovada, no valor de 330 mil euros, que serve não só para financiar a Feira da dieta Mediterrânica, mas também outras medidas de promoção deste modo de vida, como o museu vivo do Posto Agrário de Tavira.

«Temos aqui todos os parceiros institucionais do Algarve: a CCDR, a Região de Turismo, as escolas de hotelaria, a Direção Regional de Agricultura e a associação In Loco e outros, como a Associação Portuguesa de Cardiologia e os nutricionistas», realçou Jorge Botelho.

Algo que é muito importante, já que o envolvimento das entidades oficiais e da sociedade civil são um dos pontos a favor de uma eventual aprovação da candidatura. A confiança na luz verde da UNESCO é, de resto, transversal aos diferentes parceiros.

A parte gastronómica do certame estará, em grande parte, a cargo da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António, que tem vindo a apostar em dar formação aos seus alunos muito orientada para a Dieta Mediterrânica. Já a In Loco irá promover produtos da terra produzidos de forma sustentável, com especial ênfase «nos circuitos curtos de produção».

«Teremos 50 produtores presentes, a maioria do Algarve, mas também de outros pontos do país, já que esta é uma candidatura nacional», revelou o representante da associação de desenvolvimento regional Nelson Dias.

 

Feira da Dieta Mediterrânica é para continuar

Esta Feira já não deverá influenciar a candidatura internacional, que junta sete países e no qual Portugal se inclui, da Dieta Mediterrânica a Património da humanidade.

A UNESCO irá votar a proposta conjunta de Portugal, Espanha, Itália, Croácia, Marrocos, Chipre e Grécia em dezembro, na próxima Assembleia Geral da organização, mas as avaliações e relatórios já estarão fechados.

A Feira de Tavira até irá contar «com alguns dos peritos» responsáveis por avaliar a candidatura, anunciou Jorge Botelho, mas «vêm na qualidade de visitantes» e não de avaliadores. Até porque, lembrou o autarca, Tavira e os seus parceiros já levam «dois anos e meio de trabalho sobre isto».

«Não há duas oportunidades para fazer o trabalho bem feito. E aquilo que foi aqui feito nos últimos dois anos e meio é algo que vai pôr Tavira na primeira linha de patrimónios e destinos turísticos únicos», considerou Jorge Botelho.

Mas, mesmo que a candidatura, na qual Tavira é a comunidade representativa de Portugal, seja rejeitada, a máquina não vai parar. «A nossa ideia é fazer a segunda Feira da Dieta Mediterrânica e depois outra e, claro, crescer, tentando melhorar sempre e corrigir eventuais erros», disse.

 

 

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