«Almeida Carvalho», um navio que se afundou duas vezes

O antigo navio oceanográfico «Almeida Carvalho» custou a ir ao fundo, pois a sua imersão propositada só ocorreu 56 minutos […]

O antigo navio oceanográfico «Almeida Carvalho» custou a ir ao fundo, pois a sua imersão propositada só ocorreu 56 minutos depois da hora inicialmente prevista. Mas desde a primeira explosão ao seu desaparecimento nas águas do Atlântico, cerca de três milhas ao largo da praia de Alvor, o tempo passou depressa: 1 minuto e dois segundos.

Desta vez, o navio de quase 50 anos está mesmo no fundo e bem assente na areia, tal como foi constatado, pouco tempo depois do afundamento, pelos mergulhadores da Marinha.

Mas, na verdade, esta não é a primeira vez que o navio se afunda. Em 1965, quando estava ainda em construção nos estaleiros da Marietta ShipBuilding Co, na Califórnia, na Costa Leste dos Estados Unidos, a passagem do tufão Betsy afundou-o.

Segundo contou ao Sul Informação o contra-almirante Nunes Teixeira, representante do Chefe do Estado-Maior da Armada no afundamento deste domingo, «o tufão fez com que um outro navio perdesse a amarra e viesse embater neste, fazendo-o afundar». O resultado é que o navio só em janeiro de 1969 entrou ao serviço da Marinha norte-americana, a US Navy, com o nome de «USNS Kellar».

Apenas três anos depois, em abril de 1972, iniciou a sua atividade operacional ao serviço da Marinha Portuguesa, executando toda a diversidade de tarefas hidro-oceanográficas na costa continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

Já com o nome de «Almeida Carvalho», realizou mais de 41 mil horas de navegação e percorreu mais de 244 mil milhas náuticas ao longo de mais de 30 anos ao serviço da Marinha e da investigação técnico-científica em Portugal. É detentor, até ao momento, do maior número de cruzeiros científicos no âmbito da Marinha Portuguesa.

A 4 de dezembro de 2002, passou ao estado de desarmamento, para posterior abate ao efetivo dos navios da Armada.

O «Almeida Carvalho» era dotado de uma instalação propulsora diesel-elétrica de 1200 cavalos, tinha uma guarnição de 36 homens (5 oficiais, 7 sargentos e 24 praças), podendo ainda alojar uma equipa técnica de 10 pessoas.

A denominação Almeida Carvalho evoca o capitão-de-fragata Ernesto Tavares de Almeida Carvalho, a quem se deve, entre outros trabalhos, o levantamento hidrográfico do litoral de Sines e a publicação de diversos estudos sobre a densidade da água do mar e a profundidade dos oceanos.

 

Veja aqui todas as fotos do afundamento do navio hidrográfico «Almeida Carvalho».

 

 

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