Sexta-feira à noite também serve para correr e conviver

Correr por gosto até pode cansar um bocado, mas, quando se tem companhia, é muito mais agradável. Esta é a […]

Correr por gosto até pode cansar um bocado, mas, quando se tem companhia, é muito mais agradável. Esta é a ideia por detrás da iniciativa «Corridas à Sexta-Feira», que tem juntado diversos atletas amadores desde o início de agosto, que percorrem percursos de cerca de dez quilómetros em diferentes locais, sempre à sexta-feira à noite.

Até agora, já foram realizadas duas saídas, uma na Ilha de Tavira e outra ao Cerro de São Miguel. Hoje, sexta-feira, o grupo vai correr «em redor de São Brás de Alportel», às 21h30.

A iniciativa foi lançada por Luís Trindade, um triatleta algarvio que pensou que esta seria uma boa forma de chamar pessoas a praticar desporto, principalmente os que já têm vontade e algum hábito de correr, mas acabam por não o fazer por falta de companhia.

O promotor das corridas criou um grupo no Facebook, de modo a divulgar a iniciativa, chamou amigos e começou a correr. Na segunda «Corrida à Sexta-Feira», juntaram-se 12 pessoas, algumas das quais souberam da existência da iniciativa através do Facebook. Hoje, o organizador do evento espera «bater de novo o recorde».

Luís Trindade esteve à conversa com o Sul Informação e com a Rádio Universitária do Algarve RUA FM, para explicar em que consiste esta iniciativa. «O objetivo deste grupo é divulgar eventos de corrida no Algarve, especialmente aqui no Sotavento. Mas não são corridas de cariz competitivo. Podemos chamar-lhes corridas/treino/convívio», explicou.

Esta última vertente assume uma preponderância muito grande, nestas saídas, já que «no final de cada corrida há um momento de convívio, com partilha de bebidas e comida que cada um leva e conversa sobre a corrida ou outros assuntos».

«Gostava, com esta iniciativa, de chamar pessoas que já praticam algum desporto, ou seja, que já façam alguma corrida, mas que estejam a ficar desmotivados, por não terem companhia. Desta forma, podem ver que há corredores mais habituados, que lhes podem dar apoio e sugestões, nomeadamente sobre a sua técnica de corrida e que os podem ajudar a evoluir», explicou.

Ainda assim, estar habituado a fazer desporto não é condição para se participar nas «Corridas à Sexta-feira», já que a regra principal é que «ninguém corre sozinho». «As pessoas podem ter medo de aparecer, por pensar que o ritmo irá ser demasiado puxado. Não é assim. Até temos formado dois grupos, um com aqueles que gostam de ir mais rápido e um segundo, que anda sempre pelo andamento da pessoa que corre mais devagar», explicou.

«Os trajetos têm rondado os dez quilómetros, o que é um bocado puxado para quem estiver muito no início. Mas este não é um modelo fechado, é flexível e, consoante quem aparecer no evento, teremos de mudar isso. Inclusivamente, adaptá-lo para os que queiram apenas andar», revelou.

Correr em grupo, além de tornar a experiência mais agradável, também permite desfrutar de percursos que dificilmente se fariam sozinhos. «O caso da corrida na Ilha de Tavira [de Pedras d’el Rei à Ilha de Tavira pelo areal] é um exemplo. Sozinhas não iriam, mas acompanhadas, torna-se interessante», considerou.

Para se juntar à iniciativa, basta pedir para aderir ao grupo «Corridas à Sexta», no Facebook, onde são organizadas as saídas e, em breve, será lançado o desafio aos membros de sugerir e votar locais para correr. Para já, só está definido o destino da próxima sexta-feira, a mata do Ludo, em Faro.

 

Nunca é tarde para começar a ser um desportista

Luís Trindade é hoje, aos 44 anos, um atleta amador com uma capacidade invejável, que já participou num triatlo longo, onde teve de nadar dois quilómetros, pedalar 90 e correr, em seguida, 20 quilómetros. Corridas que, no fundo, são meia prova «Iron Man», considerada a mais exigente do mundo.

Mas, há menos de 10 anos, não era de todo assim. «Eu era o chamado obeso tipo 1, com o peso valente de 100 quilos. Além disso, fumava dois maços de tabaco por dia, algo que fiz durante durante 20 anos», contou.

«Um dia, decidi que tinha de mudar. Primeiro comecei por deixar de fumar, já lá vão sete anos. Depois, disso aumentei de peso. Por fim, decidi que tinha de começar a perder peso e comecei a fazer exercício físico, algo que, antes, não me passava pela cabeça. Aliás, há alguns anos, se me falassem de ocupar uma sexta-feira a correr, eu diria que as pessoas eram doidas», disse.

Depois de começar a fazer exercício físico, apanhou-lhe o gosto e foi evoluindo. «Comecei por correr. Já nadava alguma coisa, mas não pedalava, nem sequer tinha bicicleta. Um dia vi uma reportagem sobre o Ironman no Hawai e pensei: isto é capaz de ser engraçado».

Na altura, juntou-se ao Louletano, o único clube que, então, tinha a modalidade de triatlo estruturada. «Comecei aos poucos, fui evoluindo, participei em provas mais curtas e, este ano, já consegui fazer um triatlo longo, algo que pensava que nunca iria conseguir fazer», resumiu.

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