LPN e Federação Portuguesa de Caçadores pedem moratória de dois anos na caça à rola-brava

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e a Federação Portuguesa de Caçadores (FPC) apelam a uma «moratória de […]

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e a Federação Portuguesa de Caçadores (FPC) apelam a uma «moratória de dois anos da caça à rola-brava», com o «início imediato da realização de estudos, para perceber não somente o impacto da caça na rola-brava, senão mesmo os fenómenos que têm determinado o seu declínio continuado».

Em comunicado, aquelas entidades frisam a «necessidade de se decretar uma moratória à caça» da rola-brava, que representa um «perigo iminente e imediato para a manutenção da espécie».

Nas vésperas de mais uma abertura da época de caça, a mais antiga associação de defesa do ambiente da Península Ibérica sublinha que «é urgente» suspender a caça sobre esta espécie e que, «durante este período, se realizem estudos a nível mediterrânico sobre o declínio que ocorre não só em Portugal, mas também em Espanha, França e Reino Unido»

O declínio das populações de rola-brava (Streptopelia turtur) na Europa terá atingido perto dos 70% na última década e é urgente que se inicie um processo de conservação desta ave migratória que sempre povoou os campos e as florestas de Portugal.

«Para aqueles que disputam a fiabilidade dos dados, é de frisar que a Diretiva Aves mantém a necessidade de se utilizar o princípio de precaução para situações em que se desconhece como se comporta a espécie, exemplo claro da rola-brava», salientam a LPN e a FPC.

Sublinham também que «outras espécies cinegéticas mereceriam também uma maior atenção face às suspeitas de declínio que se sentem no campo, um pouco por todo o país, contudo a rola-brava está, de facto, a chegar a um possível ponto de não-retorno no que diz respeito à sua sustentabilidade cinegética em Portugal, pelo que é preciso agir de imediato, consertando esforços entre todas as partes envolvidas nesta atividade e entre os países que são abrangidos pelas rotas migratórias desta espécie».

Os vários debates e workshops mantidos sobre estas medidas urgentes «têm sido frustrados com a ideia de que só é possível uma moratória quando todos os países em que se caça a rola-brava a decretem em conjunto», acrescenta a LPN e a FPC no seu comunicado.

Ora, «perante o contínuo declínio, estes termos são repetidos em todos os países cujas autoridades e organizações venatórias, ao abrigo de não poderem implementar estas medidas de urgência nacionalmente, mantêm a caça à rola-brava e continuam a promover o declínio da espécie».

«Em Portugal a manutenção da caça à rola-brava é um engano, uma vez que cada vez há menos exemplares para ser caçados, e portanto mantém-se apenas a cobrança das licenças, não havendo nada que caçar», acrescentam.

A LPN e a Federação Portuguesa de Caçadores lançam, por isso, «o apelo ao Governo, nas pessoas do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural e do secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, para que aprove esta medida de exceção que é a moratória e que promova o diálogo internacional entre tutelas da caça, organizações do setor da caça, organizações ambientalistas, universidades e centros de estudos ligados à temática, federações internacionais de caçadores e organizações internacionais de conservação da natureza e aves, no sentido do início o mais rapidamente possível dos estudos sobre o declínio da Rola-brava».

«Há pessoas que se dedicam ao estudo esta temática em todos os países em que este declínio se verifica – é preciso promover a articulação de conhecimentos para recuperar a Rola-brava. A moratória e o estudo internacional são duas medidas da máxima urgência», concluem as duas entidades no seu comunicado.

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