Festival Terras Sem Sombra teve balanço francamente positivo

“Superaram-se todas as nossas expectativas – em 2013, um ano que se adivinhava bastante adverso, tendo em conta a conjuntura, […]

“Superaram-se todas as nossas expectativas – em 2013, um ano que se adivinhava bastante adverso, tendo em conta a conjuntura, e apesar da dificuldade em garantir uma rede de apoios, foi possível alcançar um resultado francamente positivo, com uma adesão massiva de espetadores”. Este é o balanço sobre mais uma edição do Festival Terras Sem Sombra, feita pelo seu diretor-geral José António Falcão.

“As gentes alentejanas querem claramente, a todo o custo, manter vivo o Terras Sem Sombra. Não podemos esquecer que, para muitos habitantes da nossa região, um território que ama a música, esta é a única ocasião para assistir a um concerto ao vivo”, acrescentou o principal responsável por este festival de música sacra do Alentejo.

Durante os quatro meses em que decorreu o Festival, passaram pela região milhares de visitantes de todo o país, muitos deles oriundos de Lisboa e Porto, mas há também um número crescente de estrangeiros, oriundos sobretudo de Espanha.

A itinerância do Terras sem Sombra teve reflexos na dinamização da economia de localidades como Almodôvar, Santiago do Cacém, Grândola, Beja, Vila de Frades, Castro Verde, Carvalhal, Comporta e Sines, contribuindo para dar vida às áreas da hotelaria, restauração, pequeno comércio e serviços, o que, em termos práticos, se traduziu num retorno interessante, nomeadamente do ponto de vista dos seus produtos de excelência.

“A mais-valia de uma iniciativa desta índole não se limita à descentralização cultural, o seu objetivo prioritário; de facto, há toda uma série de estímulos muito significativa, da valorização da autoestima em comunidades um pouco esquecidas à internacionalização do Alentejo como destino de qualidade”, salienta Falcão.

Paolo Pinamonti, o diretor artístico do Festival, apostou na qualidade estética desta 9.ª edição: “reunir alguns dos melhores artistas, ao nível nacional e internacional, foi o desafio que nos propusemos levar a cabo no início desta temporada, tendo como fio condutor a polifonia; o repertório selecionado e os intervenientes convidados permitiram uma viagem muito completa, a diversos níveis, transformando cada concerto no virar de uma página na história da música. No panorama europeu ouvem-se já, com frequência, ecos deveras favoráveis acerca da ação do FTSS e da riqueza do Alentejo. Muitos intérpretes artistas nacionais e estrangeiros têm demonstrado interesse em marcar, também eles, presença nas próximas edições do Festival”.

Há muito que o Terras Sem Sombra extravasou as fronteiras da música, património e biodiversidade.

Este é já um festival com impacto ao nível socioeconómico junto das forças vivas da região, colocando a tónica na promoção do território, na formação de novos públicos e na irradiação do Alentejo.

Graças à interação entre artistas, sociedade civil, instituições e comunidades locais é possível assegurar a produção de um projeto que cria sinergias e permite novas formas de ver, ouvir e, sobretudo, sentir o Alentejo e o seu património, tanto cultural como natural.

Algo que não passou despercebido aos mais importantes nomes da crítica musical em meios de referência, como os jornais Expresso, El País e El Mundo ou a Antena2 da RTP, a RAI e a SER.

Em 2014, o Terras sem Sombra irá assinalar a sua 10.ª edição, que recai no mesmo ano em que o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, entidade responsável pela organização do festival, celebra 30 anos de trabalho.

Paolo Pinamonti, que renova o seu contrato como diretor artístico, pretende trazer ao Alentejo experiências estéticas diversificadas, enriquecendo a qualidade e diferenciação dos concertos, que irão obedecer a nova calendarização.

Para tal, o Conselho de Curadores do Festival, presidido por Armando Sevinate Pinto, ex-ministro da Agricultura e consultor do Presidente da República para a Agricultura e o Mundo Rural, pondera um início mais antecipado da temporada musical.

Está também a ser redefinida a itinerância, mas com a promessa da integração de novas localidades que já manifestaram interesse em integrar o projeto.

“O programa do próximo ano incidirá nos grandes elementos da música”, salientou Paolo Pinamonti.

Uma sequência de highlights vai trazer ao Alentejo, pela mão de alguns dos principais intérpretes da cena musical da atualidade, ao nível nacional e internacional, a possibilidade de vivenciar o que há de mais íntimo na experiência da arte religiosa, a união entre a espiritualidade e a vibração estética.

Pinamonti desenhou, para tal, um programa que se estende desde a polifonia renascentista a Morton Feldmann, no coração da vanguarda da segunda metade do século XX, e atinge, segundo José António Falcão, “o âmago de um dos problemas mais dilacerantes da consciência contemporânea, a ausência do transcendente numa sociedade que proclamou a morte de Deus, mas não consegue sossegar sem Ele”.

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