Académicos e empresários juntos para que o Algarve empreenda e inove mais

Assim de repente, não é fácil imaginar o que liga o treinador Domingos Paciência a investigadores da Universidade do Algarve […]

Assim de repente, não é fácil imaginar o que liga o treinador Domingos Paciência a investigadores da Universidade do Algarve e à empresa algarvia Inesting. Mas a resposta é simples: o denominador comum entre estas três partes é o projeto Footdata, um exemplo da inovação Made in Algarve, que se quer potenciar através do projeto «Algarve 2015 Empreender e Inovar +», lançado esta semana.

A Universidade do Algarve (UAlg) e a Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA) uniram-se nesta iniciativa, à semelhança do que já tinham feito há cerca de uma década, para colocar de pé o Centro Regional de Inovação do Algarve (CRIA). Esta estrutura é hoje a Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg e o motor por detrás deste projeto.

A inovação e o empreendedorismo de base tecnológica, através da transferência de conhecimento da universidade para o setor privado, são já uma realidade palpável no Algarve, como demonstra o projeto Footdata, que está prestes a colocar no mercado a aplicação «Tatik». Este é um exemplo de ação colaborativa público-privado que pode e deve ser mais comum, o que levou ambas as entidades a apostar no «Empreender e Inovar +».

Um dos principais objetivos deste projeto é promover a criação de consórcios entre a Universidade e as empresas, que «contribuam para valorizar comercialmente os recursos naturais, científicos e tecnológicos da região». Uma definição que assenta como uma luva ao consórcio criado pela UAlg e a Inesting.

A história do Footdata e da aplicação «Tatik», que está a ser desenvolvida no âmbito do projeto, é daquelas dignas de ir parar a um manual de boas práticas do trabalho conjunto entre as universidades e empresas, para aproveitar um nicho de mercado que foi identificado.

Domingos Paciência, então treinador do Sporting, revelou a um amigo, investigador na UAlg, que lhe fazia falta uma ferramenta de gestão da equipa com determinadas características. Procurando achar uma solução para este problema, Carlos Gomes desafiou académicos e empreendedores a unir-se. E o casamento não podia ter sido mais feliz.

Sempre com o ex-internacional português como elemento central e consultor do projeto,  João Rodrigues (UAlg), Rui Brás (Inesting) e as equipas que coordenam  têm vindo a trabalhar na aplicação Tatik, que terá uma vertente profissional e outra social, sempre orientada ao mundo do Futebol.

Para a componente profissional, está a ser criado um Sistema de Aquisição e Gestão de Informação do departamento de Futebol muito elaborado (e impressionante, pelo menos aos olhos dos mais leigos).

Entre as muitas valências da «Tatik», no que ao trabalho profissional diz respeito, está um sistema de deteção e seguimento de jogadores, que permite ao treinador não só saber, em tempo real, a posição exata em campo dos seus jogadores, mas também os desvios de cada um ou do conjunto em relação à tática estipulada. A tudo isto, está associado o mais variado tipo de ferramentas estatísticas, informação que é toda integrada e tratada em conjunto.

E se esta ferramenta é útil para saber o que é que a equipa do treinador ou clube que a utilizar faz dentro de campo, não deixa de o ser para avaliar o adversário em tempo real, permitindo levar a componente tática a outro nível.

Também haverá uma componente social, cujos alvos são tecnicos, dirigentes e jogadores de futebol, que entre outras valências, se foca na gestão da carreira e é, também, um rede social de «perfil vertical», ou seja, «um site onde a indústria do futebol pode fazer o seu próprio network».

Se, só por si, o projeto já deixava a assistência com a sensação de estar a testemunhar inovação “em curso”, os responsáveis pelo projeto temperaram a apresentação com uma surpresa que, ainda que não seja uma novidade ou uma inovação recente, serviu para lembrar que as tecnologias existem para ser utilizadas.

Uma vez que Domingos Paciência não pode estar presente, foi promovido o contacto em direto por vídeo-chamada com o técnico, para que também ele pudesse dar o seu testemunho sobre o projeto que idealizou.

 

Porque inovar é preciso

A apresentação do projeto Footdata foi um dos exemplos dados durante a sessão de apresentação do projeto «Algarve 2015 Empreender e Inovar +» para mostrar que é possível fazer muito mais, se aliarmos criatividade e conhecimento ao empreendedorismo.

Além da criação de consórcios empresa-universidade, o projeto também se focará na promoção da iniciativa empresarial e no empreendedorismo, bem como na «criação de um ecossistema de inovação no Algarve».

A promoção do empreendedorismo passa pela realização de mais um concurso de ideias «Ideias em Caixa», já no final de 2013, que visa ajudar aspirantes a empreendedores a avançar com os bons projetos que tenham em mente.

Mas, para que não se fique apenas pelas ideias e pelo Plano de Negócios, há que «criar as bases para que, no pós-projeto, as dinâmicas se mantenham e reforcem», de modo a que as ideias se transformem em empresas e emprego, disse o diretor do CRIA Hugo Barros. Daí a necessidade do ecossistema de inovação.

Para atingir o objetivos a que se propõem, a UAlg e o NERA dão o exemplo, criando um consórcio de entidades. A associação empresarial assumiu a responsabilidade de «ajudar a identificar empresas com potencial de inovação» e a universidade «fará um levantamento da massa crítica» que possui, ao nível da produção de conhecimento. A partir daqui, trata-se de juntar as duas partes e tentar que daí surjam novos produtos ou empresas.

Hugo Barros salientou ainda que o «Algarve 2015 Empreender e Inovar +» não tem de ser exclusivamente do NERA e da UAlg e desafia outro atores da região a envolver-se. Para já, a CCDRA está também ligada ao projeto, o qual poderá ser determinante para o sucesso da estratégia de Especialização Inteligente que esta entidade está a montar. 

Até porque, salientaram os responsáveis máximos pelo NERA e pela UAlg, Vítor Neto e João Guerreiro, o caminho para uma região mais forte do ponto de vista económico passa obrigatoriamente pela inovação.

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