Portagens são «travão psicológico» à entrada de turistas andaluzes

«As portagens estão a ser um travão psicológico para a entrada de turistas da Andaluzia no Algarve» criticou hoje o […]

«As portagens estão a ser um travão psicológico para a entrada de turistas da Andaluzia no Algarve» criticou hoje o presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), acrescentando que este tem sido «um processo muito mal conduzido».

Desidério Silva salientou que em outras regiões de Espanha, como na Extremadura ou na Galiza, os potenciais turistas «não estão tão preocupados com as portagens em Portugal», porque já estavam mais habituados.

Mas, em relação aos visitantes da Andaluzia, «criou-se uma barreira psicológica, não tanto pela introdução das portagens em si ou pelo seu custo, mas antes pela dificuldade em pagá-las à entrada na Ponte do Guadiana e pela confusão que isso criou na cabeça das pessoas».

Daí que a própria ERTA ainda recentemente tenha alterado a mensagem no pórtico de entrada sobre a Via do Infante, junto à fronteira, retirando a referência às portagens e colocando apenas uma saudação de boas vindas, acrescentou aquele responsável. O tema das portagens.

Entretanto, o secretário de Estado dos Transportes Sérgio Silva Monteiro revelou hoje que os dispositivos eletrónicos de pagamento de portagens espanhóis vão poder ser utilizados nas autoestradas portuguesas antes do verão. Uma mudança que poderá dar uma boa ajuda ao Algarve.

Desidério Silva falava esta manhã na conferência de imprensa de apresentação do «Memorando Turístico do Algarve – Propostas para uma Região Sustentável» , uma iniciativa do Turismo do Algarve em colaboração com diversas entidades e personalidades do setor, para orientar a atividade turística no principal destino de férias do país.

O documento, aprovado na sexta-feira pela direção da ERTA, identifica cinco pilares de atuação e mais de 30 ideias concretas para o desenvolvimento futuro do turismo no Algarve. «O documento nasceu da constatação de que podemos ter um Algarve melhor. De que a região pode ter uma capacidade de intervenção mais forte junta da tutela. De que os problemas que afetam a região não são mais importantes do que as suas soluções – e é nestas últimas que devemos (e estamos a) concentrar-nos».

Os pilares são as Acessibilidades Aéreas, a Promoção Turística, Competitividade Fiscal perante destinos concorrentes, a definição clara dos Produtos Turísticos de aposta e ainda Modernização e Eficácia do Destino. Esses são os «cinco pilares» que «deverão nortear a atenção do Turismo do Algarve e dos seus parceiros públicos e privados no horizonte 2013-2020».

Em relação às acessibilidades aéreas, Desidério Silva defendeu que «o Algarve deverá fazer-se ouvir junto dos novos gestores da ANA Aeroportos no sentido de assegurar os interesses da região, traduzidos na redução das taxas aeroportuárias, no reforço das rotas existentes (low cost incluídas), na angariação de novas ligações aéreas regulares de e para o destino e no estabelecimento de acordos que diversifiquem a rede de transportes que serve o aeroporto».

Quanto à Promoção Turística, o presidente da ERTA salientou que esta deverá «expandir-se para o canal online e para as redes sociais».

Por outro lado, sublinhou, a promoção terá de ser direcionada para «mercados emissores que aliviem o destino da sazonalidade fora da época de sol e mar», com especial enfoque na recuperação dos mercados do Canadá e da Escandinávia e uma aposta no mercado de França, «não descurando os mercados estratégicos e com quota elevada para o turismo algarvio – Reino Unido, Alemanha, Holanda, Irlanda, Espanha e Portugal».

Desidério Silva frisou também a necessidade de, «no atual contexto de abrandamento económico», «dotar o Algarve de mecanismos que deem novo fôlego ao investimento e ao setor do turismo», defendendo em particular a urgência de reduzir o IVA no golfe e na restauração, de isentar de imposta sobre os veículos as rent-a-car e afins, e «o fim da cobrança de portagens na A22».

Mantendo como produtos turísticos prioritários o Sol e Mar e o Golfe, e continuando a aposta nos classificados como «em fase de desenvolvimento» no PENT (Negócios, Residencial, Náutico e Natureza), o Memorando hoje apresentado pelo presidente da ERTA considera igualmente que é «forçoso adicionar outros que favoreçam uma oferta multiproduto diferenciadora: Turismo Desportivo, Acessível, de Saúde e Bem-estar, Gastronomia e Vinhos e Caravanismo».

Finalmente, no que diz respeito à Modernização e Eficácia do Destino, o documento sublinha que «é tempo de introduzir um novo vocabulário turístico e uma proposta de valor associada aos atributos tradicionais da marca “Algarve” (clima, hospitalidade, segurança) e aos predicados de destino competitivo, com burocracia simplificada, boa rede de transportes públicos, EN125 requalificada, programa de eventos equilibrado em termos regionais e sazonais, elevada qualidade de serviço e de recursos humanos, preservação ambiental e paisagística, preservação ambiental e paisagística e com oferta multimotivacional de grande autenticidade, todo o ano».

Desidério Silva sublinhou, quase a terminar, que o Memorando, que não é um documento fechado e continua «aberto aos contributos de todos», vai ainda hoje ser enviado ao Primeiro Ministro, aos ministros da Economia e das Finanças e aos secretários de Estado do Turismo e do Emprego, entre outras entidades oficiais.

«O Algarve devia ter uma atenção mais específica por parte do Governo, por aquilo que representa no contexto turístico nacional», frisou o presidente da ERTA.

Mas salientou que, para que o Algarve faça valer os seus pontos de vista, tem que ter «massa crítica e capacidade para se assumir e ter lideranças à altura».

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