Maiores centros oleiros da Península Ibérica juntam-se em S. Pedro do Corval

Os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e Salvatierra […]

Os dois maiores centros oleiros da Península Ibérica, S. Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, e Salvatierra de los Barros, na Extremadura espanhola, juntam-se mais uma vez na Festa Ibérica da Olaria e do Barro (FIOBAR).

A décima nona edição deste certame organizado pelo Município de Reguengos de Monsaraz, Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros e Junta de Freguesia de Corval, com o apoio do IEFP, vai decorrer entre os dias 16 e 19 de maio em S. Pedro do Corval.

A Festa Ibérica da Olaria e do Barro é um evento transfronteiriço de promoção cultural e turística de uma importante manifestação artística e artesanal: a olaria.

Organizada em anos alternados em cada município, com esta iniciativa pretende-se valorizar a olaria, chamar a atenção para o seu valor artesanal e artístico e apontar estratégias para o seu desenvolvimento económico e profissional.

O evento ibérico é uma homenagem viva à arte da olaria, através de exposições, demonstrações, jornadas ibéricas e música tradicional. Os visitantes terão oportunidade de visitar as olarias e experimentar a arte de moldar e pintar o barro, mas também conhecer a oferta gastronómica e cultural do concelho.

A FIOBAR conta este ano com o lançamento de um catálogo comercial que pretende promover as peças produzidas nas olarias das duas localidades e de um livro, “Mãos que criam”, de Antónia Fialho Conde, diretora do Departamento de História da Universidade de Évora, que é uma homenagem a todos os oleiros que contribuíram para o desenvolvimento económico e cultural desta atividade ancestral e para a sua projeção nacional e internacional.

S. Pedro do Corval é considerado o maior centro oleiro de Portugal, onde se pode assistir ao vivo a esta arte ancestral e adquirir peças produzidas pelos artesãos. Nesta edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro vão participar 45 olarias de Portugal e 10 de Espanha, entre as quais 16 de S. Pedro do Corval e nove de Salvatierra de los Barros.

Oriundos de Portugal vão estar também presentes oleiros e ceramistas de norte a sul do país, de localidades como Barcelos, Belas, Beringel, Ramada, Braga, Campinho, Coruche, Estremoz, Évora, Évora de Alcobaça, Foz do Arelho, Lagoa, Loures, Lisboa, Mafra, Montemor-o-Novo, Mourão, Ovar, Póvoa de Santo Adrião, Queluz, Reguengos de Monsaraz, Redondo, Setúbal, Samora Correia, Torres Vedras e Vila Nova de Santo André. De Espanha haverá ainda oleiros de Barbaño.

O programa da Festa Ibérica da Olaria e do Barro inicia-se na quinta-feira, dia 16 de maio. A cerimónia oficial de abertura do certame realiza-se pelas 18h, no jardim público de S. Pedro do Corval, com animação de rua a cargo do grupo Bomkaigaita.

O segundo dia do evento, 17 de maio, é marcado pela organização das Jornadas Ibéricas de Olaria e Cerâmica, subjacentes ao tema “A comercialização e as estratégias de mercado”, com início marcado para as 9h30.

À tarde pode-se assistir ao lançamento do catálogo “A Arte das Mãos”, que visa promover e comercializar as peças das olarias de São Pedro do Corval e de Salvatierra de Barros.

Pelas 18h30 será apresentado o livro “Mãos que criam”, de Antónia Fialho Conde. O Pavilhão da Olaria e do Barro está aberto diariamente entre as 10h e as 24h (no último dia encerra às 23h30). O certame conta ainda com diversos espetáculos musicais.

A Festa Ibérica da Olaria e do Barro surgiu em 1995 na sequência de um protocolo estabelecido entre o Município de Reguengos de Monsaraz e o Ayuntamiento de Salvatierra de los Barros. Em cada edição do certame participam muitas dezenas de olarias de Portugal e de Espanha, num verdadeiro encontro ibérico de povos, de culturas e de cooperação transfronteiriça.

 

Sobre o Centro Oleiro de S. Pedro do Corval

O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 22 olarias em atividade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima.

A olaria de S. Pedro do Corval data a sua existência, ao menos, do período da dominação árabe, conforme o atesta o teor do Foral Afonsino outorgado a Monsaraz em 1276, mas também a linguagem e a terminologia muito próprias ainda em uso.

Em S. Pedro do Corval podem ser encontradas as mais belas e formosas peças de barro, trabalhadas por habilidosos artesãos que assim continuam uma tradição multissecular de fabrico de louça tosca, vidrada e decorativa, de extraordinário valor estético e etnográfico. Artesãos que dão provas da sua arte aproveitando os magníficos barros das herdades vizinhas, conjugando, assim, as matérias-primas que os recursos naturais ainda oferecem.

Constituindo um autêntico espelho da vida rural e dos costumes ancestrais, a olaria de S. Pedro do Corval, o seu espírito muito próprio e as suas excecionais qualidades são os genuínos responsáveis pela criação de peças de grande utilidade, efeito decorativo ímpar, impondo-se naturalmente pelo conjunto das suas tonalidades e pela beleza campestre das suas composições.

A olaria de S. Pedro do Corval é hoje uma marca registada pois o Município de Reguengos de Monsaraz registou em 2008 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial as marcas nacionais “Olaria de São Pedro do Corval”, “Rota da Olaria”, “Rota dos Oleiros” e “Olaria”.

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