Tertúlia Farense foca ciência e ação social nas homenagens do sexto aniversário

Um conceituado investigador farense, o primeiro Centro de Ciência Viva do país e o Refúgio Aboim Ascensão, com especial enfoque […]

Um conceituado investigador farense, o primeiro Centro de Ciência Viva do país e o Refúgio Aboim Ascensão, com especial enfoque na Emergência Infantil e no seu criador foram os homenageados escolhidos em 2013 pelos membros da Tertúlia Farense.

O grupo informal de cidadãos farenses reuniu-se na passada semana para atribuir as distinções e o 25 de abril, que hoje se celebra, não foi esquecido, até porque um dos convidados de honra foi Capitão de Abril.

Luís Villas Boas estava na sessão enquanto representante do Refúgio Aboim Ascensão, que dirige, mas acabou por falar da sua «outra vida», que teve a guerra colonial e África como pano de fundo. O homem reconhecido internacionalmente como o criador do conceito da Emergência Infantil fez «três comissões de serviço», ou seja, esteve seis anos ao serviço do exército.

«Tenho duas vidas. Todos temos várias vidas. A minha começou aos 18 anos na Academia Militar e recomeçou quando entrei para a Universidade», já depois da guerra e do 25 de Abril de 1974, do qual foi obreiro, mas cujo desfecho mostrou não ter sido do seu total agrado.

Villas Boas acabou por se dissociar de uma revolução que, considerou, foi aproveitada por muitos que não trabalharam para ela e tomou um caminho com que os seus principais impulsionadores não se identificavam.

Terá ganho, com isto, a ação social. O agora diretor do Refúgio Aboim Ascensão tirou o curso de Psicologia e foi convidado para dirigir a instituição no mesmo ano em que a conheceu pela primeira vez, 1985.

Desde então, uma instituição que alguns membros da Tertúlia recordavam como tendo uma atividade pouco expressiva, antes desta data, começou a trilhar um caminho que lhe valeu o reconhecimento nacional e internacional. Um trabalho muito focado na proteção da criança em risco e na sua rápida integração num meio familiar estável.

«Refúgio Aboim Ascensão já apoiou mais de 2500 crianças», desde que nasceu a Emergência Infantil e conta atualmente «com oitenta e poucas crianças», disse. «Trabalham lá 92 mulheres e há sempre algumas que passam 24 horas sem dormir, já que o afeto não tem data nem se importa com que dia é. Entre elas têm 24 licenciaturas», ilustrou Luís Villas Boas.

E, uma vez que era dia de homenagens, Luís Villas Boas retribuiu o gesto em nome do Refúgio Aboim Ascensão e convidou a Tertúlia Farense a visitar a instituição.

Ciência Viva e a que está a nascer

A ciência e a investigação estiveram igualmente em foco nas homenagens que a Tertúlia Farense fez em 2013. Por um lado, foi distinguida a entidade que mostra a Ciência Viva em Faro e, por outro, um investigador que a faz nascer a partir da Universidade do Algarve (UAlg).

Adelino Canário é farense e um dos mais proeminentes investigadores da UAlg na área do Mar. O diretor do Centro de Ciências do Mar (CCMar), centro de investigação associado à universidade algarvia, foi escolhido pelo muito conhecimento que gerou ou ajudou a gerar e não foi esquecida a sua participação no Programa Polar Português (Propolar) em 2012, a primeira expedição científica que Portugal organizou e financiou à Antártica.

O também professor universitário considerou ser «significativo que a Tertúlia realce a investigação» e aproveitou para lembrar que, apesar de um quinto do conhecimento sobre o Mar ser gerado na UAlg, os níveis de financiamento à investigação na instituição são «menos de metade da média nacional».

«Julgo que podia ser uma boa estratégia de desenvolvimento para Faro apostar em ser uma verdadeira cidade universitária», considerou.

O outro homenageado da noite, o Centro de Ciência Viva (CCV) do Algarve, em Faro, trabalha noutra dimensão deste setor, o da divulgação do conhecimento. Como recordou o diretor do centro José Figueiredo, que representou a entidade na Tertúlia Farense, este «foi o primeiro CCV de Portugal e foi criado antes do Pavilhão do Conhecimento», que fez grande sucesso na Expo’98, em Lisboa.

Desde a sua génese, há mais de 15 anos, passaram por este centro «mais de 500 mil pessoas», na sua grande maioria crianças em visitas escolares, até porque crianças do 1º ciclo e infantários não pagam entrada. «Em 2012, tivemos 12 mil visitantes pagantes, 70 por cento dos quais eram público não escolar», disse.

«Este é um prémio que dá alento e incentiva as pessoas que estão lá agora e as direções que por lá passaram antes», resumiu José Figueiredo, responsável pelo CCV do Algarve «há um ano».

Tertúlia já distinguiu personalidades e entidades de diversas áreas

A Tertúlia Farense distingue entidades e personalidades ligadas ao concelho de Faro desde 2008. Nos primeiros anos o enfoque foi colocado nos setores da cultura, ambiente e cidadania, temas que também foram muito focados nas 61 sessões que o grupo informal de cidadãos já promoveu, desde a sua criação.

Ao nível de entidades, foram homenageadas a Sociedade Recreativa Artística Farense (vulgo Os Artistas), o blog «A Defesa de Faro», o Teatro Municipal de Faro, o Museu da cidade, o Pátio de Letras, o Cineclube de Faro, a ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve, o CAPa- Centro de Artes Performativas do Algarve, a Orquestra do Algarve e a associação Almargem.

Ao nível de personalidades, foram distinguidos o professor José Louro, o arquiteto paisagista Fernando Pessoa, os artistas plásticos Fernando Silva Grade e Manuel Batista e o alfarrabista de Faro António Simões.

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