Faro 1540: Nem sempre é preciso muito tempo para fazer a diferença

É uma associação bastante jovem, mas já tem muito trabalho para mostrar e até já deixou marcas físicas na cidade […]

É uma associação bastante jovem, mas já tem muito trabalho para mostrar e até já deixou marcas físicas na cidade de Faro.

A Faro 1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro nasceu em 2009 e tem tido uma atividade intensa desde então, com o festival de curtas Farcume e o bem recente concurso «Estamos na Baixa!», de estímulo ao empreendedorismo na zona nobre da cidade, como principais marcas do currículo.

Uma das grandes apostas da Faro 1540 tem sido a reabilitação do património de Faro e deu o exemplo daquilo que defende. A associação recuperou o edifício que lhe serve de sede, uma casa «quase centenária» na Baixa de Faro, com uma intervenção muito assente no voluntariado e respeitando a identidade do edifício.

Ao fazê-lo, não ganhou apenas um espaço onde promover atividades, também conseguiu lançar o “bichinho” da reabilitação nas imediações da sede, contaram os dirigentes da associação Bruno Lage e Nuno Antunes.

O presidente e vice-presidente da Faro 1540 foram os convidados do programa radiofónico «Impressões», dinamizado pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve Rua FM. A génese da associação, as atividades que promove e os seus objetivos estiveram em foco, numa conversa que está disponível em podcast no site da RUA FM.

«No ano passado surgiu a oportunidade de arrendarmos uma casa e de tentar dar o exemplo do que entendemos por reabilitação urbana», explicou Nuno Antunes. «Andámos lá nós a arranjar e a pintar. É claro que contratámos pedreiros para fazer as intervenções mais complicadas, mas o resto fomos nós que fizemos, a instalação elétrica» e outros trabalhos, disse.

«A casa, uma moradia, estava num estado de degradação muito acentuado. Reabilitámos, na nossa visão, de forma correta. Por exemplo, recuperámos a telha velha, não usámos aquela mais moderna. Usámos matérias sustentáveis, usámos a cal tradicional na rua e no interior usámos tintas amigas do ambiente», descreveu Bruno Lage.

Ao todo, estiveram envolvidos «cerca de 30 voluntários». O espaço foi inaugurado oficialmente em dezembro passado, depois de vários meses de obras. Mas em agosto de 2012 acolheu o seu primeiro grande evento, o «Manga e Comics Event do Algarve», promovido pela Associação de Geeks do Algarve.

A atitude reabilitadora da Faro 1540 provocou uma reação inesperada da parte dos vizinhos. «O curioso é que, pelo facto de termos pegado na casa, os vizinhos do lado também tiveram a sensibilidade de reabilitar as suas casas. Acho que isto é um excelente exemplo de como a reabilitação pode funcionar numa cidade», contou Nuno Antunes.

«Os vizinhos ganharam logo brio de valorizar as suas casas. O do lado mandou-a logo caiar, ficou toda arranjadinha. Outro da frente fez o mesmo e um mais acima na rua também reabilitou logo imediatamente», reforçou Bruno Lage.

Reabilitação urbana pode ser mais que recuperar edifícios

Revitalizar a zona antiga das cidades não passa apenas por recuperar edifícios. Tão ou mais importante é que estes tenham vida e sejam usados, para habitação ou para negócios.

Esta é a lógica por detrás do concurso «Estamos na Baixa!», que a Faro 1540 promoveu em colaboração com a Câmara de Faro e a associação de Comerciantes da Baixa de Faro.

No concurso, foram escolhidas cinco ideias de negócio, das quais três já são uma realidade. As iniciativas comerciais escolhidas beneficiaram de rendas amigáveis «que chegam a ser 40 por cento mais baratas» do que o preço pedido originalmente, uma ajuda determinante para lançar o negócio.

Como realçou Bruno Lage, apesar dos potenciais benefícios da iniciativa, esta teve «custo zero», tirando «o tempo» nela investido pelos membros da associação. «Se calhar, se fosse outra entidade a fazer, teria custado alguns milhares de euros», disse.

Das 23 candidaturas apresentadas, foram selecionadas 10 ideias, entre as quais foram escolhidas cinco, das quais três já abriram: as lojas «Peppy» (artigos de Criança), «Amor Meu» (peças exclusivas de artesanato) e «Sardinha de Papel» (artesanato, arte e comércio justo).

«Falta uma loja de joalharia artesanal e outra de música, a «Rock Music Shop», que vão abrir nas próximas semanas», revelou Bruno Lage.  

Farcume reforça componente internacional na terceira edição

A Faro 1540 é também responsável pelo Festival de Curtas Metragens de Faro «Farcume», uma iniciativa que vai em 2013 para a 3ª edição e que ganha cada vez maior projeção internacional.

Este ano, numa altura em que ainda está aberto o período de aceitação de trabalhos (acaba em junho), já chegaram às mãos da associação «mais de 30 propostas», vindas de diversos pontos do mundo. «Estamos a receber trabalhos do Brasil, em força, Cabo Verde, Angola e Espanha», revelou Nuno Antunes.

«Também estamos com uma participação muito forte aqui em Portugal. Estamos a tentar promover a nossa cidade, a Ria, todo o potencial de que se fala», acrescentou. Para participar, basta ter ideias, executá-las e enviar para a Faro 1540, seguindo o regulamento do concurso, disponível no site da associação.

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