Submeter um projeto científico que visasse simultaneamente a redução de custos e aumento de produção, mitigando o impacto ambiental em aquacultura, de modo a que esta se torne mais sustentável, foi o desafio lançado pela World Aquaculture Society (WAS), em parceria com a NOVUS, uma das maiores empresas mundiais de produção e investigação em aquacultura (EUA) a alunos de Mestrado e Doutoramento de todo o globo.
João Rito, aluno de doutoramento em Biociências na Universidade de Coimbra (UC), concorreu com o seu projeto de investigação, intitulado “Glycerol as a novel feedstock supplement for sparing of dietary protein catabolism and thus reducing feed cost”, que «visa testar a inclusão de um subproduto da produção de biodiesel, o glicerol, nas dietas para peixes».
A dieta experimental proposta pelo jovem investigador de Coimbra dá resposta aos requisitos do concurso porque, explica João Rito, «a dieta alimentar tradicional dos peixes de aquacultura é feita à base de muita proteína, o que apresenta dois grandes problemas para os produtores: é muito dispendiosa e liberta, por via de dejetos, compostos azotados muito poluentes que são libertados para o ambiente (rios e estuários), causando impacto negativo no ecossistema».
A introdução de glicerol na dieta alimentar dos peixes, «pode permitir a substituição de uma percentagem de proteína sem prejudicar o peixe e tem a grande vantagem de não libertar compostos tóxicos. Além disso, ainda resolvemos um problema à indústria do biodiesel porque o glicerol é um resíduo e, atualmente, não há uma solução para o seu destino».
João Rito confessa que, quando concorreu, a esperança de ser selecionado «era praticamente nula e vencer nunca achei que fosse possível». Mas venceu. E, em junho próximo, parte para o Vietname, onde vai estagiar um mês, no Centro de Investigação da NOVUS – Novus Aqua Research Center, na Cidade de Ho Chi Minh.
Além do estágio, com viagem e estadia asseguradas pela empresa, o jovem da UC recebeu ainda um prémio simbólico de mil dólares. O que mais o estimula é «a oportunidade única de conhecer e trabalhar com cientistas de topo mundial na área da aquacultura, participando nos projetos de investigação já a decorrer neste centro. Vou aprender muito porque eles trabalham com espécies que nós não temos e utilizam tecnologias que não existem em Portugal e mesmo na Europa».
Orientado pelos docentes Miguel Pardal, do Centro de Ecologia Funcional, e John Jones, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, João Rito foi também convidado a apresentar parte do seu trabalho de investigação num congresso que irá decorrer na mesma cidade, durante o seu estágio.
Criada em 1970, a World Aquaculture Society (WAS) é uma sociedade internacional sem fins lucrativos, que tem como objetivo melhorar a comunicação e troca de informações sobre aquacultura, à escala global. Reúne cientistas, produtores e prestadores de serviços da indústria de aquacultura.
Autora: Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa – Universidade de Coimbra)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
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