Novos pobres e novos ricos

O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, na semana em que, como eu, conversou com a vice da […]

O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, na semana em que, como eu, conversou com a vice da UE Viviane Reding, escreveu uma importante coluna, «Os Novos Pobres».

É paradoxal que um país com um enorme potencial económico, com um povo que inventou a globalização ao abrir as rotas para as Índias, que tem gigantescas riquezas na sua costa marítima, e não os aproveita, tenha novos pobres, em vez de novos ricos. Ou será que foram os novos ricos, os patos-bravos, que causaram os novos pobres?

Quando fazia consultoria e, para uma indústria sueca, vim analisar a possível aquisição de alguma lusa, fiquei admirado com o desperdício por cá, em quase todos os setores. E admirei-me dos preços elevados dos utilities e da maioria dos custos indiretos. P.ex, as indústrias de cimento e de ferro, que dependem da energia, gastavam 30% mais do que as similares suecas, apesar do custo da energia cá ser 20% mais elevado.

As Autoridades e as Secretarias de Estado, que deveriam controlar os monopólios e as PPP, não o fazem. O custo da mão-de-obra por cá é um terço ou metade do sueco; mas há custos inusitados, p.ex. do ‘saco azul’, da energia, transportes, e elevados salários dos gestores.

Assim temos altos preços ao consumidor e à empresa. Esta falha no controlo da equidade de oportunidades para novas empresas entrarem no mercado explica grande parte desta recessão, que é estrutural e não apenas financeira. Decisões inusitadas, como destruir a Praia Grande com um resort que não resultará, pioram a situação.

No Algarve e no Alentejo, temos 3000 horas de sol por ano, enquanto a Alemanha tem 1000; mas lá há três vezes mais painéis solares do que aqui.

Na nossa costa marítima, temos o maior potencial da UE para obter energia das ondas e das correntes submarinas. Mas, apesar do Ministério da Economia já ter autorizado à REN a sua exploração, nada avança.

Por que é que só agora o Ministério da Economia autorizou a exploração dos minérios que, no livro «Como Sair da Crise», já em 2008, alertei haver por cá? Quem trava as inovações tecnológicas? Quem trava o grande potencial de emprego no Sul de Portugal, o mais afetado nos próximos anos? Por que é que nós, cidadãos, só refilamos e nada fazemos? A PIDE acabou ou ainda não?

 

Autor: Jack Soifer
Autor dos livros «Algarve/Alentejo – My Love», «Ontem e Oje na Economia» e «Como Sair da Crise – Algarve/Alentejo», consultor internacional

 

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