Movimentos sociais saem hoje à rua para que o Povo ordene mais que a Troika

Garantem ser apartidários, independentes e pacíficos. Querem uma alternativa à política de austeridade do Governo, associada ao memorando da Troika […]

Garantem ser apartidários, independentes e pacíficos. Querem uma alternativa à política de austeridade do Governo, associada ao memorando da Troika e confiam na capacidade dos portugueses de participar na construção de um futuro melhor se forem chamados a fazê-lo.

O coletivo «Que se lixe a Troika: O povo é quem mais ordena» vai estar este sábado na rua em Faro, Loulé e Portimão, à semelhança do que vai acontecer um pouco por todo o país e em algumas cidades além-fronteiras.

A concentração está agendada para as 16 horas nas três cidades. Em Faro, o ponto de encontro é o Largo do Carmo, em Loulé junto ao Mercado Municipal e em Portimão a Praça Manuel Teixeira Gomes (frente à Casa Inglesa). Neste último caso, juntam-se aos manifestantes os «Homens da Luta».

Três elementos do grupo de cidadãos que chamou a si a responsabilidade de liderar o movimento em Faro foram os convidados do programa radiofónico «Impressões» desta semana. João Merlo, Pedro Afonso e Joana Cabrita explicaram ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve o que os leva a sair à rua em protesto. Uma conversa que pode ouvir na íntegra hoje, sábado, às 12 horas em 102.7 FM ou no site da RUA FM.

«Isto passa tudo por desenvolvermos e fortalecermos nós, cidadãos, uma cultura política. Espero que saiamos todos mais maduros destas ações todas e que se acredite que é possível uma alternativa, que estamos juntos», considerou João Merlo.

Alternativas que o Governo tem defendido que não têm sido apresentadas por quem as defende. Mas elas existem e têm sido veiculadas por muitos, defenderam.

«Há duas coisas naquilo que se vem chamando de movimentos sociais: há a produção de ideias e alternativas, que já foram criadas, andam aí, circulam. Por exemplo o Congresso Democrático das Alternativas, que tem apresentado soluções que, na teoria, são todas elas possíveis e das quais os economistas que são intelectualmente honestos não discordam», disse Pedro Afonso.

«Para além de serem um espaço onde podem circular alternativas, estas nunca existirão se não houver gente nas ruas, se não existir um claro não a isto que se passa hoje em dia», acrescentou.

E o Governo está a ouvir, acredita. «Pode ignorar, mas está a ouvir. E ouve todos os dias, tanto que não pode sair à rua. Um Governo que se tem de esconder dentro e carros de luxo e de escritórios milionários, não está com o seu país e não está com o seu povo. Neste, momento, são refugiados», considerou Pedro Afonso.

 

No movimento «até há capitalistas convictos»

Os movimentos sociais que têm organizado os protestos «Que se lixe a Troika» e, em alguns casos, o fenómeno já apelidado de “grandoladas” a membros do Governo, são muitas vezes conotados com os partidos da Esquerda e até acusados de instrumentalização. Os membros do coletivo farense daquele movimento recusam essa ideia e garantem que existem no grupo pessoas de todos os partidos e convicções políticas, «até há capitalistas convictos».

Quanto à instrumentalização, recusam a ideia, mas consideram benéfico que surja, por exemplo, bandeiras de estruturas com forte conotação partidária nos protestos.

Confrontado com o exemplo de uma bandeira da CGTP num protesto organizado por cidadãos, Pedro Afonso considerou que «é ótimo, no que toca aos sindicatos». «Penso que, numa luta social e de rua, o pior pesadelo de quem está no poder é que os movimentos sociais não organizados se juntem com as organizações», defendeu Pedro Afonso.

Mesmo com a adesão ao movimento «Que se lixe a Troika», o grupo de Faro, como os demais do país, não tem uma estrutura diretiva central e João Melro até dá um exemplo curioso. «Da outra vez, a explicar isto a alguém, dei o exemplo das células da Al-Qaeda (risos)», disse.

«Fizemos o protesto cá de forma espontânea, sem diretivas de Lisboa e sem conhecer as pessoas de lá. Entendemos perfeitamente que este era o momento para fazer isto», resumiu João Melro.

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