A importância do autarca

No nosso atual enquadramento económico e social, a descrença nos agentes políticos locais é alta. Suspeitas de corrupção, sentenças decretadas […]

No nosso atual enquadramento económico e social, a descrença nos agentes políticos locais é alta. Suspeitas de corrupção, sentenças decretadas mas arrastadas em recursos intermináveis ou a procura de novos cargos públicos, muitas são as justificações que contribuem para tal sentimento, que assumimos como um fado português, impensável em países mais desenvolvidos.

No início deste ano, o autarca de Nova Orleães durante do furacão Katrina, Ray Nagin, foi acusado de 21 crimes de corrupção, incluindo suborno, conspiração, lavagem de dinheiro e falsificação da declaração de imposto, tendo recebido mais de 160.000 dólares em troca da contratualização de novos trabalhos inseridos na reconstrução da cidade.

Rob Ford, responsável pelo município de Toronto, foi recentemente condenado pelo crime de conflito de interesses, travando uma guerra judicial para se manter em funções.

Tony Mack foi o 17.º autarca de New Jersey a ser preso nos últimos 10 anos por corrupção. Na semana passada, Charles Moreau (Central Falls, Rhode Island, EUA) foi condenado a dois anos de prisão efetiva também por corrupção.

Os exemplos são variados, mas remetem-nos somente para uma conclusão: por cada história negativa que é divulgada, numerosos são os casos de sucesso desconhecidos, de autarcas que promovem ao desenvolvimento dos seus territórios, muitas vezes transpondo barreiras inimagináveis (desertificação física e social, economias deprimidas, fenómenos climáticos diversos, etc.).

É desses exemplos que nos temos que socorrer, de divulgar e de reclamar.

Numa iniciativa internacional, o presidente da câmara de Bilbau, Iñaki Azkuna, recebeu o galardão World Mayor Prize, depois de uma votação em que participaram mais de meio milhão de pessoas. Tendo promovido um processo de profunda reforma urbana de Bilbau, Azkuna foi acusado de despesismo quando investiu aproximadamente 180 milhões de euros no Museu Guggenheim. Passados 20 anos, Bilbau é um caso de estudo para os especialistas da área, tendo um défice nulo e procurando atualmente reformular a sua estratégia de crescimento, compreendendo as alterações sociais e económicas vivenciadas.

Relembrado as palavras do atual Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, a boa moeda tem de afastar a má moeda, os autarcas de excelência têm de se afirmar perante maus exemplos que enchem as folhas dos jornais.

E as palavras de Joko Widodo, antigo presidente do município de Surakarta, atual governador de Jakarta e terceiro classificado no World Mayor Prize, devem ser tidas como uma referência para todos os responsáveis políticos “Eu trabalho porque fui escolhido pelas pessoas, eu nunca penso que haverá reconhecimento por isso”.

 

Autor: João Rodrigues
Arquiteto Paisagista

 

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