«Grândola Vila Morena» recebeu membros do Governo em Faro

Cerca de 20 pessoas receberam este sábado, com a canção «Grândola Vila Morena», dois secretários de Estado que estiveram em […]

Cerca de 20 pessoas receberam este sábado, com a canção «Grândola Vila Morena», dois secretários de Estado que estiveram em Faro.

Os membros do Governo estiveram na capital algarvia para participar na sessão das segundas Jornadas Coesão, Consolidação e Crescimento do PSD, que decorreu na delegação de Faro do Instituto Português do Desporto e Juventude e ouviram apupos e acusações.

Este tipo de receção tem apanhado diversos ministros nas suas aparições públicas, sendo esta a primeira vez que os visados são secretários de Estado. O facto de um deles ser o SE da Inovação e Empreendedorismo Franquelim Alves, cuja passagem pelo BPN no passado tem levantado muita polémica, terá ajudado bastante.

Muitas das palavras de ordem gritadas lembravam o caso do banco que necessitou de resgate do Estado, que está agora nos tribunais. Indignação que aumentou quando os manifestantes foram impedidos de entrar no IPDJ de Faro, com os organizadores do evento a alegar que era apenas «para convidados».

«Aqueles que roubaram o BPN podem entrar, mas nós, os contribuintes, que estamos a pagar, ficamos à porta», queixava-se um dos cidadãos. Outros lembraram as dificuldades que vivem com as medidas de austeridade decretadas pelo Governo.

Nos pilares à entrada do edifício, havia sido pintada a sigla «BPN», inscrições que foram tapadas por cartazes antes da chegada dos convidados. Mais tarde, alguns dos manifestantes retiraram os cartazes, para as deixar à vista.

Sem poder entrar, os manifestantes mantiveram-se à porta a gritar palavras de ordem e a cantar a música de Zeca Afonso. Curiosamente, ontem assinalava-se 26 anos da morte do artista português, autor da popular canção usada nos protestos.

A barragem à entrada parece ter inspirado os manifestantes, que usaram algum humor no seu protesto. Mudaram mesmo um dos versos da canção para «em cada rosto equivalência», numa alusão ao ministro Miguel Relvas.

Com a polícia e elementos do PSD/Algarve a olhar de perto os manifestantes e bem atentos à porta da rua do IPDJ, que passou grande parte da sessão fechada, só restava a opção de esperar. E houve quem ficasse as cerca de 3 horas que durou a sessão à espera.

Quando Franquelim Alves e o secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Sérgio Monteiro saíram do edifício sob um coro de apupos, mantinham-se pouco mais de dez manifestantes no local, bem menos do que os polícias presentes.

 

Secretários de Estado ignoraram manifestantes e…as perguntas dos militantes

Dentro do IPDJ, a serenidade na sessão das segundas Jornadas Coesão, Consolidação e Crescimento do PSD contrastava com a agitação exterior. E o debate foi lançado, com a promessa que às intervenções dos quatro convidados se seguiriam duas rondas de perguntas.

Os dois membros do Governo, o presidente da ERTA e militante social-democrata Desidério Silva e o deputado Mendes Bota tomaram todos a palavra, ao longo de mais de duas horas. Para os cerca de 30 militantes presentes sobraram cerca de cinco minutos.

Tempo que chegou para três militantes lançarem algumas questões, mas que não bastou para que vissem os visados a responder. A justificação dada pelo moderador do debate foi que os jornalistas estavam à espera e era preciso acabar a sessão depressa.

Mas, afinal, também não estavam previstas declarações aos jornalistas (que em momento algum as solicitaram) e apenas «por lapso» foi dada essa indicação aos militantes.  Também foi dada a garantia de que os membros do Governo estariam disponíveis para falar com os militantes depois de responder aos membros da comunicação social, algo que acabou por não acontecer.

Os membros do Governo acabaram por se colocar à disposição dos jornalistas e consideraram que prestaram todos os esclarecimentos necessários aos militantes nas suas intervenções.

Mesmo quando confrontado com o apelo feito por um dos membros da assistência, que pediu ao Governo que «ao menos suspenda as portagens enquanto a EN 125 não estiver requalificada», Sérgio Monteiro defendeu que este cidadão «compreende a necessidade da medida [cobrança de taxas na Via do Infante] e disse-o».

Uma alegada compreensão que foi tudo menos notória nas palavras do autor da intervenção, que alegou mesmo que o Governo «está a tirar a cana» ao Algarve ao manter as portagens.

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