VRSA e Ayamonte criam Eurocidade para crescer em conjunto

Esta quarta-feira, nasceu uma nova cidade ao Sul. A Eurocidade Ayamonte-Vila Real de Santo António foi ontem oficialmente criada numa […]

Esta quarta-feira, nasceu uma nova cidade ao Sul. A Eurocidade Ayamonte-Vila Real de Santo António foi ontem oficialmente criada numa cerimónia que decorreu sobre o principal elo de ligação entre as duas cidades, o Rio Guadiana e vem abrir novas portas para a cooperação transfronteiriça entre os dois concelhos.

Os presidentes das Câmaras das cidades portuguesa e espanhola assinaram ontem um protocolo de colaboração, onde foram acordadas as primeiras linhas de atuação da nova Eurocidade, tendo em conta os laços históricos, culturais e comerciais das duas cidades.

Esta ligação secular entre VRSA e Ayamonte foi, de resto, salientada pelos diversos intervenientes na cerimónia. Ou seja, em certa medida, a criação da Eurocidade e a oficialização de uma relação que há muito existia. A diferença substancial é que a relação passa a ser oficial, com as oportunidades que isso traz.

Além de abrir a possibilidade de aceder a fundos comunitários específicos, através de candidaturas conjuntas, a primeira Eurocidade no Sul da Península Ibérica (existem mais duas no Norte, na fronteira entre Portugal e Espanha) vai permitir aos cidadãos de ambos os lados da fronteira usufruir de equipamentos e serviços do lado oposto como se fossem habitantes locais.

Também a economia será beneficiada, acreditam os responsáveis pelos dois municípios, pois isto permitirá «unir esforços, pontos de vista, culturas e laços institucionais», segundo o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António Luís Gomes.

«Apesar de estarmos a assinar este documento hoje, há mais de um mês que nos encontramos a trabalhar em conjunto num plano de ações concretas», revelou o autarca português. Uma estratégia que terá em conta «a realidade que os dois países atravessam» e que se baseará «em ações concretas, que promovam esta Eurocidade e que a projetem ao nível internacional».

Ganhar dimensão é, de resto, uma das bases deste tipo de acordos transfronteiriços. É também o primeiro de cinco conceitos que o secretário de Estado da Administração Local Paulo Simões Júlio, presente na cerimónia, considerou que devem estar subjacentes à criação de Eurocidades.

Além da dimensão territorial, Paulo Júlio salientou a necessidade de haver «complementaridade» de serviços e ofertas, uma «visão estratégica em torno dos recursos», «trabalho em rede» e «liderança», para que o que está no papel passe para o terreno.

Antes, o alcaide de Ayamonte António Rodriguez Castillo já havia considerado que se havia dado, há momentos, «o pontapé de saída para um projeto entusiasmante» e que havia esperança das populações de ambos os lados da fronteira de que «este seja um momento de unir esforços para melhorar as suas condições de vida».

Para o autarca andaluz, Ayamonte e VRSA «têm sido um exemplo a seguir ao nível de cooperação transfronteiriça, principalmente em anos mais recentes», nomeadamente desde a adesão de Portugal e Espanha ao Espaço Schengen, que aboliu as fronteiras entre os dois países.

 

Anúncio do desassoreamento do Guadiana foi «a grande notícia do dia»

O final de tarde foi dedicado a formalizar a Eurocidade Ayamonte-Vila Real de Santo António (Euro AAA), mas a «grande notícia do dia», na visão de Luís Gomes, foi o anúncio por parte do presidente da Euroregião Algarve-Alentejo-Andaluzia de que há condições financeiras para avançar para o desassoreamento de boa parte do Baixo Guadiana e que pretende levar a cabo a obra ainda este ano.

O presidente da Câmara de VRSA agradeceu «o presente de dia dos Reis» e contou que poucos dias antes tinha estado reunido com empresários do seu concelho e que a navegabilidade do Guadiana tinha sido uma das suas principais reivindicações.

«É inaceitável que um rio com o potencial do Guadiana se encontre há décadas asfixiado. Não acredito que haja muitos países que, tendo um rio como este, o possam abandonar e aos seus recursos», considerou Luís Gomes.

À margem da sessão, o também presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Algarve David Santos confirmou que as verbas existem, fruto da aprovação de candidaturas da Euro AAA a fundos comunitários, mas foi mais cauteloso quanto a datas, uma vez que é preciso que as autoridades ambientais de ambos os lados da fronteira se sentem à mesma mesa, para que seja possível avançar para a obra.

Ainda assim, reafirmou acreditar que a obra pode avançar e ficar concluída durante o ano de 2013, como havia feito antes durante a cerimónia, pelo menos no troço entre a Foz do Guadiana e Alcoutim. «Até ao Pomarão será mais difícil», admitiu.

Em causa está uma intervenção «que não é muito pesada» e que por isso também não é muito onerosa. David Santos preferiu não avançar valores, uma vez que ainda está por definir qual a base de incidência da intervenção, mas garantiu que o que está em causa «é o desassoreamento de pontos específicos do rio e o balizamento», ou seja, a marcação de uma via navegável através de bóias.

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