País de loucos!

Neste sábado, dia 8 de dezembro, vai fazer um ano que foram introduzidas as portagens na Via do Infante. Ao […]

Neste sábado, dia 8 de dezembro, vai fazer um ano que foram introduzidas as portagens na Via do Infante. Ao longo deste ano, as previsões pessimistas sobre os efeitos desta medida têm-se revelado certas: o tráfego automóvel caiu cerca de 45% na A22, ao mesmo tempo que aumentou na estafada EN125, cada vez mais a rebentar pelas costuras.

E se as previsões – felizmente! – não têm batido certo no que diz respeito ao aumento exponencial de acidentes e mortes na EN125 é apenas porque, com tanto trânsito, os carros andam a passo de caracol, o que diminui a possibilidade de acidente…

As portagens têm tido também efeitos negativos muito consideráveis na já frágil economia do Algarve. Para mais porque a Via do Infante foi portajada antes de estarem prontas as obras na EN125. As inúmeras rotundas e variantes estão, na sua maioria, por acabar, e as obras iniciadas até fizeram com que esta estrada esteja agora bem pior do que estava antes de começarem os trabalhos.

E a questão é que não se sabe quando serão efetivamente retomadas as obras na EN125, muito menos quando estarão terminadas. Entretanto, como se soube esta semana, nas zonas onde as obras estão por acabar, paradas, já há degradação. Ou seja, é mais dinheiro jogado fora!

Mas, infelizmente, apesar de todos os discursos sobre a contenção e o rigor, na prática os nossos governantes mostram que estão pouco preocupados com a forma displicente como o dinheiro do Estado, de todos nós, é gerido. Mesmo em tempos de “contenção”.

Ainda há dias estive em Trás-os-Montes e pude ver um exemplo acabado de como somos capazes de desperdiçar milhões, muitos milhões, mas sempre com um discurso onde a palavra rigor está presente. É o caso da autoestrada A4, de Amarante a Vila Real e do já tristemente famoso Túnel do Marão. Neste túnel e na autoestrada, que estão parados há mais de um ano e não se sabe quando e se as obras serão retomadas, foram gastos até agora 800 milhões de euros. Repito: 800 milhões de euros!

Vi um enorme viaduto, com dois ou três quilómetros de extensão, a atravessar o vale próximo a Vila Real, ao qual só faltam uns 200 a 300 metros para ligar os dois lados do tabuleiro. Vi os montes e vales esventrados, as zonas florestais arrasadas, as casas demolidas para dar lugar a esta obra algo megalómana, que já vem do Governo anterior. O atual decidiu pará-la.

Mas entretanto já foram gastos 800 milhões de euros e não será já possível voltar atrás, demolir o que está construído, repor as encostas da Serra do Marão como eram antes. Mas há 800 milhões que ali estão, literalmente, enterrados e agora não se sabe se algum dia a obra será acabada.

No Algarve passa-se o mesmo com as obras da EN125 ou com as da Parque Escolar, nas escolas secundárias. São milhões e milhões que foram gastos em obras que agora, quando estão a meio, não se sabe como poderão ser acabadas.

Cada vez mais me convenço que vivemos num país de loucos!

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