Ventos entre os 256 e os 295 km/h, uma extensão total de 31 quilómetros, entre Carvoeiro e São Marcos da Serra, e uma largura entre os 100 e os 300 metros. Estes são, de acordo com o relatório final do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, os dados principais sobre o tornado qualificado como F3, segundo a escala de Fujita, ou T6, segundo a escala de Torro, que no passado dia 16 de novembro afetou o Barlavento Algarvio entre as 13h20 e as 14h00 UTC.
O relatório do IPMA (antigo Instituto de Meteorologia) recorda que as áreas urbanizadas mais atingidas foram as de Carvoeiro, Lagoa e Silves, tendo ainda produzido alguns danos em S. Marcos da Serra.
Os autores do relatório salientam que «o tornado foi observado por vídeo amadores ainda sobre o Atlântico, não sendo possível determinar a localização precisa do vórtice naquele momento. De acordo com a posição da correspondente supercélula (SC) observada pelo radar de Loulé/Cavalos do Caldeirão e os filmes disponíveis, o tornado encontrar-se-ia, então, cerca de 7 km a sul da praia dos Caneiros».
«O ponto de entrada em terra deste tornado situou-se num local a cerca de 1200 m a oeste da praia do Carvoeiro, pelas 13:20 UTC, conforme observação de estragos em área de vivendas, muito próximo da linha costeira», continua o documento.
Em seguida, «o tornado progrediu para nor/nordeste, seguindo um rumo aproximado de 200º e tendo continuado a afetar a área de vivendas, situada a oeste de Mato Serrão; posteriormente, continuou a deslocação mantendo o rumo indicado e atravessou uma área essencialmente agrícola numa extensão de 3 km, após o que afetou a parte ocidental de Lagoa, pelas 13:30 UTC».
«Continuando a progressão, afetou uma área pouco povoada numa extensão de mais 3 km, após o que começou a afetar os arredores da cidade de Silves e a própria cidade, o que se terá verificado cerca das 13:40 UTC».
Os autores do relatório acrescentam que «testemunhos entretanto recolhidos junto dos senhores comandantes dos Bombeiros de Silves e São Marcos da Serra, permitiram apurar a existência de danos significativos na localidade de Sapeira e área sul de São Marcos da Serra. O facto de o rumo até agora referido estar alinhado com estas localidades, bem como a circunstância de mais nenhuma SC ter sido identificada exatamente seguindo este trajeto, dá consistência à ideia de que o tornado de Silves terá, efetivamente, afetado igualmente estes dois últimos locais».
O documento adianta que se desconhece «o ponto onde o tornado se terá dissipado, pela ausência de relatos. Admite-se, no entanto, que tal tenha acontecido algures a nordeste de São Marcos da Serra».
O trajeto de destruição do tornado, «seguindo a direção e sentido de deslocamento da nuvem-mãe, compreendeu uma extensão total sobre terra de, pelo menos, 30,5 km. A esta extensão acrescerão cerca de 7 km sobre o mar, perfazendo um trajeto total de, pelo menos, 38 km para este tornado. As dificuldades de acesso, a natureza da cobertura do terreno e a manifesta impossibilidade em visitar toda a extensão referida, inviabilizaram uma avaliação sistemática da respetiva largura do trajeto de destruição. Em algumas áreas, no entanto, foi possível identificar a passagem do tornado em áreas com largura de danos estimada entre cerca de 100 m e 300 m».
Tendo em conta a classificação do tornado de Silves como um F3, os autores do relatório consideram que o tornado «é considerado como moderadamente devastador, podendo ser considerado um tornado forte de acordo com a mesma escala».
Leia aqui a versão completa do relatório.
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