Teia d’Ideias: Modelo de financiamento da atividade desportiva em Portugal tem de mudar

O paradigma do financiamento da atividade desportiva em Portugal tem de mudar, nomeadamente separando «o que é profissional daquilo que […]

O paradigma do financiamento da atividade desportiva em Portugal tem de mudar, nomeadamente separando «o que é profissional daquilo que é formação desportiva», defendeu Isabel Guerreiro, vereadora do Desporto da Câmara de Portimão, em mais uma tertúlia do ciclo Teia D’Ideias, promovido pela associação Teia d’Impulsos na Casa Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.

A autarca acrescentou que «importa fazer a definição de um plano nacional com alocação de verbas para a formação desportiva, tal como existe para outros sectores fundamentais como a saúde ou a educação».

Segundo defendeu Isabel Guerreiro, a formação desportiva deve ser sustentada por um investimento nacional e retirar essa responsabilidade das autarquias, que não têm atualmente a «capacidade necessária para garantir este apoio».

Perante a questão levantada pelos intervenientes na tertúlia sobre a melhor rentabilização das infraestruturas, Isabel Guerreiro defendeu a criação duma carta regional que identifique os meios disponíveis no Algarve, de forma a fomentar a sua partilha entre os diferentes clubes regionais.

Fernando Rocha, presidente do Portimonense, foi outro dos convidados desta sessão Teia d’Ideias e apresentou a realidade atual do clube que tem 700 crianças e jovens federados a fazer desporto, o que corresponde a uma proporção considerável do total de 1500 que existem no concelho.

Salientou as dificuldades que o Portimonense atravessa para continuar a existir. «É difícil ter 700 miúdos a praticarem desporto, porque para tudo é preciso dinheiro».

O presidente do Portimonense foi ainda questionado acerca do modelo eclético dos clubes desportivos, tendo defendido que este modelo «não é sustentável» e que a política deve passar pela «especialização dos clubes em uma ou num número reduzido de modalidades».

A vantagem desta política é abrir espaço a nível local para o aparecimento de outros clubes com intervenção em outras modalidades, o que acaba por envolver mais pessoas a nível local no fenómeno desportivo, sublinhou.

Na sua intervenção, Luís Romão~, do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), analisou os principais desafios que o associativismo desportivo hoje atravessa, salientando que se encontra ligado a um modelo que não é sustentável.

«Criou-se a dependência de apoios públicos, em particular municipais, que hoje em dia são escassos. O futuro do associativismo nesta área passa pela construção de novas teias, criando sinergias com uma rede que abranja idealmente todo o Algarve», disse aquele responsável.

O IPDJ poderá desempenhar um papel fundamental nesta rede como «moderador e dinamizador das interações entre os diferentes agentes desportivos envolvidos», acrescentou.

Luís Romão assinalou ainda a importância destes debates para colocar os agentes desportivos a refletir em conjunto, tendo sido sugerida a replicação desta discussão em outros concelhos do Algarve.

O atleta olímpico Pedro Martins, da CHE Lagoense, partilhou com os presentes a sua experiência e os desafios que teve que vencer para atingir este patamar competitivo no Badminton.

O atleta garantiu que, para se atingir estes objetivos no desporto é preciso muita paixão e dedicação, muitas horas diárias de treino e nem sempre nas condições ideais.

A família é fundamental para dar apoio e segurança a um atleta, principalmente quando se está a começar e ainda não existem os resultados que trazem depois o apoio económico e logístico, acrescentou.

No final, Pedro Martins deixou ainda uma mensagem para os dirigentes desportivos: «ouçam a opinião dos atletas, os atletas têm que ter uma palavra fulcral na decisão dos projetos dos clubes».

José Marques, Tito Januário e Valter Guerreiro, dirigentes da Portinado, Clube Naval de Portimão e Clube Bicross de Portimão, respetivamente, apresentaram a realidade dos seus clubes, salientando as dificuldades com que diariamente têm que lidar para tornar os seus projetos desportivos sustentáveis.

Uma mensagem transversal foi a necessidade de articular as atividades escolares com a prática desportiva para os atletas federados, de forma a criar as condições necessárias para que eles se possam preparar melhor para a competição e garantir melhores resultados desportivos.

Para além do Desporto, esta Teia D’Ideias contou ainda com a participação da Comissão de Produtores Hortofrutícolas do Mercado Municipal de Portimão que, em conjunto com a Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, coloriram o intervalo do debate com a fruta da época confecionada das mais diferentes formas.

Para 12 de dezembro está agendado o 3º episódio da 2ª edição da Teia d’Ideias, subordinada ao tema «O Associativismo e a Cidade – Juntos ou de costas voltadas?».

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