Falta de dinheiro + Criatividade = Festival Verão Azul só online

Os tempos são de crise e de falta de dinheiro, mas não de falta de criatividade. Que o diga a […]

Os tempos são de crise e de falta de dinheiro, mas não de falta de criatividade. Que o diga a associação «casaBranca», que entre 30 de novembro e 2 de dezembro organiza a terceira edição do Festival Verão Azul, sob o sugestivo nome «There’s no Budget» (não há orçamento).

E porque não há orçamento, nomeadamente para alugar espaços, pagar viagens e estadias a artistas, este ano o Festival será realizado exclusivamente online, com os artistas a emitir em tempo real de diferentes sítios do mundo.

Mónica Samões, diretora de produção do festival e membro da casaBranca, sediada em Lagos, explicou ao Sul Informação que «o título acabou por surgir porque, no ano passado, quando estávamos a preparar esta edição, sofremos um corte de 38% no protocolo bienal que tínhamos com a Direção Geral das Artes, enquanto a Câmara de Lagos suspendeu todos os apoios financeiros às atividades culturais».

Por isso, «tivemos de tomar decisões: avançamos com o festival ou não? Como o poderemos fazer? Este festival, que já vai na sua terceira edição, é um exercício de teimosia nossa, de trazer aqui projetos que dificilmente aconteceriam ao longo do ano».

Um festival como este envolve custos logísticos («basta pensar-se na deslocação dos artistas»), por isso os seus promotores resolveram, que, este ano, cada artista apresentaria as suas performances a partir dos seus países e locais de trabalho, transmitindo o festival através da internet. «Pedimos-lhes para criarem obras especificamente para serem apresentadas online, tirando partido deste meio de comunicação/apresentação. São obras originais, adaptações ou excertos de obras já existentes, mas todas adaptadas para serem apresentadas online».

E será assim que, nos três dias de festival, o público poderá visionar os diversos trabalhos em www.festivalveraozul.com, seguindo a emissão em streaming. Mas quem quiser um pouco mais de calor humano poderá ir até ao LAC – Laboratório de Atividades Criativas em Lagos, onde será feita uma projeção de vídeo em tempo real.

E porque a ideia é que este festival, usando a internet, «se torne viral», haverá mais um local no Algarve onde se poderá assistir: será no bar Artasca, em Silves, numa colaboração da associação Criatura Livre. «No futuro, queremos aprofundar esta lógica quase viral, com associações, galerias, festivais, no país e no estrangeiro, que projetem nos seus espaços o que acontece no Festival Verão Azul», explicou Mónica Samões.

 

Cruzar gerações, géneros e linguagens

 

Ao todo, serão três dias de espetáculos e debates apresentados em direto, mas mediados por computadores e/ou telefones, em emissão de vídeo em tempo real.

Do outro lado da câmara, estarão artistas de Portugal, Reino Unido (Kindle Theatre), Espanha (Olga Mesa), Brasil (Marcelo Evelin / Demolition Inc.) e do Congo (Faustin Linyekula). Entre os portugueses, surgem artistas como a bailarina e coreógrafa Vera Mantero, Sofia Dias e Vítor Roriz, Gonçalo Waddington e Carla Maciel, que apresentarão uma performance de dança e teatro, Fernando J. Ribeiro (artes visuais), Pedro Augusto (aka Ghuna X, música), Jorge Rocha (artes visuais) e Tiago Rodrigues (teatro).

Mónica Samões adianta que a ideia passou por «trazer nomes mais reconhecidos e pessoas que ainda estão a começar, cruzando linguagens, gerações, géneros». O que vão eles apresentar? Para descobrir isso terá que aceder ao site do Festival Verão Azul e acompanhar as performances programadas para os três dias.

produtora garante que os artistas participantes, mesmo os mais consagrados, irão receber apenas «um cachet absolutamente simbólico». «Nós propusemos este modelo de festival aos artistas e eles aceitaram de forma generosa. Para eles, tendo em conta que os problemas que afetam as condições para a criação artística e a difusão do seu trabalho são generalizados, as suas performances online no festival acabam por ser um statment, uma declaração política, social, individual de cada artista».

«Pedimos que as obras apresentadas pudessem refletir o estado atual do mundo, marcado pelo domínio do financeiro sobre o indivíduo, os valores sociais e culturais. Isto é uma forma de ter voz, de colaborar, de intervir de forma ativa», sublinhou Mónica Samões.

 

As artes perfomativas e o seu financiamento em discussão

 

Paralelamente às performances, haverá o ciclo de conversas «Money Talks – O Dinheiro Fala», moderado pelo jornalista, criador e dramaturgo Rui Catalão. As conversas serão discussões sobre a criação contemporânea e os seus meios de subsistência, com a participação de artistas, programadores e curadores espalhados pelo mundo, num evento aberto à participação do espetador.

«Vamos abrir o debate sobre as artes performativas e o seu financiamento». O nome destas conversas resulta de um trocadilho em relação à expressão inglesa «Money Talks», que pode ser traduzida como «conversas sobre dinheiro», mas também como «o dinheiro fala». E foi esta última expressão que os produtores do festival escolheram: «hoje em dia, o dinheiro fala mais alto que qualquer coisa», constata Mónica Samões.

As conversas, que serão conduzidas a partir do LAC, por Rui Catalão, mas contarão com a participação, física ou online, de criadores, curadores, programadores, nacionais e estrangeiros, gente ligada a pequenas estruturas de criação, podem também ser seguidas através da internet. Mas quem quiser poderá ir até Lagos, ao LAC, e assistir ou participar.

Como esta é a primeira vez que um festival desta envergadura é feito apenas online, os seus promotores assumem que esta edição é «um balão de ensaio». «Vamos perceber como isto resulta».

Pela originalidade do conceito, a associação casaBranca, que promove, já recebeu contactos de outros artistas que querem participar em edições futuras. Para já, é uma primeira vitória.

 

PROGRAMA:

30 Novembro
21h30 | Performances
1 Dezembro
16h00 | Ciclo de Conversas “Money Talks – O Dinheiro fala”
21h30 | Performances
2 Dezembro
16h00| Ciclo de Conversas “Money Talks – O Dinheiro fala”

 

PERFORMANCES em live streaming
30 Novembro + 1 Dezembro |a partir das 21h30

 

30 Novembro (sexta-feira)

FAUSTIN LINYEKULA – Untitled | 10min.

FERNANDO J.RIBEIRO – Untitled (Take Me to the River | 10min.

KINDLE THEATRE – Pasta Vagina Masterclass | 20min.

TIAGO RODRIGUES – Tiago à Gomes de Sá | 15min.

VERA MANTERO – A Enésima Comedora de Batatas | 15min.

 

1 Dezembro (Sábado)

PEDRO AUGUSTO (aka GHUNA X) – Food for the Week | 30min.

JORGE ROCHA – Cadência | 30min.

MARCELO EVELIN / DEMOLITION INC. – Unpaid Artists Perform Better| 20min.

CARLA MACIEL, GONÇALO WADDINGTON, SOFIA DIAS & VÍTOR RORIZ – At Most mere minimum | 20min.

OLGA MESA e FRANCISCO RUIZ DE INFANTE – Nobody has the time to be vulnerable to each other | 18min.

 

Ciclo de Conversas MONEY TALKS – O DINHEIRO FALA
Moderação de RUI CATALÃO
1 + 2 Dezembro (sábado e domingo) | 16h00

Com a participação de
MATEO FEIJÓ
ALEXANDER ROBERTS E ASGERDUR GUNNARSDOTTIR
EGLANTINA MONTEIRO
JOÃO FIADEIRO
JOSÉ ALBERTO FERREIRA
NAYSE LÓPEZ
e com os artistas integrados na programação do Festival:
OLGA MESA, FRANCISCO RUIZ DE INFANTE, TIAGO RODRIGUES, KINDLE THEATRE, FERNANDO J.RIBEIRO, PEDRO AUGUSTO (aka GHUNA X) e JORGE ROCHA.

 

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AS PERFORMANCES:

30 de Novembro
a partir das 21h30

FERNANDO J.RIBEIRO
Untitled (Take Me to the River)
Emissão a partir de uma casa em Lisboa

Duração 10 min.

Untitled (Take Me to the River) aborda o hiato produzido nas relações interpessoais desenvolvidas no seio das paisagens mediáticas e, especificamente, no âmbito da cibernautica. Take Me coloca em confronto a virtualidade de contatos estabelecidos via net, com uma matéria corporal expectante e permeável a enlaces iminentes. A hipótese da concretização da dimensão afectiva passa – assim e sempre – pela seleção prévia de interfaces culturais e tecnológicos, mas cuja evanescência dilua as fronteiras e a conduza to the River.

Criação e Interpretação Fernando J. Ribeiro

Fernando J. Ribeiro
Estudou Pintura e Escultura nas Faculdades de Belas-Artes de Lisboa e Porto, especializando-se nas áreas da instalação, escultura e performance.
A título individual realizou, entre outras: Close-up, Espaço Alcântara, Porto, 2012; Tell Me My Name, Projecto Contentores, Docas de Alcântara, Lisboa, 2010, Blind Date, galeria Caroline Pagès, Lisboa, 2010, Horizonte e outros brilhos (Galeria Presença, Porto, 2009), Untitled: Neons and Chanel (Espaço A Certain Lack of Coherence, Porto, 2009), Todos os Desejos em Saldos (Galeria Monumental, Lisboa), 2004.
Das mostras colectivas que integrou destacam-se: MONO (a propósito do grupo GICAPC/CORES CAPC 1976/1978) (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra, 2010), Invasões Contemporâneas: Arte nas Comemorações do Bicentenário das Linhas de Torres (Vila Franca de Xira, 2010), Toxic. O discurso do Excesso (Angar K7, Fundição de Oeiras, Oeiras, 2005).
Representado em diversas galerias e colecções particulares e no Museu de Serralves (coleção Ivo Martins)

 

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KINDLE THEATRE
Pasta Vagina Masterclass

Emissão a partir do estúdio do Warwick Arts Centre, perante uma plateia ao vivo, no âmbito do evento PILOT NIGHTS – Reino Unido

Duração 20 min.

O Kindle Theatre, companhia sedeada no reino Unido, irá apresentar uma Masterclass em “como fazer uma vagina de massa”. A proposta desta aula é convidar o publico a fazer, a partir do zero, a sua própria vagina de massa, juntamente com a participação do publico que estará presente ao vivo no estúdio do Warwick Arts Centre no âmbito do evento PILOT NIGHTS.
Para o Festival Verão Azul o Kindle Theatre irá juntar o público que se encontra presente ao vivo aos espectadores online, um acto lúdico que propõe uma reflexão sobre a continuidade e a possibilidade do acto de criação artística com poucos ou nenhuns recursos e sobre a função dual da arte enquanto alimento e provocação.

A receita da massa será publicada no site do Festival antes da apresentação da performance de maneira a que o público possa fazer a sua própria massa, sendo depois conduzido pelas Kindle no seu processo delicado de construção.

Concepção e Performance: Kindle Theatre – Emily Ayres, Samantha Fox and Olivia Winteringham
Presented as part of PILOT NIGHTS
www.pilotnights.co.uk

Kindle Theatre
A Companhia Kindle Theatre é composta por Emily Ayres, Samantha Fox e Olivia Winteringham e encontra-se sedeada em Birmingham, no Reino Unido. Criam performances onde procuraram reinventar a experiencia teatral de forma lúdica e divertida, explorando espaços de partilha comum e íntima dentro do contexto de eventos ao vivo.
Os projectos criados vão desde um grande banquete teatral até à transpiração de um concerto de rock incluindo frequentemente comida surpreendente, participaçãoo do público e música ao vivo. Os espectáculos dos kindle são sempre uma criação conjunta.
The furies são a sua última criação, uma experiência de técnica vocal expandida onde a voz é utilizada para criar uma atmosfera electrizante.

 

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TIAGO RODRIGUES
Tiago à Gomes de Sá

Emissão a partir de uma cozinha em Benfica

Duração 15 min.

A história autobiográfica de um dramaturgo que, durante uma expedição no gelo, se sacrifica para que os seus companheiros possam sobreviver.

Escrita e interpretada por Tiago Rodrigues

Tiago Rodrigues
Tiago Rodrigues é ator, dramaturgo, produtor e encenador. Aos 21 anos, desiste da escola de teatro para trabalhar com a companhia belga tg STAN, com a qual continua a colaborar desde 1998. Em 2003, cria a estrutura Mundo Perfeito, cujo trabalho tem sido apresentado em Portugal, França, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Noruega, Suécia, Itália, Eslovénia, Espanha, Itália, Suíça, Líbano e Brasil. Se uma janela se abrisse (nomeado para Melhor Espetáculo do Ano de 2010 pela SPA),Tristeza e alegria na vida das girafas, Três dedos abaixo do Joelho foram as suas mais recentes criações para teatro, como autor e encenador. Tem trabalhado em cinema, como argumentista e ator, tendo recebido o prémio de Melhor Ator Secundário da GDA pela sua prestação na longa metragem Mal Nascida. Escreveu o argumento e também foi ator da minissérie Noite sangrenta, vencedora do prémio de Melhor Ficção Televisiva da SPA e nomeada para o prémio de Melhor Minissérie no Festival Internacional de TV de Monte Carlo.

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VERA MANTERO
A Enésima Comedora de Batatas

Emissão a partir de Espanha
Duração 15 min

A temática dos comedores de batatas tem estado presente em várias obras recentes de vários artistas: Bela Tarr, Maria Beatriz, Wang Bing. Todos herdando do original de Van Gogh. Resolvi pegar também no tema, tão actual, e criar uma versão muito simples, a enésima comedora de batatas em discurso directo e online, reflectindo, comendo, e talvez usando narinas e ouvidos como receptáculos de batatas ou de outros objectos.

Concepção, direcção e interpretação de Vera Mantero

Vera Mantero
Vera Mantero estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Começou a sua carreira coreográfica em 1987 e desde 1991 tem mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura.
Participa regularmente em projectos internacionais de improvisação ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton. Desde o ano 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.
Em 1999 a Culturgest organizou durante um mês uma retrospectiva do seu trabalho realizado até à data e que se intitulou “Mês de Março, Mês de Vera”.
“Comer o Coração”, trabalho criado em parceria com o escultor Rui Chafes, representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo 2004.
No ano de 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura) e no ano 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.

Para mim a dança não é um dado adquirido, acredito que quanto menos o adquirir mais próxima estarei dela, uso a dança e o trabalho performativo para perceber aquilo que necessito de perceber, vejo cada vez menos sentido num performer especializado (um bailarino ou um actor ou um cantor ou um músico) e cada vez mais sentido num performer especializadamente total, vejo a vida como um fenómeno terrivelmente rico e complicado e o trabalho como uma luta contínua contra o empobrecimento do espírito, o seu e o dos outros, luta que considero essencial neste ponto da história.

 

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FAUSTIN LINYEKULA
Untitled
“10”
Emissão a partir de Bruxelas

1 de Dezembro
a partir das 21h30

 

 

 

 

 

 

 

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PEDRO AUGUSTO (aka Ghuna X)
Food for the Week

Emissão a partir de uma cozinha de uma casa no Porto

Duração 30 min.

Performance desenvolvida à volta de alguns pequenos truques da subsistência humana e artística, em formato de programa de culinária.

Criação, interpretação, texto e sonoplastia: Pedro Augusto (Ghuna X) | Narração: Nuno Moura

Pedro Augusto (aka Ghuna X)
Trabalha como artista independente na cidade do Porto desde 2003.
Tem desenvolvido actividade regular nas áreas da música electrónica (performativa), sonoplastia e produção (mistura e masterização), sob o alter-ego de Ghuna X. Já trabalhou com artistas e entidades nos mais diversos contextos, revelando uma faceta altamente versátil e sempre experimental. Colaborou com Black Bombaim, Capicua, Ana Deus, Alexandre Soares, Rey, Jonathan Saldanha, etc, em diversos concertos e edições fonográficas. Desenvolveu bandas sonoras originais para peças de teatro com a Marionet (Coimbra) e para filmes de André Gil Mata. Actualmente trabalha com a performer Vera Mota, num espectáculo que reúne som, dança e texto.
Já se apresentou ao vivo em várias cidades do país, no decorrer de festivais e eventos musicais singulares como, Festival Verão Azul (Lagos), Festival Silêncio, Clubbing, Neopop, Festival Days of Sound, Festival Map/p, Matanças, Festival Manobras, Paredes de Coura (Jazz na Relva), etc.
Realizou em 2011, uma tour com a Associação Chili Com Carne tendo tocado em cidades como Pancevo (Servia) ou Ljubliana, por exemplo.
É co-fundador do colectivo portuense Faca Monstro e da editora independente e diy Marvellous Tone, pelas quais edita usualmente os seus trabalhos.
Trabalha como monitor da Digitópia (Serviço Educativo da Casa da Música) e faz parte do Digitópia Collective, um ensemble de música electrónica.
Forma com Rey, desde 2011, o projecto Ghunagangh.

 

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JORGE ROCHA
Cadência

Emissão a partir de uma sala no LAC em Lagos

Duração 30 min.

Dádiva? Cura? Oportunidade? De que fala esta gente? Em que país vivem? Num país onde a elite fabrica as ideias da moda, os idiotas as repetem, os políticos as aplicam e as vítimas aceitam.
in Jornal Expresso, 14 de Maio de 2011, Primeiro Caderno, Daniel Oliveira

Cadência é uma acção performativa que se inspira numa pesquisa desenvolvida pelo artista Jorge Rocha sobre artigos publicados no Jornal Expresso no primeiro semestre de 2011, esboçando um olhar sobre diversos códigos relativos à conjuntura que o país enfrenta, numa abordagem artística de carácter experimental sobre as mensagens dos media.
É uma sequência que parte do interesse do artista pelos universos performativos da acção concreta de cozinhar e da sua relação com a Cultura Digital, integrando neste caso mensagens que nos deixam discutir aspectos político da cultura portuguesa.

O projecto Cadência foi desenvolvido no âmbito do PRALAC – Projecto Anuais que o artista desenvolveu no LAC-Laboratório de Actividades Criativas e é promovido pela Xerem.

Concepção Jorge Rocha com Neusa Dias

Jorge Rocha
É artista e produtor independente, que procura conectar diferentes campos artísticos, propondo a transversalidade na arte contemporânea. Licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha e, entre 2005 e 2008, foi produtor de exposições no Centro Cultural de Lagos. Entre vários projectos produziu: Zoologia dos Trópicos: obras de Nelson Leirner e Jorge Dias; Laccobriga: a ocupação romana na baía de Lagos e Mundos Locais: espaços, visibilidades e fluxos transculturais, no âmbito do Allgarve08.
Em 2005, fez uma residência artística no LAC – Associação Cultural em Lagos, onde criou a performance Procedimento Administrativo, apresentada no âmbito da Expoarte Contemporânea que decorreu no Museu Nacional de Arte de Maputo, Moçambique, e no Festival CINEPORT que decorreu em João Pessoa, Brasil. Em 2009, produziu o projecto Underconstruction de Mónica de Miranda e Paul Goodwin, as experiências em Portugal do projecto NBP-Novas Bases para a Personalidade, de Ricardo Basbaum, e participou no Sansa International Artists Workshop que decorreu em Kumasi, Gana, no âmbito da rede Triangle Arts Trust. Em 2010 realizou o filme “Escrito nas Telhas” integrado no Festival Ver e Fazer Filmes- Edição Cineport que decorreu em Cataguases/Brasil e coordenou o Workshop Internacional de artistas “Home and Abroad”. É sócio do LAC – Laboratório de Actividades Criativas e co-fundador da Xerem – Associação Cultural.

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CARLA MACIEL, GONÇALO WADDINGTON,
SOFIA DIAS & VÍTOR RORIZ
At most mere minimum – Quando muito o mínimo

Emissão a partir do grande auditório da Culturgest, perante uma plateia ao vivo em Lisboa

Duração 20 min.

At most mere minimum
é uma tentativa de aproximação que permite fragmentar um momento em ínfimas partículas. Nessa ampliação, lenta e infinita, revelam-se brechas que nos permitem manipular e redimensionar a realidade. Como um movimento da consciência ao interior do crânio, onde simultaneamente nos apercebemos do movimento das pálpebras e contemplamos o exterior, numa cadência ininterrupta, entre o pormenor e a totalidade, sempre impossíveis de alcançar.
At most mere minimum expressa também a nossa vontade de criar um espaço de encontro e experimentação que intensifique diferenças e alimente o desejo de partilha das várias perspetivas, alargando assim a nossa visão sobre o mundo.

Co-criação e Interpretação Carla Maciel, Gonçalo Waddington, Sofia Dias e Vítor Roriz
Co-produção Culturgest, Teatro Nacional São João, Guimarães Capital Europeia da Cultura

Carla Maciel e Gonçalo Waddington
Carla Maciel e Gonçalo Waddington têm uma extensa carreira de atores no teatro, cinema e televisão. Em 2011, interpretaram o par central de Rosmersholm de Ibsen, estreia de Waddington na encenação; em 2010 tinha-se iniciado na realização com a curta-metragem Nenhum Nome, que Carla protagonizou.

Sofia Dias e Vítor Roriz
São nomes centrais de uma nova geração da dança portuguesa. Bailarinos e coreógrafos independentes, trabalham juntos desde 2006 na pesquisa e concepção de vários trabalhos de dança, apresentados em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Suíça, Roménia, Bélgica, Inglaterra e Holanda. Têm leccionado vários workshops (no C.e.m., Fórum Dança, Companhia Instável e Módulos Nómadas/Alkantara) e a disciplina Oficina de Corpo no Curso de Teatro da ESAD – Caldas da Raínha.
São artistas associados da Materiais Diversos e d’O Espaço do Tempo.

Trabalhos apresentados: 25, Visegradska (2006); Under(the)line (2006); Sand Castle (2007), Involuntariamente (2007), Again from the beginning (2009), Unfolding (2009), O mesmo mas ligeiramente diferente (2010), Um gesto que não passa de uma ameaça (2011), premiado com o Prix Jardin d’Europe 2011 e Fora de qualquer presente (2012).

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OLGA MESA E FRANCISCO RUIZ DE INFANTE
Nobody has the time to be vulnerable to each other

Emissão a partir duma sala de cine-rural em Vaillant (FR)

Duração 18 min.

Não temos tempo para ser vulneráveis: decidimos se-lo
Não temos tempo para quase nada: três atritos em cadeia
Eu diria: “damos pouco tempo às coisas necessárias”.
e Eu diria: “Aqui começa um tempo”.
Tudo para. Micro-trilogia circular.

Ela não vê. Ela sabe-o. Ela imagina e logo quer ver o que imaginou.
Ele acredita que vê.
“Não temos tempo para ser vulneráveis.

Co-criação e Interpretação: Olga Mesa e Francisco Ruiz de Infante
Colaboração: Centre des Rives

Olga Mesa
Emissão a partir de uma sala de cine-rural em Vaillant (FR)

Olga Mesa, coreógrafa e artista visual, nasceu em Avilés (Astúrias).
A sua atividade destaca-se por ter trazido as artes visuais para o palco, criando uma linguagem íntima e pessoal que a tornou numa referência das artes performativas europeias. Fez da câmara sua cúmplice, conjugando a experiência do espaço/tempo e do olhar como questionador entre intérprete e espectador e convertendo o corpo em instrumento de visão, ao mesmo tempo sujeito e objeto.
Uma parte da obra de Olga Mesa tem-se desenvolvido através de ciclos temáticos. O primeiro foi a trilogia do corpo Res, non verba (1996-1999), que se iniciou com estO No es Mi CuerpO (1996), reposto em 2001 no Théâtre da la Ville de Paris.
Instalada em Estrasburgo desde 2005, artista residente no Théâtre Pole Sud, desenvolve, através de residências itinerantes, uma “dramaturgia da sensação”, deliberadamente na fronteira entre a dança, a escrita, a instalação audiovisual e a linguagem cinematográfica. Com Más público, más privado (2001-2006), que integra cinco criações, a coreógrafa centrou o seu trabalho na transmissão das ferramentas de escrita coreográfica e pensamento sobre o corpo, em colaboração com o intérprete. O seu projeto temático atual labOfilm&1 – que interroga a relação do corpo com o dispositivo fílmico tanto na cena como fora dela – estreou em março de 2012 no âmbito de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, onde Olga Mesa foi artista residente. As criações cénicas da companhia, bem como os seus laboratórios de investigação, têm sido apresentados em festivais e estruturas artísticas da Europa, América Latina, Estados Unidos e África. A companhia Olga Mesa celebra em 2012 o seu 20.º aniversário com um projeto editorial entre Portugal, França e Espanha sobre a trajetória da artista: Olga Mesa y La Doble Visión.

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MARCELO EVELIN / DEMOLITION INC.
Unpaid Artists Perform Better

Emissão a partir de um quarto de hotel em São Paulo / Brasil

Duração 20min.

Durante os quatro dias que antecedem esta performance especialmente criada para o Festival Verão Azul, Marcelo Evelin vai estar instalado num quarto do Hotel Feller na cidade de São Paulo, no Brasil, de onde a performance será transmitida ao vivo pela internet.
Usando esse espaço como “canteiro de obra” performativo, o artista convida, durante esse período, outros artistas – da arte e/ou da vida – para uma visita ao seu quarto de hotel, onde poderão performar suas fascinações, inquietações, poéticas,  ficções, fantasias ou desilusões especialmente para/com ele.
A performance acontece como eco ou desdobramento dessas visitas, como vestígios capturados dessas pequenas danças, entrevistas, desabafos, gargalhadas e obscenidades que transcorreram nesse lugar de intimidade, transitoriedade e imprevisibilidade.
Os artistas não serão pagos para tal intervenção e o titulo “unpaid artists perform better” foi retirado de um grafitti encontrado nas ruas da cidade de Guimarães, Portugal, actual capital europeia da cultura.

Marcelo Evelin
é coreógrafo, pesquisador e intérprete. Vive e trabalha na Europa desde 1986, onde actua na área da dança e do teatro físico, tendo colaborado com profissionais de variadas linguagens, nacionalidades  e experiências, em projectos também envolvendo música, vídeo, instalação e ocupação de espaços específicos. É criador independente com sua companhia Demolition Inc., e ensina improvisação e composição na Escola Superior de Mímica de Amsterdão-Holanda, onde também cria projetos e orienta estudantes em processos criativos. Orienta workshops e projectos colaborativos em vários países da Europa, Estados Unidos, África, Japão, América do Sul e Brasil, para onde retornou em 2006 e desde então vem actuando também como gestor e curador, além de ter implantado e coordenar em Teresina-Piaui o Núcleo do Dirceu, um colectivo de artistas independentes e plataforma de pesquisa e desenvolvimento das Artes Performáticas Contemporâneas. O seu último espectáculo, Matadouro (2010), tem sido mostrados em apresentações no Brasil e no exterior. Actualmente trabalha no projeto 1000 Casas com o Núcleo do Dirceu, e no espectáculo De repente fica tudo preto de gente que estreou recentemente no Festival Panorama no Rio de Janeiro.

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