Quarteira viveu noite «de pesadelo» devido a inundações

Uma noite «de pesadelo», que para muitos acabou sem possibilidades de voltar a casa, com bombas de água a retirar […]

Uma noite «de pesadelo», que para muitos acabou sem possibilidades de voltar a casa, com bombas de água a retirar água dos edifícios ou de esfregona na mão, a limpar.

Muitos habitantes do concelho de Loulé, principalmente da cidade de Quarteira, passaram a noite em claro devido à forte chuva que caiu durante a noite de ontem e madrugada de hoje, quinta-feira, em alguns casos com água acima da cintura.

Na Rua Vasco Gama, uma das principais artérias comerciais de Quarteira, eram bem visíveis, a meio da manhã, as consequências da muita chuva que caiu algumas horas antes.

A água ainda teimava em manter-se em caves e habitações, com os bombeiros a retirar a que conseguiam, com a ajuda de bombas de água. Noutros pontos da cidade, foram os próprios habitantes a usar as mangueiras para sugar a água dos pisos abaixo do solo.

«Esta noite foi mesmo de pesadelo, ainda não dormi até agora», revelou Natércia Pereira, habitante nesta artéria quarteirense «há mais de 20 anos», que garante que nunca viveu «nada de parecido».

«Já temos tido inundações, com água pelo tornozelo e até pelo joelho. Mas ontem a água chegava-me ao peito, na última vez que lá entrei para ir buscar os meus medicamentos», ou seja, mais de um metro de altura, contou ao Sul Informação, na rua, à porta de sua casa.

Natércia Pereira e a sua família, de «seis adultos e um bebé», passaram a noite a tentar salvar o que podiam, tarefa que se revelou bem complicada, já que «a água escorria das paredes que até pareciam torneiras».

«Ficou tudo molhado. Mantas, colchões, a roupinha do bebé. Mantas já tenho, que uma amiga me trouxe uma remessa delas, e roupa de bebé também, já me prometeram que trarão alguma», disse.

Dentro da habitação, via-se mobília e eletrodomésticos, tombados e ainda dentro de água e haveres amontoados nas zonas mais altas, num cenário de caos.

De manhã, ficaram à porta de casa e próximo do meio dia ainda não sabiam onde iriam ficar até que a sua casa volte a estar habitável. «Já aqui esteve uma assistente social, que disse ia ver se nos arranjava um sítio, pelo menos para dormir. Vamos ver se passa aí à tarde», disse.

Antes, a Proteção Civil já havia avançado a possibilidade desta família ir para o Quartel dos Bombeiros local, onde já há pessoas realojadas, uma possibilidade que Natércia Pereira não coloca de lado.

 

Lojistas de Quarteira também passaram a noite em branco

 

Em Quarteira, a água também acabou por entrar em estabelecimentos comerciais, alguns dos quais ainda se esforçavam por limpar os estragos causados pela inundação perto do meio dia.

Uma das lojas afetadas foi o Pronto-a-Vestir e Sapataria Rita, cujo proprietário, o comerciante conhecido na cidade como Mealha, garantiu que foi depois de ter limpo as sarjetas por sua própria iniciativa que a situação melhorou.

«Isto começou por volta das 23h15, prolongou-se para lá das quatro da manhã e era um mar de água que aqui havia. Só conseguimos desbloquear essa água quando limpámos as vias fluviais. Não escoava nada, era uma coisa impressionante», disse.

«Eles não limpam nada», acusou. «Sabem perfeitamente que todos os anos, nesta altura, há sempre chuvadas fortes. E até sabem quando chove, a hora e os minutos. Há necessidade de haver prevenção, para evitar este tipo de situações», defendeu.

Dentro da loja, os danos causados pela água, que chegou a «cinco centímetros de altura», eram revelados por caixas de sapatos de cartão encharcadas e por lixo, na sua maioria já recolhido. Isto apesar de a loja ter uma placa colocada na porta, para impedir a entrada de água. «Se não a tivesse, lá em baixo tinha água até ao pescoço», ilustrou o comerciante quarteirense.

 

Consequências são visíveis em diversos pontos do concelho

 

Quarteira foi a localidade onde se terão vivido os momentos mais complicados, devido à sua proximidade com o oceano, que levou a que se conjugasse a maré alta com a enxurrada causada pela chuva. Mas foram vários os locais do concelho de Loulé onde a água causou estragos.

Na Fonte Coberta, em Almancil e junto ao empreendimento Vila Sol, na estrada entre Quarteira e as Quatro Estradas, o trânsito teve de ser cortado durante várias horas.

De manhã, a estrada já estava desimpedida, mas os terrenos em volta continuavam alagados e as ribeiras a correr com uma força bem fora do vulgar.

Mais complicado de resolver foi um aluimento de terras na linha férrea, perto de Vale Judeu, que impediu a circulação de comboios entre as estações de Loulé e Boliqueime. Um vídeo enviado por um leitor do Sul Informação e disponível na nossa página de Facebook mostra a estrada nesta zona completamente coberta de água, embora a sua altura não fosse suficiente para impedir os carros de circular.

Veja mais fotos na galeria fotográfica nesta página, na coluna da direita >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

 

 

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