Cancelamento das variantes à EN125 é «nítida falta de visão estratégica»

O cancelamento da construção de quatro das variantes da EN125, no âmbito da renegociação do contrato com o consórcio Rotas […]

O cancelamento da construção de quatro das variantes da EN125, no âmbito da renegociação do contrato com o consórcio Rotas do Algarve Litoral, é «uma nítida falta de visão estratégica por parte deste Governo», diz Francisco Leal, presidente da Câmara de Olhão.

Este município é um dos que será afetado pelo cancelamento das obras previstas, que atinge as projetadas variantes de Odiáxere (Lagos), Olhão, Luz de Tavira e à EN 2 entre Faro e S. Brás de Alportel.

Em declarações ao Sul Informação, o autarca socialista diz que encara «da pior maneira [o cancelamento], uma vez que sempre considerei que esta é uma obra fundamental, quer para a qualidade de vida da população olhanense, quer em termos de mobilidade, uma vez que é um dos mais concorridos acessos ao Sotavento algarvio».

Francisco Leal sublinha que o fim da variante de Olhão «traz grandes prejuízos, quer em termos ambientais, sobretudo para a população olhanense, quer em termos económicos, uma vez que é afetada a nossa principal atividade, o turismo, com a agravante de a afluência a esta estrada [EN125] ter crescido desmesuradamente desde a instalação de portagens na A22».

Por isso, acrescenta, «o cancelamento de todas estas obras vai ter um impacto muito negativo no turismo do Algarve. Num momento em que esta atividade económica é a única que pode dar resposta em termos imediatos ao crescimento das exportações, é inacreditável que o Governo prejudique ainda mais a economia do Algarve (o mesmo será dizer, a economia do País)».

«É uma nítida falta de visão estratégica por parte deste Governo!», conclui o presidente da Câmara de Olhão.

 

(Quase) todos contra abandono das obras

 

Também António Eusébio, presidente da Câmara de São Brás de Alportel e do PS/Algarve, criticou ontem a decisão de cancelar as quatro obras anteriormente previstas no âmbito da concessão Rotas do Algarve Litoral.

Em declarações ao Sul Informação, António Eusébio lamentou «o adiar de projetos fundamentais para a segurança da região» e disse não acreditar que a solução alternativa, que prevê que seja a Estradas de Portugal a avançar com as obras, possa ser implantada em breve, «tendo em conta a situação que o país vive».

As críticas vieram ainda do PCP e da Comissão de Utentes da Via do Infante. Para os comunistas algarvios, «não há nenhuma “renegociação”, e muito menos “poupança”, mas um corte nas obras previstas e a transferência, para o Estado, dos custos anteriormente assumidos pelo consórcio Rotas do Algarve Litoral, ao mesmo tempo que se mantêm intocáveis as elevadas taxas de rentabilidade do consórcio».

A CUVI, por seu lado, considera que «a Estradas de Portugal ofereceu de mão beijada o euromilhões à Rotas do Algarve Litoral – esta empresa não constrói obras fundamentais, que são anuladas, e o grosso da manutenção passa para a empresa pública!».

No extremo oposto destas opiniões está o PSD/Algarve. Segundo os social-democratas, com o acordo alcançado na renegociação desta PPP (Parceria Público Privada) será possível «retomar com efeito imediato as obras de modernização desta importante estrada algarvia [EN125]com uma poupança de 155 milhões de euros».

No entanto, admite o PSD/Algarve, ficará de fora a construção da variante de Olhão, o que é «uma falha grave deste processo, pois esta é uma obra estruturante para a circulação na EN125».

 

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