Tecnovia suspende 330 trabalhadores e pára obras nas concessões do Alentejo e Algarve Litoral

A «suspensão dos trabalhos nas subconcessões do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral» é um dos motivos invocados pela Tecnovia […]

A «suspensão dos trabalhos nas subconcessões do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral» é um dos motivos invocados pela Tecnovia para colocar em “lay-off” (suspensão temporária dos contratos de trabalho) «cerca de 330 trabalhadores», anunciou esta segunda-feira à noite, em comunicado, a administração da empresa construtora.

«Em virtude de motivos e circunstâncias de natureza económica, de mercado e estruturais, a Tecnovia viu-se forçada a iniciar, na presente data, um processo de “lay-off” que envolve cerca de 330 trabalhadores», adiantou a Tecnovia.

«O atual desajustamento entre as obras em carteira e a capacidade instalada da empresa, decorrente essencialmente da acentuada diminuição do investimento público, da continuada redução do número de concursos públicos abertos e adjudicados e da suspensão dos trabalhos nas subconcessões do Baixo Alentejo e do Algarve Litoral» são os motivos invocados pela empresa para a sua decisão.

Tendo em conta estas razões, a Tecnovia considera «inadiável» a decisão de «reduzir ou suspender a prestação de trabalho do referido universo de trabalhadores», que, ainda assim, é apresentada como uma medida temporária. É que a empresa prevê o «reforço da carteira de encomendas, sobretudo no mercado internacional».

No Sul do país, esta decisão põe em causa a continuação e conclusão de duas obras importantes: a concessão Algarve Litoral, que passava pela requalificação da EN125, de Vila do Bispo a Vila Real de Santo António, e ainda a concessão «Estradas da Planície», no Alentejo.

Nesta última subconcessão, que passa pela construção do IP8/A26, ligando Beja a Sines e a Lisboa, os trabalhos foram suspensos ontem. Jorge Pulido Valente, presidente da Câmara de Beja, em declarações à rádio Antena1, disse que a construção dessas acessibilidade «é estruturante no desenvolvimento da região e por isso mesmo é que este projeto foi lançado».

O autarca alentejano acrescentou compreender «que possa haver necessidade de renegociação da concessão, mas nunca o abandono da construção de uma infraestrutura desta importância, que ainda por cima já está mais do que a meio da sua construção».

Por seu lado, Desidério Silva, presidente da Câmara de Albufeira, disse que «uma região como o Algarve tem muita dificuldade em sobreviver sem estas obras concluídas. O que está em causa é a região enquanto zona de residência, mas principalmente enquanto sona de turismo».

No caso da subconcessão Algarve Litoral, na verdade as obras já estão paradas desde 22 de março passado, como o Sul Informação noticiou então em primeira mão.

Nessa altura, estavam em curso a construção da Variante de Faro, da Variante de Lagos, do nó da Praia da Luz e da requalificação do troço entre Lagos e Vila do Bispo, com a construção de diversas rotundas, bem como da Variante a S. Lourenço/Troto e da Variante à EN395 entre Guia e Albufeira. Tudo isso parou, causando sérios problemas ao tráfego rodoviário na região.

Em resposta a um pedido de esclarecimento por parte do Sul Informação, o concessionário Rotas do Algarve Litoral, do Grupo Rodoviário Rotas Regionais, adiantou, no próprio dia 23 de março, que a «subconcessionária do Algarve está a tentar ultrapassar os problemas suscitados pelos bancos financiadores, relacionados com as sucessivas quedas de rating dos bancos».

Em junho, o próprio Ministério da Economia, em resposta a uma questão do deputado comunista algarvio Paulo Sá, disse que, «de acordo com informação da EP,S.A., a conclusão das obras de requalificação da EN 125 e da ligação S. Brás de Alportel está prevista para Abril de 2013, tendo sido suspensas por questões relacionadas com o financiamento da subconcessionária, sendo retomadas logo que ultrapassadas essas dificuldades».

Entretanto, sabe-se que, além das dificuldades financeiras dos grupos responsáveis pelas duas subconcessões, dos quais a Tecnovia é apenas uma das empresas integrantes, para os problemas contribuiram também as negociações dos contratos com as Estradas de Portugal.

A Estradas de Portugal foi mandatada pelo Governo para renegociar sete subconcessões rodoviárias (duas das quais estão concluídas), a fim de atingir uma poupança nominal superior a dois mil milhões de euros nos próximos 30 anos, o prazo dos acordos assinados com as concessionárias.

Em declarações à Antena 1, Albano Ribeiro, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, avançou que já foi pedida uma reunião com caráter de urgência ao Primeiro Ministro, a fim de serem apresentadas propostas e exigidas soluções para travar a crise no setor.

 

Sobre as concessões rodoviárias:

 

A concessão rodoviária do Baixo Alentejo encontra-se adjudicada às ESTRADAS DA PLANÍCIE, sociedade que incorpora as competências de project finance, construção e exploração de infraestruturas de um grupo qualificado de empresas.

As ESTRADAS DA PLANÍCIE têm como acionistas a EDIFER, a IRIDIUM, a DRAGADOS, a TECNOVIA e a CONDURIL.

A concessão rodoviária do Algarve encontra-se adjudicada às ROTAS DO ALGARVE LITORAL, sociedade que incorpora as competências de project finance, construção e exploração de infraestruturas de um grupo qualificado de empresas.

As ROTAS DO ALGARVE LITORAL têm como acionistas a EDIFER, a TECNOVIA, a CONDURIL, a DRAGADOS e a IRIDIUM.

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