Boas ideias de negócio partilhadas entre a piscina e o mar na Marina de Portimão

«Trabalho, dedicação e paixão». Estes são os três ingredientes base para o sucesso de uma empresa. A dica foi partilhada […]

«Trabalho, dedicação e paixão». Estes são os três ingredientes base para o sucesso de uma empresa. A dica foi partilhada por Marco Lorenzi, fundador e um dos proprietários do Grupo NoSolo, e ainda por Mariana Ramos Mesquita e Sofia Teles, fundadoras da Taste Algarve, os três empreendedores convidados no dia 16 de agosto, ao fim da tarde, para a Beta Talk especial de verão, que teve lugar à beira da piscina do espaço NoSolo Água, na praia da Marina de Portimão.

Marco, que se confessou «um italiano com costela portuguesa» (nacionalidade da sua mãe), recordou a fundação do seu primeiro negócio, a Gelataria Bella Italia, na baixa de Portimão, junto à Casa Inglesa. «O gelado era a nossa base, mas agora também temos pizza, pasta e tudo o que tem a ver com a comida italiana. E também nos lançámos no mundo da animação, da praia, festa e glamour», de que o NoSolo Água é um dos exemplos máximos. Mas o grupo, com outros sócios locais, também já está em Lisboa, no renovado Terreiro do Paço, por exemplo.

«Vendendo glamour, chamamos a atenção e tornamos a marca mais forte», disse Marco.

Marco Lorenzi

A Beta Talk especial de verão, o único destes momentos de partilha de ideias e de “networking” promovido em todo o país em agosto, teve casa cheia, com cerca de uma centena de participantes, com forte presença de algarvios vindos de toda a região, de Tavira a Sagres. Uma prova de que o tema do empreendedorismo e da partilha de ideias atrai cada vez mais as atenções. Mas certamente que o espaço NoSolo à beira da piscina e do mar também teve o seu quinhão de responsabilidade neste sucesso.

Respondendo à questão colocada por Sandrine, uma das participantes na Beta Talk, sobre se é mais difícil lançar uma ideia de negócio no Algarve que em Lisboa, Marco Lorenzi respondeu que «Lisboa é uma cidade muito grande, onde se trabalha pelo menos para um milhão de pessoas. Aqui no Algarve trabalha-se para 50 mil pessoas».

 

Mais boas ideias em preparação

 

Antes de ouvir as segundas convidadas especiais da noite, houve ainda tempo para que outros empreendedores partilhassem as suas ideias de negócio. Rosa Nunes, por exemplo, uma portuguesa que vive em Bruxelas, onde trabalha na Comissão Europeia, dá também aulas de cozinha e quer fazer disso um negócio. «A ideia é vir para o Algarve, onde nasci, provavelmente para dar aulas de cozinha», mas de uma «cozinha tradicional revisitada, ligada ao slowfood».

Sofia, outra empreendedora, é designer e trabalha numa empresa do ramo, mas quer lançar uma linha de «souvenirs» e «gifts» verdadeiramente «made in Algarve» e não feita de «produtos importados da China, que são todos iguais em todo o lado». «É uma falha no Algarve: não temos nada que seja nosso, que nos defina». O objetivo da jovem empreendedora é «encontrar clientes que queiram ter algo que seja só deles».

André Marquet, da Beta-i – Associação para a Promoção do Empreendedorismo e da Inovação, recordou a propósito os projetos semelhantes «Lisbon Lovers» e «T-Shirt Lovers».

Jorge Mourinho, um dos dois fundadores da Bike Postal, a primeira empresa de estafetas de bicicleta em Portimão, falou da sua ideia de «usar a bicicleta na área da logística e da mobilidade urbana», acrescentando que a empresa que vai fundar com o seu amigo e sócio Michael Vieira já está em fase de conclusão do plano de negócios.

Eugénio e Alexander

Depois, foi a vez de Eugénio Gonçalves Pinto e Alexander Kustov apresentarem o seu projeto Bug da Iniciativa, um site com design inovador que pretende agregar toda a informação na área do empreendedorismo e que se torne referência nessa área.

O BUG 2.0, a versão colaborativa com um design redesenhado a pensar na divulgação de todas as atividades empreendedoras, foi precisamente lançado nesta Beta Talk no NoSolo Água, na Marina de Portimão.

Eugénio explicou que tudo começou no final de agosto de 2011, no Facebook: «houve muita adesão por parte dos empreendedores ou possíveis empreendedores», de tal forma que «houve a necessidade de passar para um site, que foi criado em abril de 2012, com apoio da Beta-i».

Para avançar com a aplicação mobile, Eugénio lançou uma campanha de crowdfunding. «Não chegámos ao valor pensado, mas chegámos às pessoas que nos querem ajudar a levar o projeto para a frente», garantiu.

Um deles é Alexander Kustov, estudante e que se apresenta como «developer». «Gosto de ajudar as pessoas a fazer o que querem. Eu disse ao Eugénio: você não precisa de mil e tal euros para fazer a aplicação mobile, duas horas do meu trabalho chega. Mas primeiro vamos melhorar o site». E assim fizeram.

O sumo do Bug da Iniciativa

Hoje, o Bug da Iniciativa e a sua Agenda do Empreendedorismo estão disponíveis no site, mas também em versões para iPhone, Android e tablets.

Trata-se de um site aberto, que encoraja a interatividade, onde qualquer pessoa pode registar o seu evento na área do empreendedorismo. Inclui um mecanismo de pesquisa de eventos, de forma a tornar-se numa verdadeira plataforma que agrega eventos de empreendedorismo a nível nacional.

A culminar a sua bem disposta apresentação, Eugénio e Alexander apresentaram o «Sumo do bugdainiciativa», um misterioso líquido acastanhado dentro de uma garrafa, que continha, disseram, «a força do escaravelho, a organização da centopeia e o potencial das larvas». Ninguém se atreveu a provar…

 

Vinhos e Algarve para provar

 

Os vinhos de Portimão

Seguiu-se um momento de pausa e de brinde ao verão e às boas ideias, um wine-break oferecido pela organização, que contou com o apoio do NoSolo, da TasteAlgarve e dos vitivinicultores Quinta do Morgado da Torre, Herdade dos Pimentéis e Quinta da Penina.

Mariana e Sofia, da Taste Algarve, apresentaram duas das suas iguarias, baseadas na tradição da gastronomia algarvia mas com um toque de diferença e modernidade – um xarém doce e um humus de fava. Estavam ambos uma delícia, até pelo inusitado dos sabores e das texturas.

Isto serviu de mote para a apresentação da sua empresa, a Taste Algarve.

Mariana Ramos Mesquita é algarvia, mas trabalhou alguns anos em Lisboa, em áreas ligadas à gestão e ao turismo. Sofia Teles não é algarvia e a sua atividade principal era uma escola de kitesurf na região, onde tinha «clientes que queriam coisas novas», nomeadamente ao nível de experiências gastronómicas, para além do «chicken piri-piri e das sardinhas».

A partir da experiência de ambas, resolveram juntar-se e criar este projeto, que tem «uma parte muito forte de pesquisa das tradições do Algarve», que passa, por exemplo, «por redescobrir produtos típicos», «visitar os restaurantes tradicionais e falar com as pessoas».

A partir desta redescoberta e com uma boa dose de inovação, a Taste Algarve oferece programas completos de experiências gastronómicas, que «dão a conhecer saberes, sabores e sobretudo um estilo de vida», que são, no fundo, como sublinhou Mariana, uma forma de «combater a sazonalidade».

Os programas oferecidos pela Taste Algarve passam por degustações, visitas a produtores locais e preparação de diversos pratos, após uma visita guiada aos mercados, como os de Olhão. Pode ainda passar, por exemplo, por uma visita à Ilha da Culatra para mostrar onde e como se produzem os bivalves, ou experiências ligadas à apanha e preparação da azeitona (na época).

Pode ainda ser um «programa mais personalizado»: «vamos com a pessoa às compras ao mercado e depois ajudamos a pessoa a preparar uma refeição para a família, com os produtos tradicionais algarvios».

Sofia e Mariana

Há também workshops de culinária ou a preparação de cestas de piquenique. «O projeto assenta muito nas parcerias», tendo à cabeça o Monte do Álamo e a Casa de Estoi, espaços de turismo rural, os Hotéis Real, entre outros parceiros.

Sofia garante: «Portugal em geral e o Algarve em particular podem ser destinos gastronómicos por excelência», um destino onde as pessoas vão comer bem, mas onde vão também «aprender a cozinhar», usando as técnicas e produtos locais.

«Em Itália ou em Espanha, o turismo gastronómico é um mercado gigante. Em Portugal ainda não. Não existem cookery lessons. Não se reconhece Portugal e o Algarve como um destino para este mercado. Mas a nossa experiência desde 2005 diz-nos que há esse mercado. E é aí que nós apostamos», acrescentou, por seu lado, Mariana.

As empreendedoras falaram ainda da sua parceria com a Algarve Traveltv, empresa que fornece conteúdos para os canais internos dos hotéis e que permite divulgar a oferta da Taste Algarve em 20 mil quartos em todo o Algarve.

Prova cega proposta pela Taste Algarve

Depois de propor uma prova cega de coentros, tomate, meloa e manjericão, fornecidos pelos produtores do projeto PROVE, que garante a qualidade dos produtos agrícolas locais, e por um hipermercado (obviamente os produtos da PROVE ganharam!), as jovens empresárias deixaram algumas recomendações para futuros empreendedores: «sejam criativos, sejam imaginativos, criem sinergias, discutam com outras pessoas as vossas ideias, não vejam nos vossos concorrentes apenas concorrentes mas parceiros».

No fim, após mais de três horas de partilha intensa de ideias, ficou a garantia de que dia 17 de setembro (não será a 16 porque é um domingo) haverá mais uma Beta Talk, provavelmente de novo no espaço de café-concerto do Teatro Municipal de Portimão.

Fique atento, inscreva-se e participe!

 
Fotos: etic_algarve: João Jesus e Rui Canelas

 

 

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