Câmara, universidades e empresas juntam-se para “Ativar Tavira”

Unir os esforços das universidades e das empresas com os da administração pública para criar uma estratégia de desenvolvimento económico […]

Unir os esforços das universidades e das empresas com os da administração pública para criar uma estratégia de desenvolvimento económico é hoje visto por muitos como fundamental. Um trinómio que esteve bem evidente na primeira sessão do ciclo de conferências «Ativar Tavira», que foi lançado na passada sexta-feira e pretende refletir sobre o desenvolvimento económico futuro deste concelho.

Os temas escolhidos para esta primeira sessão foram a transferência de tecnologia das universidades para as empresas e a inovação nas empresas.

Dois temas que enquadraram a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a Câmara de Tavira e o New Jersey Institute of Technology (NJIT), no âmbito da criação de uma incubadora de empresas de base tecnológica no Parque Empresarial de Tavira.

Na prática, isto significa que a iniciativa tavirense de promoção de novos negócios passa a contar com dois parceiros do setor académico. A Universidade do Algarve também se associa à iniciativa e o coordenador científico do projeto «Ativar Tavira» Carlos Vieira é a ponte natural com a universidade algarvia, onde é docente.

Do lado das universidades, a necessidade de ter um papel cada vez mais ativo na promoção do dinamismo económico das regiões que servem é algo que é visto como fundamental em ambos os lados do Atlântico. Mas sempre com a participação dos agentes económicos e com uma atitude proativa da parte dos poderes públicos.

O reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro foi um dos oradores convidados e deixou bem claro que o tempo da «massificação da formação superior», que marcou as primeiras décadas de existência da instituição, já passou e que hoje a entidade que dirige tem como principal papel «a produção e disseminação de conhecimento, bem como a qualificação da sociedade».

Ou seja, hoje já há quadros superiores formados e começa a ser cada vez mais necessário criar empresas inovadoras, que aproveitem o conhecimento produzido nas universidades e a existência destes profissionais.

Uma mudança de paradigma que inclui os poderes públicos. João Guerreiro lembrou que o próximo Quadro Comunitário de Apoio no Algarve será «radicalmente diferente dos anteriores», com os fundos destinados a infraestruturas a tornar-se marginais.

O enfoque passará a ser no desenvolvimento económico, através da dinamização das empresas e com incentivos à inovação. «Tavira, com este passo que dá, está a preparar-se para isso», considerou o reitor da UAlg.

 

Ideias semelhantes do lado de lá do Oceano Atlântico

 

Nos Estados Unidos da América não há QREN, mas a visão do papel das universidades neste campo é muito semelhante. A vice-reitora do NJIT Judith Sheft veio a Tavira falar, essencialmente, da incubadora de empresas pela qual é responsável, dentro do NJIT, mas aproveitou para falar no papel das universidades no contexto económico atual.

Judith Sheft também vê no trinómio academia/empresas/administração pública algo fundamental para potenciar o desenvolvimento económico. «Queremos que os empresários nos tragam os problemas deles», disse. Ao mesmo tempo, é preciso haver políticas públicas que fomentem a fixação e nascimento de empresas.

Mesmo da parte das universidades, o contributo pode ir muito além do conhecimento, pelo menos no que diz respeito às empresas que estão a arrancar, considerou Judith Sheft.

«As novas empresas enfrentam sempre grande desafios, nomeadamente ao nível do acesso a matéria-prima, conhecimento, recursos financeiros e humanos. As universidades incubadoras podem dar uma grande ajuda neste campo, reduzindo os riscos», considerou.

No caso da incubadora existente no NJIT, os empresários têm acesso não só a espaços para se instalarem, mas também a uma série de serviços especializados, como laboratórios e maquinaria diversa. Desta forma, evitam investimentos avultados numa fase precoce do negócio.

Também ao nível dos recursos humanos há vantagens em ser incubado no seio do NJIT. Segundo Judith Sheft, dentro da universidade há programas que fomentam as empresas e os alunos a colaborarem, com vantagens para ambos.

Ou seja, uma empresa que necessite, por exemplo, de um engenheiro, pode contar com os préstimos de um estudante que tenha as competências necessárias. O estudante auferirá bastante menos um técnico já formado, mas ainda assim recebe um vencimento, ganha experiência e enriquece o currículo.

Judith Sheft aproveitou para abrir a porta aos empresários portugueses que quiserem aventurar-se no mercado norte-americano. No NJIT há um programa de «soft landing», numa tradução livre «aterragem suave», em que empresas estrangeiras são recebidas e apoiadas na incubadora de empresas, de modo a que tenham uma entrada segura no mercado americano.

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