Motociclistas de todo o mundo já têm casa em Faro

Durante muitos anos foi apenas um sonho e, em tempos mais recentes, um dos principais desígnios da direção do Motoclube […]

Durante muitos anos foi apenas um sonho e, em tempos mais recentes, um dos principais desígnios da direção do Motoclube de Faro. A nova sede social da associação farense já foi inaugurada e está agora aberta ao público. Um edifício multifacetado, onde funcionarão um bar-sala de concertos, um albergue para motociclistas de passagem e um ginásio, entre outras valências.

Tudo começou há mais de dez anos num processo participativo, aberto a todos os sócios, que criaram um primeiro esboço de edifício, muito inspirado na arquitetura tradicional algarvia. A entrada em cena do arquiteto Miguel Caetano veio alterar em muito o projeto original e deu um toque moderno ao edifício, sem desvirtuar a ideia original dos sócios.

José Amaro, presidente do Motoclube de Faro,  e Miguel Caetano, arquiteto responsável pelo projeto final da obra, foram os convidados do  «Impressões», programa radiofónico dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM.

O Motoclube de Faro já tinha uma sede, situada na EN2, à saída de Faro, mas ganha aqui muito mais espaço e ganha novas valências. E claro, passa a ter uma casa que pode chamar sua. «Esta é uma casa construída de raiz, num terreno que nos foi cedido pela Câmara. É um terreno e uma casa que são nossas, embora estejamos a pagar um empréstimo, mas esperemos que dali saia um local de referência para o motociclismo. No fundo, é isto que nos interessa», revelou José Amaro.

Esta era «uma velha aspiração» dos sócios do Motoclube, nomeadamente dos seus fundadores, nos quais José Amaro se inclui, frisou o presidente da associação. Para aqui chegar, foi preciso investir um milhão de euros, cuja proveniência se dividiu entre capitais próprios do Motoclube de Faro e um empréstimo contraído junto da banca.

Muito do trabalho em obra foi feito por sócios e amigos do Motoclube. Também houve algum apoio de empresas, mas essencialmente com apoio logístico e em material de obra. «A Dyrup, por exemplo, ofereceu a pintura do edifício», frisou José Amaro.

 

Nova sede, valências alargadas

 

O Motoclube de Faro já mudou o que havia a mudar da velha para a nova sede, mas muito do material que quem visitar o espaço vai encontrar é novo. A recém-inaugurada casa da associação é bem mais ampla que a anterior e obrigou a algum investimento em mobiliário.

Além de um bar, que conta com um amplo espaço de estar e uma zona onde pode ser instalado um palco para concertos ao vivo, a nova sede do Motoclube tem garagens que os sócios podem arrendar, camaratas para acolher motociclistas de passagem por Faro, com áreas separadas para homens e mulheres e sanitários independentes, salas para a direção e de reuniões, uma biblioteca dedicada ao motociclismo e uma mezzanine ampla, no primeiro andar, aberta para o bar, situado no rés-do-chão, que serve como zona de estar.

A zona de bar, que conta com uma lareira, é ao mesmo tempo uma espécie de museu do Motoclube, onde se pode percorrer as memórias de mais de 30 anos de existência da coletividade. Fotografias, cartazes, troféus e até mesmo motas e motores decoram e enquadram a zona de convívio, pensada para parecer um saloon do velho Oeste norte-americano.

A lareira já mencionada deu o mote para aquele que promete ser o elemento arquitetónico mais marcante da sede do Motoclube de Faro. Na fachada do edifício, destacam-se dois elementos: o inevitável símbolo do motoclube e uma chaminé em aço, que remete para um gigante tubo de escape de moto. Um efeito que, prometeu o arquiteto Miguel Caetano, será potenciado no inverno, quando o fumo sair pelo topo.

 

Projeto de arquitetura foi sempre discutido com os sócios

 

Foi um caminho longo, muito discutido e que obrigou a mudanças constantes, para que o produto final fosse exatamente aquilo que o cliente pretendia. «Ainda na semana que passou deitámos paredes abaixo», confessou a rir, Miguel Caetano.

O arquiteto radicado em Faro pegou no projeto da nova sede do Motoclube numa altura em que este já estava aprovado para construção. Desde essa altura, até à passada semana, operou muitas modificações, a maioria das quais conceptuais, pois mudanças estruturais profundas obrigariam a recomeçar o projeto e a submetê-lo a novo pedido de licença de construção.

«Este projeto teve uma série de fases. Começou com os sócios, dentro de casa, com uma série de pessoas ligadas à construção e ao desenho. Estes começaram a apontar a um programa, o que entendiam como sede e quais os espaços que queriam, pois eles é que os iriam viver», revelou o arquiteto.

Miguel Caetano só se juntou ao projeto numa fase mais tardia, depois de o Motoclube já ter obtido licença para construir, com um projeto assinado por Vivaldo Luís. «Eu não vi todos os desenhos, mas sei que houve umas seis ou sete formas antes de chegar à final, que constavam no projeto», disse.

Confessando que, na altura era um «desconhecido do Motoclube», por não ser motociclista, apesar de gostar de motos, nem ser de Faro, mas o arquiteto foi ganhando a confiança da direção e dos sócios. O arquiteto começou «por alterar, timidamente algumas coisas», mas depressa mudou substancialmente o projeto que lhe chegou às mãos, quer no espaço exterior, quer no interior. «Cheguei a meter-me na própria parte de decoração», disse.

Apesar de os responsáveis pela associação lhe terem transmitido que queriam que a sede fosse «uma coisa moderna, mais atrevida», Miguel Caetano teve de conquistar os sócios com o seu trabalho e fazê-los compreender o seu conceito.

«Começámos a passar de desconhecidos a conhecidos e de conhecidos a amigos. E hoje tenho ali muitos amigos», revelou. «Aconteceram coisas engraçadas. Na primeira reunião que tive em obra, havia dois ou três elementos da direção que eu não conhecia. E no final, um deles disse-me: É pá, que pensava que tu eras um chato, mas afinal até és um gajo fixe», contou, a rir.

«Esta foi uma verdadeira obra aberta, pois desde o primeiro dia esteve sempre aberta aos sócios. Quem quisesse entrar e opinar, opinava. E isto é uma das coisas com que nós temos muita dificuldade em lidar, devido à quantidade de sócios e simpatizantes que o Motoclube tem. Nós temos de lidar com todas estas opiniões e isso pode enriquecer a obra, pois nós [arquitetos] não sabemos tudo», afirmou Miguel Caetano.

 

Veja mais fotos na Fotogaleria sobre a Nova sede do Motoclube de Faro

 

 

 

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