Mariana, Paulo e Francisco vão nadar 18 quilómetros entre as praias da Batata e do Carvoeiro

Mariana Moura Santos, Paulo Sousa e Francisco Maldonado Freitas vão realizar uma travessia a nado, de cerca de 18 quilómetros, […]

Mariana Moura Santos, Paulo Sousa e Francisco Maldonado Freitas vão realizar uma travessia a nado, de cerca de 18 quilómetros, entre as praias da Batata (Lagos) e do Carvoeiro (Lagoa), no próximo dia 25 de agosto.

Esta travessia servirá de preparação para a Dupla Travessia do Estreito Gibraltar que os dois nadadores de Portimão – Mariana e Paulo – querem concretizar em 2013.

A travessia entre as duas praias será também uma forma de chamar a atenção para as atividades da associação O2, da qual Paulo Sousa é diretor técnico.

A O2 foi criada há dois anos por um grupo muito heterogéneo de pessoas, em termos de idades e de profissões, englobando vários desportos e mesmo projetos culturais, «para trabalhar com pessoas que normalmente não fazem desporto», como as crianças muito novas, os adultos e os deficientes, segundo explicou Graça de Sousa, presidente da direção.

O objetivo principal, acrescenta ainda Graça de Sousa, «não era a competição». «Cada projeto e atividade deveria ser acessível a todos e depois, aqueles que tivessem condições, poderiam competir, nomeadamente nos campeonatos do INATEL e nas provas oficiais», disse.

Na natação adaptada, o primeiro atleta, treinado «a partir do zero», foi o Filipe Santos, um nadador portador de Síndrome de Down que nestes dois anos já se sagrou por diversas vezes campeão e bateu vários recordes nacionais. A ideia, conta Paulo Sousa, «era que o Filipe Santos fosse uma espécie de chamariz para outras crianças e jovens portadores de deficiência». As coisas até correram bem, mas, por razões burocráticas, a associação O2 foi impedida de trabalhar com deficientes.

 

Projetos e incompreensões

Ao ar livre, a associação desenvolveu as modalidades de natação em águas abertas (mar), a canoagem e o voo livre. O objetivo da O2 era também dinamizar a piscina municipal da Mexilhoeira Grande, abrindo-a a mais atividades, desde a natação para vários escalões e condições, ao body pump, pilates, fisioterapia. Mas diversas incompreensões têm impedido a O2 de usar as instalações municipais.

Da parte da Câmara de Portimão, que gere a Piscina da Mexilhoeira Grande, a associação só teve autorização para avançar com os masters, os nadadores veteranos, tendo-lhes sido atribuído o pior horário, entre as 20h20 e as 21h00. Mas mesmo assim, «numa época, conseguimos três pódios. Dois destes nadadores masters nunca antes tinham nadado em competição, mas numa época de treino chegaram ao pódio».

Os treinos de masters decorrem sob a direção de Paulo Sousa, que é licenciado em educação física e funcionário da Câmara. Mas, como não lhe permitiram que acumulasse as suas funções de técnico de desporto municipal com os treinos, Paulo acaba por treinar os masters da O2 como voluntário.

Graça de Sousa salienta que, havendo em Portimão três piscinas municipais, há «perfeitamente espaço para trabalharem no concelho duas associações», a O2 e a Portinado, que se dedica mais à competição, na natação e no polo aquático. Mas não tem sido esse o entendimento das entidades oficiais.

No topo dos projetos da associação O2, está a aposta em natação de masters. Este escalão destina-se a nadadores de mais de 25 anos, mas Paulo Sousa, pegando nas regras das provas do INATEL, queria até começar a trabalhar com pessoas a partir dos 14 anos. «Seria uma coisa muito engraçada: um miúdo de 14 anos a fazer equipa com um nadador de 80 anos».

Outra aposta continua a ser a canoagem, mas apenas na vertente mais lúdica, de passeios e aperfeiçoamento. Para isso, a O2 conta com a colaboração do professor Fortes, pioneiro da canoagem no Algarve, e de Mário Ferro, outro apaixonado pela modalidade.

«Além dos passeios, queríamos também fazer apoio social, dando a possibilidade às crianças de instituições como a Catraia ou outras, de praticar a modalidade, no âmbito do desporto escolar. Este projeto vai avançar, já há contactos feitos, mas precisamos de um patrocinador».

Na natação adaptada, Paulo Sousa garante que há crianças portadoras de deficiência interessadas, para mais tendo o excelente exemplo do Filipe Santos. Há ainda planos para a natação pura, mas isso depende da disponibilização de instalações.

 

O triatlo e a dupla travessia de Gibraltar

Outra aposta é no triatlo. Para isso, foi constituída a equipa O2/Malibu, que apoia o jovem triatleta portimonense Nuno Fernandes, que se anda a preparar para disputar, em agosto, em Salzburgo (Áustria), a prova de triatlo «Iron Man». Mas a ideia é, «tendo como referência o Nuno Fernandes, abrir o triatlo a toda a gente».

O triatlo, porque inclui corrida, bicicleta e natação, ainda está ligado à água, o domínio por excelência da associação O2. Mas a atividade de voo livre, na qual a O2 disponibiliza batismos de voo e escola, tem mais a ver com outro elemento, o ar. Ainda no sábado passado, na praia da Cordoama (Vila do Bispo), houve uma sessão de batismos de voo livre.

Voltando à água, a natação em águas abertas, em especial no mar, é outro projeto que a O2 tem vindo a desenvolver. Por isso, a O2 vai promover, a 18 de agosto, a Prova de Mar de Alvor, que este ano terá a particularidade de se destinar também a ajudar o Banco Alimentar contra a Fome do Algarve.

É também no projeto de natação de águas abertas que entronca a travessia de 18 quilómetros que os três nadadores – Mariana Santos, Paulo Sousa e Francisco Freitas – vão fazer no dia 25 de agosto, ligando as praias da Batata e do Carvoeiro. Estes 18 quilómetros são apenas um aperitivo para a Dupla Travessia do Estreito de Gibraltar que Mariana, Paulo e Francisco querem fazer em 2013.

Paulo Sousa já tinha previsto cumprir este ano a aventura de atravessar o Estreito de Gibraltar a nado, indo e voltando, entre a Europa e o Norte de África. Mas, apesar da campanha lançada, faltou-lhe o dinheiro suficiente para pagar as despesas de uma tal aventura. Por isso, com a ajuda da sua amiga Mariana Santos, uma jovem da Praia do Carvoeiro que trabalha em Londres, no próximo ano Paulo Sousa espera conseguir finalmente fazer essa arriscada dupla travessia.

«A O2 é uma associação recente, não quer roubar o lugar de ninguém, mas queremos fazer coisas diferentes. Por isso, tendo como referências atletas que já se distinguiram, como o Filipe Santos, na natação adaptada, o Nuno Fernandes, no triatlo, ou a dupla que vai fazer a travessia a nado, temos vindo a atrair gente de todas as idades, profissões, origens», comenta Graça de Sousa, presidente da associação.

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