Cineclube de Tavira explica cancelamento das Mostras de Cinema

O Cineclube de Tavira, que recentemente anunciou a sua intenção de cancelar as duas habituais Mostras de Cinema devido à […]

O Cineclube de Tavira, que recentemente anunciou a sua intenção de cancelar as duas habituais Mostras de Cinema devido à falta de resposta da Câmara local sobre os apoios, salienta que «o facto de o Município afirmar que foi notificado do cancelamento dos eventos pela comunicação social talvez resulte de uma falta de comunicação interna».

É que, explica o Cineclube numa «resposta aberta» a que o Sul Informação teve acesso, «o Município de Tavira foi informado oficialmente, claramente e frontalmente, do cancelamento das Mostras durante uma conversa por telefone com o diretor do Departamento Sócio-Cultural no final da manhã de 1 de Junho e “ao vivo” na primeira reunião que teve lugar em 11 de Junho às 15h15, na presença do vice-presidente/vereador de Cultura, do diretor do Departamento Sócio-Cultural, da chefe de Divisão de Cultura e do signatário [André Viane, presidente do Cineclube de Tavira]. Durante esta reunião também informei os presentes, claramente e frontalmente, da nossa intenção e do dever do Cineclube em informar o seu público e a imprensa sobre o cancelamento das Mostras e sobre a razão do mesmo. A primeira notícia na comunicação social (agência Lusa) foi publicada em 12 de Junho às 14h08».

Em declarações à Antena1, André Viane já tinha explicado que a falta de resposta atempada por parte da Câmara tinha inviabilizado a realização das Mostras, uma vez que, para as poder realizar, o Cineclube teria de ter marcado a tempo as cópias dos filmes necessárias. Atualmente há poucas cópias de filmes disponíveis e por isso a marcação tem que ser feita com antecedência, acrescentou.

Na base de toda a polémica que, nas últimas semanas, tem envolvido o Cineclube e a Câmara de Tavira, está o cancelamento da 13ª Mostra de Cinema Europeu e da 7ª Mostra de Cinema Não-Europeu, marcadas, respetivamente, para 13 a 22 de Julho e 3 a 12 de Agosto.

André Viane, presidente do Cineclube, esclarece ainda que, até dia 1 de junho, e apesar de «o projeto das Mostras, bem como o pedido de utilização do espaço e de apoio logístico, juntamente com o pedido de ajuda na angariação de patrocinadores», ter sido entregue, por via formal, na Câmara de Tavira em 13 de março, «não recebemos, por via nenhuma, garantia da cedência do espaço nem dos equipamentos necessários para a concretização das Mostras de Cinema».

O Cineclube afirma também que «o montante do apoio concedido às Mostras 2012 (…) é idêntico ao apoio concedido (e liquidado) ao 2º Festival Internacional de Tavira em 1993». Ora, salienta, «os tempos e os custos hoje em dia são algo diferentes, revelando-se o mencionado apoio completamente insuficiente e desatualizado».

André Viane recorda igualmente que o Cineclube até já tinha conseguido assegurar a manutenção do apoio por parte da Direção Regional de Cultura, cuja responsável lhe tinha garantido que, «apesar das regras de contenção existentes e da ausência de candidaturas, tencionava apoiar as Mostras de Cinema de Tavira com a mesma verba do ano anterior, valor que poderia ser pago até ao final do ano corrente. Este apoio está incluído nos 40% da verba necessária que afirmamos ter juntado nós próprios» para organizar as Mostras.

No seu esclarecimento, a Câmara de Tavira diz que, desde o início de 2011, apoiou o Cineclube de Tavira em cerca de 17 mil euros, «decorrentes de apoios concedidos e serviços prestados no valor global de 24 mil e 275 euros».

Mas o Cincelube explica, «ambos os montantes mencionados são incorretos e foram usados fora do contexto. Desde 1 de Janeiro 2011 até ao dia de hoje, o Cineclube recebeu da autarquia tavirense o total de 15.847,50 euros. Este montante refere ao protocolo celebrado com a autarquia em 2001 e cujos pagamentos unicamente são destinados a suportar os custos relacionados com a manutenção do emprego dos atuais quatro funcionários do Cine-teatro António Pinheiro (marcação de filmes e transporte dos mesmos; remunerações; subsídio de férias e de Natal)». O Cine-teatro é um edifício de propriedade municipal, que assegura sessões regulares de cinema, e que é mantido a funcionar pelo Cineclube, mediante protocolo com a autarquia.

A culminar este processo, André Viane diz ter ficado «bastante surpreendido por ter sido notificado, na manhã de sexta-feira, 15 de junho, que o edil tavirense [Jorge Botelho] ordenou a remoção da nossa “caixa postal” e antigo projetor 8mm do balcão de entrada da biblioteca tavirense. A caixa trazia a seguinte mensagem: Cineclube de Tavira – grato pelo seu apoio – grateful for your support».

 

Resposta aberta do Cineclube de Tavira:

Por conter uma série de declarações erróneas e com o intuito de informar o público de forma mais correcta e completa, pensamos que o “Esclarecimento público” (http://www.cm-tavira.pt/cmt/index.php?name=News&file=article&sid=2101), publicado no website do Município de Tavira na sexta-feira, 15 de Junho de 2012, merece uma resposta aberta.

 

1. Por este meio o Cineclube quer demonstrar a sua satisfação em aprender (através do referido “Esclarecimento público”) que a Autarquia considera “fundamental a viabilidade e existência do Cineclube de Tavira” e que continuará a apoiar as suas atividades.

É a primeira vez, no mandato do Executivo camarário atual, que fomos notificados por escrito sobre essa vontade.

 

2. O cancelamento das Mostras de Cinema 2012 resulta de uma decisão unilateral do Cineclube, não apenas do presidente da direção desta associação.

Achamos de maior importância mencionar que o Cineclube de Tavira sempre foi e é uma associação cultural sem fins lucrativos que se distancia totalmente de qualquer envolvimento político ou partidário.

O mesmo conta para o signatário, fundador e atual dirigente da associação.

 

3. O Município de Tavira foi informado oficialmente, claramente e frontalmente, do cancelamento das Mostras durante uma conversa por telefone com o Diretor do Departamento Socio-Cultural no final da manhã de 1 de Junho e “ao vivo” na primeira reunião que teve lugar em 11 de Junho às 15.15h, na presença do Vice-Presidente/Vereador de Cultura, o Diretor do Departamento Socio-Cultural, a Chefe de Divisão de Cultura e o signatário.

Durante esta reunião também informei os presentes, claramente e frontalmente, da nossa intenção e do dever do Cineclube em informar o seu público e a imprensa sobre o cancelamento das Mostras e sobre a razão do mesmo. A primeira notícia na comunicação social (agência Lusa) foi publicada em 12 de Junho às 14.08h (http://www.portocanal.pt/ler_noticia/19539/).

O facto de o Município afirmar que foi notificado do cancelamento dos eventos pela comunicação social talvez resulte de uma falta de comunicação interna.

 

4. Até à data da mencionada conversa por telefone (verbal), não recebemos, por via nenhuma, garantia da cedência do espaço nem dos equipamentos necessários para a concretização das Mostras de Cinema.

O projeto das Mostras, bem como o pedido de utilização do espaço e de apoio logístico, juntamente com o pedido de ajuda na angariação de patrocinadores foi entregue, por via formal, na Câmara de Tavira em 13 de Março 2012.

Considerando a escassez de tempo que nos restava para preparar as Mostras, solicitei uma reunião urgente com o Executivo camarário no dia 7 de Maio, por telefone, à sua secretária.

A pedido da mesma secretária, na manhã seguinte reforcei a solicitação por telefone ao Chefe de Gabinete, que me prometeu responder brevemente. No final da manhã do dia 10 do mesmo mês questionei-o por email se já existia marcação da reunião.

A meio da tarde do mesmo dia recebi resposta ao meu email, notificando-me que a agenda do Executivo se encontrava “muito apertada”.

Minutos depois respondi novamente: “visto a natureza do assunto e a sua urgência, preferia que a reunião tivesse lugar também com a presença do presidente”.

A partir daí houve “silêncio total”, até à referida conversa por telefone em 1 de Junho.

 

5. Foi uma surpresa total para o Cineclube ser informado, através da resposta do Presidente da Câmara no recente comunicado da agência Lusa, sobre o facto de ter sido recusada “a participação (da câmara) na angariação de patrocinadores”, afirmando que “é uma tarefa que compete exclusivamente à organização do evento”.

 

6. O montante do apoio concedido às Mostras 2012, mencionado pela autarquia no “Esclarecimento público” é idêntico ao apoio concedido (e liquidado) ao 2º Festival Internacional de Tavira 1993.

Os tempos e os custos hoje em dia são algo diferentes, revelando-se o mencionado apoio completamente insuficiente e desatualizado.

 

7. Pelo menos até ao final do mês de Abril as candidaturas ao apoio da Direcção Regional de Cultura do Algarve ainda não estavam abertas.

No entanto, durante uma conversa pessoal com a Delegada Regional desta Instituição durante uma ação de angariação de patrocínios promovido pelo Cineclube no dia 1 de Abril (não, não é mentira), a Delegada confirmou o seu apreço pelo nosso trabalho e pelas Mostras de Cinema, afirmando que, apesar das regras de contenção existentes e da ausência de candidaturas, tencionava apoiar as Mostras de Cinema de Tavira com a mesma verba do ano anterior, valor que poderia ser pago até ao final do ano corrente.

Este apoio está incluído nos 40% da verba necessária que afirmamos ter juntado nós próprios.

 

8. Ambos os montantes mencionados no penúltimo parágrafo do “Esclarecimento público” são incorretos e foram usados fora do contexto. Desde 1 de Janeiro 2011 até ao dia de hoje, o Cineclube recebeu da autarquia tavirense o total de 15.847,50€.

Este montante refere ao protocolo celebrado com a autarquia em 2001 e cujos pagamentos unicamente são destinados a suportar os custos relacionados com a manutenção do emprego dos atuais quatro funcionários do Cine-teatro António Pinheiro (marcação de filmes e transporte dos mesmos; remunerações; subsídio de férias e de Natal).

Recebemos os montantes mensais deste protocolo entre Janeiro 2011 e Abril 2012. Montante total: 14.720,00€. A diferença entre o primeiro e segundo montante (=1.127,50€) refere-se às facturas (Janeiro – Agosto 2011) emitidas pelo Cineclube ao Município para cobrir os custos de remuneração dos funcionários para espetáculos organizados ou apoiados pela autarquia no Cine-teatro e nada tendo a ver com exibição de cinema.

Apesar de o Cineclube ter pago as remunerações e a segurança social dos funcionários entre os meses de Setembro 2011 e Abril de 2012, continuamos a aguardar a liquidação das facturas emitidas ao Município e relacionadas com estes meses (1.044,00€), assim como do subsídio anual à nossa atividade regular em 2011 (2.000,00€), da verba de apoio às Mostras de Cinema 2011 (2.500,00€), e ainda o prometido pagamento do custo da limpeza dos Claustros do Convento do Carmo durante as Mostras 2011 (130,00€).

No entanto, todas as faturas relacionadas com as nossas atividades em 2011 e 2012 foram liquidadas pela nossa associação, o que explica a nossa precária situação financeira.

 

9. O “Esclarecimento público” menciona “várias reuniões e contactos com os dirigentes do Cineclube de Tavira”.

No mandato de quase três anos do Executivo ctual realizaram-se uma (1) reunião com o próprio Presidente e o Vice-Presidente, e mais quatro (4) apenas na presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal.

Os vários outros pedidos de reunião ficaram sem resposta.

 

10. Além do exposto, fiquei bastante surpreendido por ter sido notificado, na manhã de sexta-feira 15 de Junho, que o edil tavirense ordenou a remoção da nossa “caixa postal” e antigo projetor 8mm do balcão de entrada da biblioteca tavirense. A caixa trazia a seguinte mensagem: CINECLUBE DE TAVIRA – grato pelo seu apoio – grateful for your support.

Espero que a presente comunicação cumpra o seu objetivo explicativo e esclarecedor. Apenas me resta pedir desculpa pela sua extensão e agradecer a paciência do leitor…

Em nome do Cineclube de Tavira,

André Viane

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