Bonaparte, Luís Miguel Cintra, Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Duque de Medina-Sidonia invadem Beja

A «Ode a Napoleão Bonaparte Op. 41», de A. Schoenberg, com interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e direção musical de […]

A «Ode a Napoleão Bonaparte Op. 41», de A. Schoenberg, com interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e direção musical de João Paulo Santos e ainda a voz recitante do ator e encenador Luís Miguel Cintra, é a proposta que o Festival Terras Sem Sombra leva ao Castelo de Beja, no dia 9 de junho, às 21h30.

O concerto, em co-produção com o Teatro Nacional de São Carlos, conta ainda com o apoio da Embaixada de Espanha e do Município de Beja.

O cenário da Igreja de Santiago Maior foi o local escolhido para o quinto concerto inserido no maior festival de música sacra, promovido pela Diocese de Beja, e que vai já na sua 8ª edição.

Precedida pela interpretação que Arnold Schoenberg fez da Ode que Byron dedicou a Napoleão, em 1814 – após a abdicação do imperador –, será ainda ouvida a obra de Tomás de Iriarte, Guzmán el Bueno para voz recitante e orquestra.

 

Uma estreia nacional

Fundador da casa ducal de Medina Sidonia, a mais antiga e mais importante de Espanha, Alonso Pérez de Guzmán, dito Guzmán, el Bueno (1256-1309), evidenciou-se como guerreiro durante a “Reconquista” e, posteriormente, foi transformado num dos heróis da história espanhola.

Em 1791, pouco antes de falecer, o escritor e músico espanhol Tomás de Iriarte escolheu esta figura como protagonista do seu melólogo do mesmo título, anunciando já o Romantismo.

Apesar de ocupar lugar destacado no teatro lírico europeu, o drama nunca foi representado (ou sequer traduzido) em Portugal, pelo que será o castelo de Beja – um cenário à altura das circunstâncias e dotado de excelente acústica – a acolhê-lo pela primeira vez no país.

O Festival Terras sem Sombra promoveu a sua publicação em livro, que será lançado por ocasião do espetáculo.

Estarão presentes, na ocasião, o atual duque de Medina Sidonia, D. Leoncio Gonzalez de Gregorio y Álvarez de Toledo, e o conde de Ripalda, D. Amalio de Marichalar.

 

Um elenco de relevo

Tendo recebido em 1998 o grau de Grande-Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, o percurso de Luís Miguel Cintra espelha o virtuosismo do ator na cena literária e artística.

Distinguido em 2012 com o prémio de Melhor Ator de Teatro pela Sociedade Portuguesa de Autores, Luís Miguel Cintra é um dos mais destacados atores nacionais, possuindo um currículo profissional de dimensão europeia.

Nasceu em Madrid em 1949 e iniciou a carreira no Grupo de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e frequentou a Bristol Old Vic Theatre School. Em 1973 fundou, em Lisboa, com Jorge Silva Melo, o Teatro da Cornucópia, que desde então dirige – agora com Cristina Reis – e onde tem encenado e representado textos de todo o repertório teatral. Possui também vasta experiência na encenação de ópera.

O maestro João Paulo Santos (1959) concluiu o curso superior de Piano no Conservatório Nacional e, na qualidade de bolseiro da Fundação Gulbenkian, aperfeiçoou a prática artística, em Paris, com Aldo Ciccolini.

A sua carreira atravessa os últimos 34 anos da biografia do Teatro Nacional de São Carlos, onde tem prestado serviços muito relevantes à cena artística portuguesa. Desempenha atualmente as funções de Diretor de Estudos Musicais e Diretor Musical de Cena.

Estreou-se na direção musical, em 1990, com a ópera The Bear (William Walton), encenada por Luís Miguel Cintra para a RTP.

Estabelecida em 1993, a Orquestra Sinfónica Portuguesa é um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos e desenvolve atividade sinfónica própria, incluindo uma programação regular de concertos e participações em festivais, tanto nacionais como internacionais.

No âmbito das temporadas líricas e sinfónicas, tem-se apresentado sob a direção de notáveis maestros, como Rafael Frühbeck de Burgos, Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda, Harry Christophers, George Pehlivanian, Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch.

 

Festival promove salvaguarda das abetardas na Herdade da Apariça

No dia seguinte, em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (Parque Natural do Vale do Guadiana), a Câmara Municipal de Beja e a Companhia Agrícola da Apariça, os músicos e a comunidade local, irão deslocar-se à Herdade da Apariça (em São Matias, Beja), localizada em plena Zona de Proteção Especial de Cuba.

Ao longo de um percurso destinado a fomentar a observação de aves estepárias, como as abetardas, uma das espécies mais emblemáticas do Alentejo, irão realizar-se diversas ações de gestão dirigida, como a sinalização de cercas para as aves estepárias, a construção de uma passagem para abetardas e a colocação de caixas-ninho.

É uma forma prática de mostrar a compatibilização das atividades agrícolas com a conservação da natureza. A produção de azeite, outra atividade da Companhia Agrícola da Apariça, permite analisar o seu impacto nos recursos biodiversos.

É pela conciliação da música, património arquitetónico e ambiente que o Festival Terras Sem Sombra se tem assumido como força preponderante para a projecção e valorização da região do Baixo Alentejo.

Comentários

pub