Algardata apostou em parcerias para entrar no mercado espanhol e brasileiro

Tudo começou numa pequena loja em Quarteira com um homem com olho para as novas tecnologias. Hoje, a Algardata, empresa […]

Tudo começou numa pequena loja em Quarteira com um homem com olho para as novas tecnologias. Hoje, a Algardata, empresa fundada por Cláudio Correia, tem delegações em três continentes e representantes em diversos países. Em tempos de crise, a empresa algarvia continua a investir na expansão e “invadiu”, recentemente, os mercados espanhol e brasileiro.

Em ambos os casos, o modelo adotado foi a criação de joint ventures com empresas locais. Uma forma de entrar com maior segurança em mercados onde a penetração de produtos estrangeiros nem sempre é fácil, dada a muita oferta local.

Em Espanha, a Algardata criou uma parceria com a empresa Isotrol, a maior empresa de informática da Andaluzia, para exportação do seu software dedicado à indústria hoteleira. Esta consistiu na criação de uma nova empresa, a Techtur, que é detida em partes iguais pelos dois parceiros.

«A Isotrol é uma empresa voltada para projetos de grande dimensão, do setor público e privado. Ou seja, voltada para grandes negócios. Dada a nossa grande experiência no setor turístico, decidimos que fazia sentido criar, em conjunto, uma área de negócio específica no setor turístico virada não tanto para os grandes negócios, mas para aqueles de médio e pequeno porte», revelou ao Sul Informação o diretor comercial da Algardata João Paulo Correia.

A Techtur foi criada em 2012 e tem uma equipa própria, criada especificamente para este negócio, uma vez que a própria Isotrol «teve de passar por um processo de aprendizagem», por estar mais habituada a trabalhar com um segmento mais alto.

«Esta empresa comercializa soluções informáticas para a área turística em todo o mercado espanhol, com especial enfoque na Andaluzia, que tem quase o tamanho de Portugal», disse.

No Brasil o processo foi semelhante, mas com a empresa Oversystem, que tem representações em quase todos os Estados do Brasil». Também aqui se criou «um setor turístico no portfólio de negócios» da Oversystem.

«Esta empresa é especializada em comercializar software de gestão e viram que tinham muitos clientes que já usavam o seu software, mas precisavam de algo mais, nomeadamente na parte de frontoffice. Assim, eles passaram a representar o nosso grupo no Brasil», explicou.

 

Entrada na rede PME Inovação da Cotec ajudou à expansão

 

A Algardata é membro da restrita rede PME Inovação da Cotec desde 2010 e João Paulo Correia não esconde que esta distinção foi muito útil no processo de internacionalização. A Cotec é uma associação internacional composta por grandes grupos económicos e proporciona aos seus parceiros uma rede de contactos muito útil.

A «partilha de conhecimentos e experiências» com membros da rede da mesma área e do Algarve e «o networking que possibilita» são outros dos pontos que, na visão de João Paulo Correia tornam esta rede «muito interessante».

«No âmbito da rede, já surgiu uma oportunidade de negócio, em parceria com a Itelmatis, uma empresa algarvia que faz inovação na área de sistemas automáticos de rega», ilustrou.

 

Internacionalização em marcha desde 2008

 

A Algardata começou a apostar forte em mercados emergentes há cerca de quatro anos, numa altura em que a crise estava já a instalar-se no mundo ocidental. «Na altura, iniciámos o processo em Buenos Aires e, em simultâneo, em Luanda», revelou João Correia.

Na Argentina, as coisas decorreram de forma natural, uma vez que a empresa «já tinha um espaço em Buenos Aires». «O que fizemos foi começar uma área de negócio, contratámos pessoas, criámos as equipas e os modelos. Ali trabalhamos a parte de suporte técnico», disse.

A expansão para Angola assentou numa lógica diferente, já que a Algardata já tinha «uma operação de venda indireta, através de parceiros, desde 2004» neste país africano. «Neste caso, entendemos que, pelo crescimento que Angola estava a ter na altura, devíamos criar uma operação local», contou.

Em 2008 foi então criado um escritório em Luanda, mas a evolução que houve desde então já está a obrigar a empresa algarvia a mudar-se «para umas instalações maiores». Em Angola, o negócio da Algardata passa, essencialmente, pela venda de software, um «produto intangível», já que material físico «era mais complicado de colocar lá na altura e ainda hoje é».

O processo de internacionalização está a dar frutos e a faturação das empresas off-shore já tiveram «um peso na casa dos 20 por cento na faturação total do grupo em 2010 e 2011», o que é «algo considerável». Perto de metade desta faturação fora de portas foi conseguida no mercado angolano.

 

Contratar localmente, para obter melhores resultados

 

Apesar de ser uma empresa portuguesa e orgulhosamente algarvia, a Algardata segue uma política de contratação local onde quer que se instale. Uma forma de obter melhores resultados, pois «quem é dos sítios é que melhor conhece e melhor se move nos mercados».

Apesar de, em casos específicos, enviar quadros de Portugal (em Angola, o escritório local foi instalado e é dirigido por um dos sócios da Algardata), a opção, sempre que possível, é por recrutar técnicos naturais do país em causa. Em alguns casos, como aconteceu em Angola, estes técnicos passam uma temporada em Portugal, para obter formação.

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